Novena a São Josemaria Escrivá de Balaguer

Novena a São Josemaria Escrivá de Balaguer, composta por D. Juan Larrea Holguín.

Novena a São Josemaría Escrivá de Balaguer (18-26 de junho)
Novena a São Josemaria Escrivá de Balaguer, composta por D. Juan Larrea Holguín

Novena a São Josemaria Escrivá de Balaguer, composta por D. Juan Larrea Holguín.

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Primeiro dia. A santificação do trabalho
Segundo dia. Santificação do lar e da família
Terceiro dia. Santificação do mundo
Quarto dia. O nosso fundamento: somos filhos de Deus
Quinto dia. A unidade de vida
Sexto dia. Progredir nas virtudes
Sétimo dia. Ensinar a doutrina cristã
Oitavo dia. Meios para ser fiéis
Nono dia. Cristo, Maria e a Igreja


Oração para todos os dias

Ó Deus, que por mediação da Santíssima Virgem concedestes inúmeras graças a São Josemaria, sacerdote, escolhendo-o como instrumento fidelíssimo para fundar o Opus Dei, caminho de santificação no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres quotidianas do cristão, fazei com que eu também saiba converter todos os momentos e circunstâncias da minha vida em ocasião de Vos amar, e de servir, com alegria e simplicidade, a Igreja, o Romano Pontífice e as almas, iluminando os caminhos da terra com a luz da fé e do amor.

Concedei-me por intercessão de São Josemaria o favor que Vos peço (peça-se). Amen.

Pai nosso, Ave Maria, Glória.


Primeiro dia. A santificação do trabalho

São Josemaria ensinou incessantemente, com o exemplo de toda a sua vida e com a sua palavra, que o grande caminho de santificação para homens e mulheres consiste em realizar o seu trabalho imitando Jesus Cristo.

O espírito do Opus Dei apoia-se, como numa dobradiça, ou num eixo fulcral, na santificação do trabalho. Ensinava o Santo que se deve “santificar o trabalho, santificar-se pelo trabalho e santificar com o trabalho”.

Desejava ardentemente que todos os cristãos imitassem Jesus Cristo, que levou uma vida de trabalho. Primeiro nos anos de Nazaré, na oficina artesanal de José, e mais tarde, na tarefa infatigável de anunciar o Evangelho na sua vida pública até ao alto da Cruz, onde entregou o Seu espírito, depois de ter cumprido plenamente o que o Pai O encarregara de realizar.

São Josemaria apreciava e fazia apreciar o trabalho como uma grande bênção de Deus, como o mandamento que, recebido pelo homem já no Paraíso, haveria de o levar à sua perfeição, à sua felicidade temporal e eterna.

O trabalho, santificado plenamente por Jesus, continua a ser para todos um grande instrumento de santificação. Nele realizamos a nossa própria vocação, cumprimos a vontade de Deus e temos a oportunidade de praticar todas as virtudes, desenvolver talentos diversos e servir os irmãos.

Textos de São Josemaria

O que sempre ensinei – desde há quarenta anos – é que todo o trabalho humano honesto, tanto intelectual como manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e em serviço dos homens). Porque, feito assim, esse trabalho humano, por humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais – a manifestação da sua dimensão divina– e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça, santifica-se e converte-se em obra de Deus...

(Entrevistas a São Josemaria, n. 10)

Oração

Concedei-nos, Senhor, por intercessão de São Josemaria, que possamos realizar o nosso trabalho segundo o espírito de Jesus Cristo, santificar-nos com ele e servir de instrumento para que outros se santifiquem, cumprindo em tudo a Vossa santa vontade, com a maior perfeição e com a ajuda da Vossa graça. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amen.

Jaculatória

Coração Sacratíssimo e Misericordioso de Jesus, dai-nos a paz!


Segundo dia. Santificação do lar e da família

O apostolado e os ensinamentos de São Josemaria dirigiram-se, constantemente, a melhorar a situação das famílias para que fossem vivificadas pelo espírito de Jesus Cristo e fossem desse modo, como costumava dizer, “lares luminosos e alegres”.

Da mesma maneira que considerava a santificação do trabalho como um dever primário, apreciava também o cumprimento dos deveres familiares como meio da máxima importância para a união com Deus.

Como, em grande parte, a vontade de Deus se manifesta através das obrigações profissionais e familiares, ao cumprir os deveres do trabalho e da família estamos a cumprir a nossa vocação de homens ou mulheres que vivem no meio do mundo.

