AEducational Cooperation Society é uma organização nigeriana sem fins lucrativos que apoia projectos para a educação, bem estar social e dignidade da pessoa, em conformidade com os princípios cristãos. Um dos primeiros empreendimentos, o Iroto Rural Development Centre, começou há mais de 20 anos, quando os chefes locais de Iloti e das povoações de Iroto e Abidagba, pertencentes à Área Municipal de Itamapalo, decidiram atribuir-lhe 8 hectares de baldios.
“Quando começámos em 1986”, conta Jane Ohale, uma das pioneiras, “vimos logo que nos esperava uma tarefa árdua. A maioria das mulheres que vivem no meio rural cultivam a mandioca e fazem o gari (um tipo de farina fermentada). A mandioca é utilizada na produção do gari, alimento básico e fonte de receitas familiares, mas a respectiva plantação e fabrico implica muito esforço e tempo”
De fato, para obter os resultados esperados, as mulheres devem lavrar manualmente a terra, semear e colher. Depois vem o longo processo de descascar, colocar de molho, moer e fritar. O calor do clima tropical, somado à humidade do ar – de 90%, habitualmente – tornam a empreitada ainda mais difícil. “É compreensível – continua Jane – a resistência inicial das mulheres para vir a Iroto assistir às aulas. Da nossa parte, queríamos introduzir outros tipos de cultura, por exemplo, frutas e verduras, para assim melhorar a dieta familiar”.
Apesar das dificuldades, as primeiras aulas foram um sucesso. Em pouco tempo, as alunas aprenderam habilidades manuais que lhes permitiram ter mais tempo para cuidar da família e, ao mesmo tempo, aumentar o rendimento familiar. Começou-se com aulas sobre a educação os filhos e o cuidado da casa. Mais tarde, organizaram-se cursos de agricultura e artesanato. Muitas mulheres interessaram-se por costura, fabricação de tapetes, sabões e velas, tecelagem e fabrico de colares e outros tipos de enfeites. O plano inicial era que as alunas pudessem realizar esses trabalhos nas suas casas, para uso próprio ou para conseguir receitas. Para avaliar o impacto de Iroto na comunidade, importa conhecer a situação sócio-económica dessa região da Nigéria, onde as mulheres se casam muito cedo e os maridos não são conhecidos pelo sentido de responsabilidade pelas necessidades familiares: de facto, por um motivo ou por outro, as mulheres acabam por suportar todo o peso das tarefas domésticas, também as agrícolas e de sustento.
A Educational Cooperation Society, através da organização Women´s Board, comprometeu-se também a dar cursos de inglês – língua oficial do país e meio imprescindível para a comunicação –, relações humanas, comportamento social, etc. As aulas reflectem a visão cristã da vida e uma concepção do homem que transcende a mera satisfação das necessidades de subsistência. Na origem e na raiz das actividades educacionais desenvolvidas em Iroto estão os ensinamentos de São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, sacerdote que pregou a chamada universal à santidade, uma santidade procurada no trabalho e nas ocupações quotidianas realizadas na presença de Deus.
Nestes 20 anos de trabalho no sudoeste da Nigéria, a 100 quilómetros de Lagos, as pessoas envolvidas neste projecto educacional tiveram de superar muitas dificuldades e barreiras. O obstáculo mais difícil foi talvez a superstição e a suspeita. Não foi fácil fazer com que os habitantes do lugar aceitassem ajuda. Paula, que trabalha em Iroto desde 1996, sentiu essa resistência: “Apesar de falar o dialecto Yoruba, foi muito difícil ganhar a confiança e a amizade das pessoas nos primeiros anos. Mas agora já partilhamos preocupações e alegrias, e posso dizer que me sinto uma delas”.
Um pequeno hospital
Uma das necessidade primordiais da província de Itamapaki é a saúde. Sem ela, outras acções de solidariedade tornam-se inviáveis ou perdem eficácia. Por isso, dentro do Centro de Desenvolvimento Rural Iroto construiu-se Abidagba, um posto de saúde para primeiros socorros e tratamento de doenças comuns.
