Jubileu do desporto e o sonho concretizado de Frank

O râguebi pode parecer um desporto violento, mas não é, explica Frank. É, acima de tudo, uma escola para a vida. Nos dias 14 e 15 de junho celebrou-se em Roma o Jubileu do Desporto, tendo sido convidados atletas profissionais, amadores, treinadores, dirigentes desportivos, membros de associações desportivas, juntamente com os seus familiares. Convidamo-lo a conhecer a história deste desportista de La Pintana, uma comuna popular do Chile, e outros recursos relacionados com o desporto e a vida espiritual.

Num jogo de râguebi, em Paris, Frank – que nasceu em La Pintana, uma comuna situada na zona sul de Santiago do Chile, conhecida por ser uma das áreas com maiores desafios sociais e económicos do país – perguntou-se: “Que aconteceu? Como cheguei até aqui? Que estou a viver?”. Esta é a história de um jovem desportista cujos sonhos, segundo conta, se têm vindo a concretizar.

Conta Frank: «Tenho 33 anos, sou da comuna de La Pintana (Chile). Estudei no Colégio Nocedal, sou professor de Educação Física, treinador de râguebi, árbitro internacional de râguebi. Fui fazer um intercâmbio com a Federação Francesa de Râguebi, estava a aquecer, a preparar o jogo, e foi nesse momento da vida que parei para pensar: que aconteceu? Como cheguei até aqui? Que estou a viver?».

Continua Frank: «Nasci em La Pintana, porque quando tinha oito dias de vida a minha família mudou-se para lá. La Pintana é uma comuna popular no Chile que normalmente é estigmatizada pelo seu elevado índice de vulnerabilidade, pelo desemprego, pelos altos níveis de toxicodependência e alcoolismo, mas também é uma comuna muito bonita, cheia de sonhos, cheia de gente sonhadora».

A comuna destaca-se especialmente no desporto e em eventos culturais: tem um grande teatro que, segundo nos explica Frank, «é a inveja de muitos em qualquer parte do país. No que diz respeito ao desporto – continua – existem 47 escolas desportivas, desporto de alto rendimento, atletas selecionados a nível nacional em várias modalidades. Desde que me lembro, é uma comuna que não para de crescer para continuar a dar oportunidades aos seus habitantes».

Grandes aprendizagens através do desporto

«Em La Pintana, estudei no Colégio Nocedal. Sempre gostei de praticar desporto e encontrava nessa atividade uma parte divertida e positiva. Hoje em dia, trabalho principalmente como professor de Educação Física, e foi a partir daí que comecei a descobrir o desporto também como uma ferramenta de transformação social, uma ferramenta pedagógica. É o que normalmente acontece numa escola: o professor que tem mais proximidade com os alunos é o de Educação Física. Creio que isso se deve aos desafios que o desporto impõe, ao trabalho em equipa e ao companheirismo.

Especificamente, os desportos como o râguebi estão cheios de valores. Pode parecer um desporto bruto, violento, mas é dos menos violentos que existem. Pode ser agressivo, sim, mas nunca com a intenção de magoar os outros jogadores – são companheiros de desporto.

Com os alunos que tenho, sejam do Colégio Nocedal ou de outros contextos, noto que têm um grau de responsabilidade ainda maior do que outros. Penso que formar em valores, na sociedade em que vivemos – cheia de distrações e com elevados índices de sedentarismo – é fundamental. Aquilo que aprendem no desporto acaba por ser aplicado na vida quotidiana.

E depois, esse jovem, quando sair da escola, tenho a certeza de que o seu caminho será mais fácil, porque já tem uma rotina de vida, responsabilidade, compromisso, que o ajuda a quebrar o individualismo que há na sociedade. Isso começa no desporto: se não vou treinar com a equipa, não vamos melhorar; se faltar ao jogo, vou prejudicar todos».

A vida como uma corrida e um sonho

«O desporto está totalmente ligado à vida espiritual e à vida com Deus, porque a vida também é como uma corrida ou um treino contínuo. Há momentos em que nos sentimos desmotivados, sem vontade, cansados, ou em que os resultados simplesmente não aparecem como esperávamos.

Também no desporto, como na vida espiritual, queremos resultados imediatos, mas ambos exigem constância e a ajuda de Deus. Eu não seria quem sou se não fosse pelas oportunidades que o colégio me deu, pela fé que me acompanhou todo este tempo e pelo apoio incondicional da minha família ao longo destes anos».

No final da entrevista, Frank conta-nos que um dos seus grandes sonhos é ter um impacto na comunidade: «No início da minha carreira desportiva, apesar de ser um desporto de equipa, concentrei-me muito no lado individual. Mas, na verdade, por trás disso, sempre tive o desejo de trazer o que aprendia à comunidade onde nasci e ao colégio onde cresci. É um dos meus maiores sonhos e já o estou a concretizar: devolver aquilo que recebi e continuar a ajudar para que mais pessoas no Chile e no mundo possam conhecer este desporto e crescer através dele».


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Mais informação sobre as atividades que se realizaram em Roma para o Jubileu do Deporto, ver este link.