Pelo menos desde 1928 que São Josemaria pregava que o matrimónio, para muitos, constitui uma vocação específica. E que, para eles, é um caminho real de santidade. Esses ensinamentos, que pertencem ao património doutrinal perene da Igreja e que foram relembrados, muitos anos depois, pelo Concílio Ecuménico Vaticano II, deram, no entanto, origem a incompreensões, acusações, e até mesmo a uma dolorosa perseguição; mas, o Santo sacerdote afirmou sempre, com absoluta convicção, que não é preciso sair do seu lugar para alcançar a santidade, mas que, pelo contrário, se deve perseverar no cumprimento dos próprios deveres, começando pelos familiares.

Sofria muito ao constatar os ataques à família, à santidade, à unidade e indissolubilidade do matrimónio e com as campanhas contra a vida e a dignidade do amor humano e instava os seus filhos, e muitas mais pessoas, a reparar esses pecados e a contrabalançaresses males, procurando “afogar o mal em abundância de bem”.

Textos de São Josemaria

Comove-me que o Apóstolo qualifique o matrimónio cristão como “sacramentum Magnum”, sacramento grande. Também daqui deduzo que o trabalho dos pais de família é importantíssimo.

– Participais do poder criador de Deus e, por isso, o amor humano é santo, nobre e bom: uma alegria do coração à qual Nosso Senhor, na Sua providência amorosa, quer que outros livremente renunciemos.

Cada filho que Deus vos concede é uma grande bênção divina. Não tenhais medo aos filhos!

(Forja, n. 691)

Oração

Damos-Vos graças, Senhor, porque santificastes a vida familiar, ao nascer e viver no seio da Sagrada Família e porque nos destes, aos cristãos, o sacramento do matrimónio como caminho real de santidade e fonte de graças e felicidade. Fazei com que saibamos corresponder a tão elevados dons e guardar com fidelidade o tesouro do amor humano. Assim seja.

Jaculatória

Jesus, José e Maria, protegei as nossas famílias.


Terceiro dia. Santificação do mundo

Nosso Senhor Jesus Cristo disse que os seus seguidores deviam ser “luz do mundo” e “sal da terra”, ao expressar, com essas comparações, a atitude dinâmica e ativa própria dos seus discípulos. Cabe-nos a nós, de facto, levar a verdade do Evangelho a todas as gentes e, com ela, dar forma às realidades temporais.

Os primeiros cristãos cumpriram admiravelmente essa missão confiada pelo Senhor, e conseguiram, com a fé, vivificar um mundo pagão, iluminando a cultura, as estruturas sociais, políticas, económicas, artísticas, profissionais, etc.

Essa tarefa de reordenar o mundo a partir de dentro, sendo fermento da massa, sal que dá sabor à cultura, luz que ilumina as mais diversas situações dos homens, cabe-nos agora a nós. E São Josemaria empenhou toda a sua vida a inculcar-nos esse sentido de elevada responsabilidade. Nós, cristãos, temos de continuar a obra salvadora de Jesus Cristo, transformando o mundo em que vivemos, a partir da conversão autêntica dos nossos corações.

Se cada homem atuar como filho de Deus, como imitador de Jesus Cristo, poderá influenciar de forma eficiente e transformar os ambientes mais paganizados em ambientes plenamente humanos e cristãos, onde reinam a justiça, a caridade, a paz e, em última análise, a felicidade que Deus quer para os Seus filhos. Se cada um atuar com plena liberdade e responsabilidade, todos conduzidos pelos grandes ideais e princípios cristãos, seremos os construtores do Reino dos Céus neste mundo, contando sempre com o nosso Deus Pai, que confere eficácia às obras dos homens. Ao comportarmo-nos assim, com plena responsabilidade e liberdade pessoais, não comprometeremos a Igreja; pelo contrário, cada um de nós comprometer-se-á e santificar-se-á, com a graça de Deus, sem sairmos do nosso sítio no mundo, como sal e como luz.

Textos de São Josemaria

Sonho – e o sonho já se tornou realidade – com multidões de filhos de Deus santificando-se na sua vida de cidadãos correntes, compartilhando ideais, anseios e esforços com outras pessoas. Preciso de lhes gritar essa verdade divina: se permaneceis no meio do mundo, não é porque Deus se tenha esquecido de vós; não é porque o Senhor não vos tenha chamado; convidou-vos a permanecer nas atividades e nas ansiedades da Terra porque vos fez saber que a vossa vocação humana, a vossa profissão, as vossas qualidades, não só não são alheias aos Seus desígnios divinos, mas que Ele as santificou, como oferenda gratíssima ao Pai!

