A minha vida mudou desde que comecei, pela manhã, a dizer quando me levanto Senhor, ofereço-Te o meu trabalho, ofereço-Te o meu dia”. Trabalho ao balcão desde os quinze anos e descobri, agora, que se pode realizar o nosso trabalho por amor a Deus, servindo uma pessoa que é uma filha, um filho de Deus, uma irmã, um irmão. Isso muda a vida!
Antes esforçava-me apenas quando a venda supunha mais dinheiro, mas protestava interiormente quando aparecia um cliente e começava a fazer perguntas sem intenção de comprar… Agora digo “Senhor, por Ti” e acompanho o cliente onde está o produto mais barato, em vez de lho indicar com a mão e dizer “procure o senhor além”.
Procuro ser amável com todas as minhas colegas, ainda que, como é lógico, tenha mais afinidades com umas do que com outras. Procuro ouvir, aprendi a escutar. Há anos pensava estar a perder o tempo, mas não; saber ouvir os outros é algo muito importante. Às vezes quando chegam as quatro da tarde e termina o meu turno, parece-me inacreditável como continuo a ter coragem.
Todas as semanas assisto a palestras de formação cristã com outras mães do clube juvenil que a minha filha frequenta. Pretendia para ela um local com bom ambiente, onde aprendesse uma série de virtudes e um amigo da família falou-nos no Albihar e das actividades que disponibilizam. Agradou-nos muito porque o meu marido e eu não queríamos que estivesse todo o dia na rua, dado que ele trabalha na estalagem e os seus horários com os meus eram uma autêntica bomba-relógio!
Eu era uma pessoa que estava próximo de Deus porque tinha nascido e crescido numa família cristã, mas não O tinha presente desta forma tão íntima na minha vida.
Comecei a passar pelo clube com a minha filha e ali encontrei uma formação cristã que constituiu o empurrão de que precisava. Eu era uma pessoa que estava próximo de Deus porque tinha nascido e crescido numa família cristã, mas não O tinha presente desta forma tão íntima na minha vida.
Foi uma surpresa, parecia-me impossível, com a vida tão “stressada” que levava, poder dedicar mais tempo a Deus. Mas comecei a organizar-me, a ir à Missa todos os dias, a fazer oração… e agora tenho a minha casa arrumada, o trabalho não me pesa e até a dor de costas desapareceu! Ajuda-nos muito pensar que mais dores passou Jesus Cristo na Cruz… E assim vivo sabendo que esta é a minha vida sem estar à espera que me saia a lotaria.
As minhas companheiras perguntam-me porque estou tão contente. Respondo-lhes que O que lá está em cima também está nos altares desde as oito da manhã e, portanto, alguma coisa tem que fazer. É Ele que faz tudo; porque eu, como tantas outras pessoas, em muitas manhãs não me levantaria da cama. Mas encomendo-me a toda a corte celestial e… para a frente! Pode-se estar triste e preocupada… mas se se tem a ajuda de Deus e formação cristã, as coisas avançam.
Pela manhã faço um tempo de oração. Comprovei que se dou a Deus meia hora, Ele me multiplica a vida. Antes pensava que não sabia fazer oração; tinha que fazer fisioterapia por causa da dor de costas e não tinha descoberto que podia fazer os exercícios que o médico aconselhava, a caminhar pela rua, falando com Deus.
Pela manhã faço um tempo de oração. Comprovei que se dou a Deus meia hora, Ele me multiplica a vida.
Na realidade, não é fácil, nesta altura, conciliar o trabalho dentro e fora de casa e atender a minha família, que está em primeiro lugar. Isso exige uma grande ordem interior. Temos que aprender a dizer a nós mesmas “agora não vou passar a ferro, vou antes estar um tempo à conversa com o meu marido e com os meus filhos”. Estou também a procurar que os meus filhos se organizem e que aprendam a fazer as coisas, em vez de ser eu a fazê-las por eles. Ao princípio perde-se tempo, mas o importante é educá-los bem, com alegria e bom humor.
A alegria é muito importante; não é a mesma coisa acordar as crianças pela manhã com agrado, com carinho, com calma dizendo-lhes “Vá, meninos, vamos oferecer o dia, dar graças a Deus” em vez “Toca a levantar! Vamos lá embora!”. Antes transmitia-lhes todo o “stress” que tinha…
Dou graças a Deus por ter conhecido o Opus Dei; já conhecia São Josemaría desde pequena, porque tínhamos em casa uma estampa sua e rezávamos muito, sobretudo pelo negócio familiar. Tanto assim é que sabia a oração de cor; para o meu primeiro emprego socorri-me dele e também para tirar a carta de condução.