Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!
Com frequência, para não dizer habitualmente, torna-se presente na nossa alma a necessidade de rezar muito. Há tantos motivos para recorrermos à misericórdia do Senhor: desde questões relacionadas com a nossa vida pessoal, até aos grandes problemas que abalam o mundo. Ao mesmo tempo, apercebemo-nos também da importância de darmos graças a Deus, pois não faltam muitos aspetos positivos. De uma forma ou de outra, tudo é motivo de oração, melhor, tudo pode ser oração.
Neste sentido, podemos pensar na realidade de converter o trabalho em oração, com a segurança de que, «ao ser assumido por Cristo, o trabalho apresenta-se-nos como uma realidade redimida e redentora: é, não só o âmbito em que o homem vive, mas também meio e caminho de santidade, realidade santificável e santificadora» (Cristo que passa, n. 47).
Santificar o trabalho é tornar santa a atividade humana de trabalhar, que tem como consequências imediatas (que são mais propriamente aspetos de uma mesma realidade) cooperar na santificação da pessoa que trabalha, pela Comunhão dos santos na santidade dos outros e, além disso, na santificação das estruturas da sociedade humana.
Poderia parecer uma coisa complicada, mas na realidade é muito simples. Simplicidade que não equivale a facilidade: «Dá um motivo sobrenatural à tua atividade profissional de cada dia, e terás santificado o trabalho» (Caminho, n. 359). Naturalmente, este motivo que santifica o trabalho não é um simples aspeto piedoso independente do próprio trabalho. Trata-se antes do porquê e do para quê se realiza o trabalho, quando é assumido seriamente como fim último, influenciando decisivamente tanto na sua execução como no seu resultado material e formal. Por isso, «uma parte essencial dessa obra – a santificação do trabalho corrente – que Deus nos confiou, é a boa execução do próprio trabalho, a perfeição também humana, o bom cumprimento de todas as obrigações profissionais e sociais» (Carta 24, n. 18).
O motivo sobrenatural, como raiz da santificação do trabalho, é o amor: «Convém não esquecer, portanto, que esta dignidade do trabalho está fundamentada no amor. O grande privilégio do homem é poder amar, transcendendo assim o efémero e o transitório. O homem pode amar as outras criaturas, dizer um tu e um eu cheios de sentido; e pode amar a Deus, que nos abre as portas do céu, que faz de nós membros da sua família, que nos autoriza também a falar com Ele tu a Tu, face a face. Por isso, o homem não deve limitar-se a fazer coisas, a construir objetos. O trabalho nasce do amor, exprime o amor, ordena-se ao amor» (Cristo que passa, n. 48).
É consolador saber que o trabalho é santo e santifica quando é guiado e informado pelo amor a Deus e aos outros. Esta é a substância do motivo sobrenatural que basta pôr no trabalho para o santificar. E compreende-se ainda melhor que este motivo tende, por si mesmo, a procurar a perfeição humana do trabalho.
Não se trata apenas de trabalho por Deus e para Deus, mas é, ao mesmo tempo e necessariamente, trabalho de Deus. É Ele quem primeiro ama e, pelo Espírito Santo, torna possível o nosso amor.
Continuemos a rezar pela Segunda Sessão da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que começou no passado dia 2, para concluir no dia 27. Precisamente neste dia 27 de outubro é o meu aniversário: conto muito com as vossas orações.
Naturalmente, continuai a ter muito presentes os trabalhos de adaptação dos Estatutos da Prelatura. Em princípio, a próxima reunião de peritos será no início de novembro.
Com todo o afeto, abençoa-vos
o vosso Padre
Roma, 10 de outubro de 2024