(Cristo que passa, n. 20)

Oração

Concedei-nos, Senhor, ser Vossas testemunhas no mundo; que, imitando a Vossa vida santíssima, nos esforcemos por encher com a Vossa luz e a Vossa verdade todos os ambientes, assumindo cada um de nós a sua própria responsabilidade, e agindo com a liberdade e a glória dos filhos de Deus. Assim seja!

Jaculatória

«Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu».
(Mt 6, 10)


Quarto dia. O nosso fundamento: somos filhos de Deus

A consideração de que somos filhos adotivos de Deus foi, para São Josemaria, o fundamento da sua vida interior e de quanto ensinou àqueles que dele se aproximaram.

Efetivamente, a Providência incutiu nele a profunda convicção de que Deus é nosso Pai. Teve, por mais de uma vez, a experiência espiritual dessa verdade como a mais real e influente na sua forma de sentir, pensar e agir. Por outro lado, correspondeu a essas graças excecionais com o empenho constante, ao longo de toda a vida, em cultivar esse sentido da filiação divina.

Soube recorrer a pequenas “indústrias humanas” ou lembretes para regressar, uma e outra, à contemplação da verdade sublime e fascinante: Sou filho de Deus! De igual modo, insistia com aqueles cujas almas conduzia que é preciso procurar permanecer em diálogo contínuo com o Senhor, com a confiança de um filho que age constantemente sob o olhar amoroso do seu Deus Pai.

Da consideração da sua filiação adotiva em Cristo, resultava uma alegria serena, mesmo no meio das suas provações e sofrimentos, uma determinação muito firme em cumprir a vontade do nosso Deus Pai, um amor terno e forte que o levava a imitar Jesus Cristo sem medida, e a um zelo incomparável pela glória do Pai.

Textos de São Josemaria

É preciso convencermo-nos de que Deus está junto de nós continuamente. –Vivemos como se o Senhor estivesse lá longe, onde brilham as estrelas, e não consideramos que também está sempre ao nosso lado.

E está como um pai amoroso – quer mais a cada um de nós do que todas as mães do mundo podem querer a seus filhos–, ajudando-nos, inspirando-nos, abençoando... e perdoando.

Quantas vezes fizemos desanuviar a fronte dos nossos pais, dizendo-lhes, depois de uma travessura: não torno a fazer mais! Talvez naquele mesmo dia tenhamos tornado a cair… – E o nosso pai, com fingida dureza na voz, de cara séria, repreende-nos…, ao mesmo tempo que se enternece o seu coração, conhecedor da nossa fraqueza, pensando: pobre rapaz, que esforços faz para se portar bem!

É necessário que nos embebamos, que nos saturemos de que é Pai e muito Pai nosso, o Senhor que está junto de nós e nos Céus.

(Caminho, n. 267)

Oração

Senhor, que nos ensinastes a chamar-Vos “Pai” e quisestes que fôssemos Teus filhos, concedei-nos, por intercessão de São Josemaria, que cultivemos o sentido da nossa filiação divina e que nos comportemos como filhos fiéis. Amen.

Jaculatória

«Senhor, que eu seja bom, e todos os outros, melhores do que eu».
(Caminho, n. 284)


Quinto dia. A unidade de vida

A convicção perenemente atualizada da filiação divina deve conduzir-nos a levar uma unidade de vida simples e forte. E, como criaturas amadas pelo nosso Deus Pai, temos de nos comportar em todo o momento com a fidelidade dos bons filhos.

São Josemaria pregava continuamente, com obras e palavras, que o cristão, sendo filho de Deus, em momento algum pode agir como se não o fosse. Considerava que o grande mal do mundo contemporâneo consiste na rutura entre a fé e a vida, e convidava, com otimismo, a reconstruir essa unidade verdadeiramente salvadora. O ideal que propunha consistia em elevar, com a graça de Deus, todas as nossas ações ao plano sobrenatural, convertendo-as, desse modo, em instrumentos de santificação e de apostolado. A vida familiar, o cumprimento dos deveres profissionais, cívicos, patrióticos, sociais, etc., são para um cristão o meio privilegiado de fazer a vontade de Deus e, portanto, de se santificar e de servir o Senhor e o próximo.

Além disso, para São Josemaria, as mais diversas ocupações podiam e deviam converter-se em ocasiões para rezar, de se encontrar com Deus, de O adorar, de O servir e de O amar. «Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração» (Caminho, n. 335), dizia, referindo-se à ocupação normal de um estudante que é estudar. E, do mesmo modo, as tarefas domésticas, o trabalho de um camponês, de um intelectual ou de qualquer outra pessoa, dirigidos, com retidão de intenção, ao serviço de Deus, convertem-se em meios magníficos de união com Ele.

Essa unidade de vida, ensinada assiduamente por São Josemaria, faz também com que as pessoas sejam profundamente sinceras. Nada há nelas de mera aparência, todo o seu comportamento responde a convicções profundas, atualizadas a cada momento.

Textos de São Josemaria

Procuremos, portanto, nunca perder o ponto de mira sobrenatural, vendo Deus por detrás de cada acontecimento: seja ele agradável ou desagradável, quer nos cause satisfação… ou desconsolo pela morte de um ser querido. Antes de mais, a conversa com o nosso Pai Deus, procurando o Senhor no centro da nossa alma. Não é coisa que se possa considerar como uma miudeza, de pouca monta: é uma manifestação clara de vida interior constante, de um autêntico diálogo de amor. Será uma prática que não nos produzirá nenhuma deformação psicológica, porque – para um cristão – deve ser tão natural como o bater do coração.

(Amigos de Deus, n. 247)

Oração

Senhor, concedei-nos agir como a Vossa bendita Mãe, conservando sempre no nosso coração, com amor e atenção, as Vossas palavras e os acontecimentos da Vossa vida, para com eles iluminar a nossa existência de filhos que querem, por amor, ser fiéis no pequeno e no grande. Amen.

Jaculatória

Coração dulcíssimo de Maria, prepara-nos um caminho seguro.


Sexto dia. Progredir nas virtudes

Para sermos consequentes com a nossa condição de filhos de Deus e vivermos a unidade de vida que nos corresponde, temos de procurar praticar todas as virtudes, tanto as meramente naturais (como a ordem, a disciplina, a lealdade, a diligência, a veracidade), como as sobrenaturais, sendo a mais exaltada, entre elas, a caridade. Aperfeiçoa todas as outras e constitui-se como a alma da santidade. Nosso Senhor sintetizou no amor a Deus e ao próximo, “toda a Lei e os Profetas”; e, na Última Ceia, apontou a caridade como distintivo dos Seus discípulos.

São Josemaria deu sempre ênfase à caridade, considerando que, de nada servem a justiça, a castidade, ou qualquer outra virtude, se não estiverem impregnadas de caridade. Por isso, a primeira coisa e a mais importante que devemos pedir a Deus é saber amá-l’O acima de todas as coisas, e ao próximo – por amor a Ele –, como a nós mesmos.

Ensinou-nos que a caridade deve ser universal, sem excluir ninguém, sem distinções ou preconceitos. O cristão deve amar os pobres e os ricos, os que estão perto e os que estão longe, os crentes e os não-crentes. Num seguidor de Jesus Cristo não há espaço para qualquer ressentimento, ódio, desejo de vingança, ou para qualquer outra atitude contrária à caridade. “Não somos anti-nada”, dizia São Josemaria; e dava graças a Deus por não precisar de perdoar, já que Deus lhe tinha ensinado a amar todos.

Por outro lado, a caridade bem orientada começa pelos mais próximos, com quem, precisamente, pode ser mais difícil pôr em prática pormenores de compreensão, de delicadeza, de tolerância, de serviço, de presença ativa e consoladora em momentos difíceis. É aí que se deve mostrar a caridade com obras, nos milhentos pormenores de cada dia.

Textos de São Josemaria

Por muito que ames, nunca amarás o suficiente. O coração humano tem um enorme coeficiente de dilatação: quando ama, amplia-se num crescendo de afeto que supera todas as barreiras.

Se amares o Senhor, não haverá nenhuma criatura que não tenha lugar no teu coração.

(Via-Sacra, VIII estação, n. 5)

Oração

Por intercessão de São Josemaria, suplicamos-Vos, Senhor, ter um coração grande e generoso para amar, “com obras e de verdade”, o próximo, fazendo todos os possíveis para que seja feliz, até conseguir, com todos os nossos irmãos, o gozo imenso de Vos contemplar e de Vos amar perfeitissimamente no Céu, em companhia da Virgem Santíssima e de todos os anjos e santos. Amen.

Jaculatória

Jesus, fazei o meu coração semelhante ao Vosso.


Sétimo dia. Ensinar a doutrina cristã

Para conseguir que todos os homens se salvem – como o quer Deus e devemos desejar nós –, é preciso fazer resplandecer a doutrina de Jesus Cristo, ensinando-a com o exemplo da própria vida e com a palavra falada ou escrita.

Um cristão é portador de Jesus Cristo. E, tal como o próprio divino Redentor veio trazer o fogo à Terra e quer que ela arda, é preciso fomentar em nós o desejo fervoroso e eficaz de propagar a verdade revelada.

São Josemaria considerava que a maior parte dos males do mundo provém da ignorância; sobretudo da ignorância religiosa. Efetivamente, muitos não cometem pecados por maldade, mas por desvio ou erro. Em suma, por desconhecimento da verdade que é Jesus Cristo.

A maior obra de misericórdia será, muitas vezes, a de ensinar as verdades que salvam. São Josemaria dizia que a Obra de Deus “é uma grande catequese”, e não se cansava de insistir na necessidade de recorrer a todos os meios legais para fazer chegar aos homens as verdades do Evangelho: “de cem, interessam-nos cem”, costumava dizer, e encorajava sempre a que não se contentassem com nenhum fruto apostólico conseguido, mas que aspirassem cada vez mais à verdade nesse serviço à verdade e à salvação das almas.

Ao cumprir esse dever de ensinar as verdades da nossa santa Fé, estamos a cumprir um mandato imperativo de Cristo. Por ser cristãos, temos a missão, belíssima e necessária, de ser “luz do mundo”. Cada um deve examinar-se e ver de que forma está a cumprir esse dever transcendental.

Textos de São Josemaria

Piedosos, portanto, como meninos, mas não ignorantes, porque cada um há de esforçar-se, na medida das suas possibilidades, pelo estudo sério e científico da fé. E o que é isto, senão teologia? Piedade de meninos, sim, mas doutrina segura de teólogos.

O afã por adquirir esta ciência teológica –a boa e firme doutrina cristã–deve-se, em primeiro lugar, ao desejo de conhecer e amar a Deus. Simultaneamente é consequência da preocupação geral da alma fiel por alcançar a mais profunda compreensão deste mundo, que é uma realização do Criador. Com periódica monotonia, há pessoas que procuram ressuscitar uma suposta incompatibilidade entre a fé e a ciência, entre a inteligência humana e a Revelação divina. Tal incompatibilidade só pode surgir, e só na aparência, quando não se entendem os termos reais do problema.

(Cristo que passa, n. 10)

Oração

Damos-Vos graças, Senhor, porque trouxestes ao mundo a plenitude da graça e da verdade, e quereis que sejamos nós a levar as verdades da salvação aos irmãos. Ajudai-nos a cumprir a feliz missão de ser luz do mundo. Amen.

Jaculatória

«Senhor, que eu veja!»
(Mc 10, 51)


Oitavo dia. Meios para ser fiéis

Podemos viver com fidelidade, no meio do mundo, a nossa vida de filhos de Deus, se empregarmos os meios: uma formação contínua para melhorar o conhecimento e a prática da doutrina de Jesus Cristo; a piedade que alimenta a vida espiritual; e a ação apostólica que tende a melhorar a vida dos outros. E tudo isso, em perfeita unidade, através do cumprimento dos deveres do próprio estado.

Desta maneira, é atualizada a vocação para a santidade que recebemos pelo Batismo, quando o Senhor nos “transladou da morte para a vida”, segundo ensina São João, e onde nos “revestimos de Nosso Senhor Jesus Cristo”, na expressão de São Paulo. São Josemaria não se cansou de inculcar essas verdades práticas: com boa doutrina e com piedade, podemos ser apóstolos do Senhor no mundo, santificar-nos e santificar a muitos, como fermento na massa.

A vida de piedade não nos afasta das realidades temporais, pelo contrário, há de levar-nos a “amar o mundo apaixonadamente”, segundo dizia São Josemaria, sem sermos mundanos, mas estando no mundo empenhados em melhorar as estruturas e as pessoas todas; dedicando-nos, com afã de serviço, aos diversos deveres que temos como cidadãos, como membros de uma família, como trabalhadores, como amigos...

A piedade expressa-se e alimenta-se através da oração, da mortificação e dos sacramentos que produzem frutos de obras boas, de caridade e de serviço aos outros. Não se trata de acumular práticas externas, mas de procurar preencher com espírito de oração o que realizamos; de cultivar a presença de Deus com carinho; e de viver com alegria a realidade luminosa da nossa condição de filhos de Deus. Para isso convém concretizar um plano de vida de piedade e ter uma direção espiritual que nos estimule a cumpri-lo e a melhorá-lo constantemente.

Textos de São Josemaria

Para ser pequeno, é preciso crer como creem as crianças, amar como amam as crianças, abandonar-se como se abandonam as crianças..., rezar como rezam as crianças. Tudo isso é necessário para pôr em prática o que te vou descrever nestas linhas:

O princípio do caminho, que tem por fim a completa loucura por Jesus, é um confiado amor a Maria Santíssima.

– Queres amar a Virgem? –Pois então conversa com ela! – Como? –Rezando bem o Rosário de Nossa Senhora.

(Santo Rosário, Prólogo)

Oração

Deus Espírito Santo, suplicamos-Vos que nos infundais o dom de piedade, para que saibamos escutar a Vossa voz e corresponder às Vossas inspirações com a nossa oração e as nossas obras. Que a oração e a mortificação nos disponham para alcançar o maior fruto da receção dos santos sacramentos; e que toda a nossa vida seja penetrada pelo sentido da nossa condição de filhos de Deus. Amen.

Jaculatória

«Fala, Senhor, o teu servo escuta»
(1Sm 3, 9)


Nono dia. Cristo, Maria e a Igreja

Assim resumia São Josemaria os grandes amores do seu coração e os grandes amores que desejava ardentemente que todos tivessem: Cristo, Maria e a Igreja.

Jesus Cristo, com a Sua humanidade santíssima, é o Caminho, a Verdade e a Vida, como Ele próprio o declarou. Para nós, a consideração da humanidade santíssima de Cristo conduz-nos a adorar a sua divindade, e, unidos a Ele, movidos pelo Espírito Santo, chegamos ao Pai. O cristão batizado em nome das três Pessoas divinas deve procurá-las ao longo da sua vida, tratá-las como um Deus único e indivisível na Trindade das Pessoas.

Maria Santíssima, Mãe de Cristo e nossa Mãe, irmana-nos com Jesus, ensina-nos sempre a fazer o que Ele nos disser. Ela é o modelo perfeito do discípulo do Salvador, precede-nos na peregrinação da fé. Por isso, São Josemaria escreveu: «A Jesus sempre se vai e se «torna a ir» por Maria» (Caminho, n. 495).

A autêntica devoção à Virgem Santíssima consiste, sobretudo, em procurar conhecê-l’A; e, para isso, contemplar tudo o que sabemos dela, quer seja pelos Santos Evangelhos, pela Tradição da Igreja ou pelos ensinamentos do Magistério. Se A conhecemos, amá-l’A-emos como Mãe perfeitíssima e trataremos de a imitar. Também temos de confiar plenamente na sua bondosíssima proteção e amparo, recorrendo a ela nas nossas necessidades, e apoiando-nos na sua intercessão poderosa. Jesus fez o seu primeiro milagre em Caná a pedido de Maria, e continuará a escutar as súplicas da Virgem Santíssima em nome dos seus filhos.

O amor à Igreja há de levar-nos “a servi-la como quer ser servida”, dizia São Josemaria. Toda a sua vida foi uma entrega heroica ao serviço sacrificado e humilde da Igreja. Esse amor à Igreja expressa-se, principalmente, na devoção, na docilidade e carinho pelo Santo Padre, Vigário de Cristo, único Pastor universal.

Textos de São Josemaria

Mãe! – Chama-a bem alto. – Ela, a tua Mãe Santa Maria, escuta-te, vê-te em perigo talvez, e oferece-te, com a graça de seu Filho, o consolo do seu regaço, a ternura das suas carícias. E encontrar-te-ás reconfortado para a nova luta.

(Caminho, n. 516)

Oração

Pedimos-Vos, Senhor, que imitando São Josemaria, e por sua intercessão, possamos conhecer cada vez melhor a humanidade santíssima de Jesus Cristo; que amemos cada vez mais Santa Maria, a Igreja e o Papa; e que acolhendo-nos sempre à proteção maternal da Virgem, nos comportemos como filhos fiéis da Igreja. Amen.

Jaculatória

«Obrigado, meu Deus, pelo amor ao Papa que puseste no meu coração»
(Caminho, n. 573).