Para construir o posto, era preciso conseguir recursos. Apelou-se à generosidade de muitas pessoas. Entre os benfeitores de Abidagba, está a família German Dominick que, ao ouvir falar do projecto, deu um donativo significativo. Por esse motivo, o hospital foi construído em homenagem ao seu filho Andreas, falecido num acidente de viação na Alemanha. Ele demonstrou sempre um particular interesse por África e por projectos de solidariedade no continente. Também Manos Unidas, uma organização espanhola que auxilia projectos similares no mundo inteiro, colaborou com Abidagba.
O posto de saúde foi inaugurado no dia 6 de Dezembro de 1996. Foram necessários vários anos para que a equipa médica conquistasse a confiança da população. Desde então, os pacientes de Abidagba multiplicaram-se e é inegável que os índices de saneamento da região melhoraram notavelmente. Wachera, enfermeira queniana que trabalha no Centro desde sua inauguração, afirma que, pouco a pouco, as famílias adquiriram uma cultura mais higiénica. “Muitas vezes, a principal causa da desnutrição das crianças e das infecções dos jovens era a ignorância. Graças às aulas e aos conselhos sobre como viver uma vida saudável, diminui-se o número de doenças nas famílias”.
É evidente que este tipo de informação é urgente em África. “Quando, por exemplo, a malária reincide as pessoas são capazes de reconhecer os sintomas e sabem então que devem ir ao posto de saúde para receber o tratamento. A desnutrição, que era uma patologia comum quando começamos nosso projecto, praticamente desapareceu graças à melhor compreensão das necessidades nutricionais. A população é pobre, mas pode sobreviver e manter sãos os seus filhos com os frutos da terra. A melhoria que observamos dá-nos muita esperança”, explicaWachera. Muitas histórias
Como destaca uma das pioneiras de Iroto, “as pessoas aqui, especialmente as mulheres, têm uma vida muito dura. Tentamos dar formação e os meios necessários para melhorar a qualidade do seu trabalho e da sua vida familiar”. Em Iroto, explica, tem-se muito presente que o desenvolvimento humano e social da região depende em grande parte da mulher e do seu nível educacional. É em casa que as pessoas adquirem os hábitos básicos de conduta e forjam as virtudes cristãs: aprende-se a servir e a trabalhar pelos outros. Em Iroto, há muitas histórias de pessoas e famílias que encontraram harmonia e equilíbrio.
Oluwakemi Otesoga era uma menina carente que estava parcialmente cega devido a uma retinopatia congénita. A doença piorou rapidamente e a sua mãe, sem recursos económicos, tinha perdido toda a esperança. Por tratar-se de um caso complicado, a enfermeira de Abidagba pediu ajuda numa escola para invisuais de Lagos, e também os meios económicos para pagar a matrícula: encontrou um benfeitor e, graças a ele, Oluwakemi pôde estudar dois anos. Agora vive na residência da escola. “Estou muito feliz e agradecida por tudo o que fizeram por mim. Aprendi a fazer cestos de vime, sacos, gravatas e artefactos semelhantes. Além disso, já sei escrever e ler em Braille. Fiz um estágio no Museu Nacional e é possível que encontre um trabalho bem remunerado quando acabar os estudos em Dezembro. Todo esse processo ajudou-me a amadurecer como pessoa e minha família também beneficiou muito”.
Uma associação de mulheres
Outro projecto que nasceu à sombra de Iroto é uma associação de mulheres. Actualmente, reúne 25 mães jovens. Têm em comum alguns traços biográficos duros: sustentam economicamente a família e deixaram muito cedo a escola. Têm necessidade de ensinar aos filhos algo mais que o simples cultivo de um pedaço de terra. “Estou a aprender a ler e a escrever”, disse Agnes, “para mim mesma e sobretudo para ensinar aos meus filhos”. Essa associação de mulheres organiza vários cursos. De início, aprendem conceitos básicos de higiene, saúde e cuidado dos bebés. Depois, participam em aulas de cozinha, confecção e costura.
Iroto cedeu uma parte dos seus terrenos a esta associação para que as mulheres possam também cultivar vegetais, principalmente okro, ugwu e tomate. Nesta quinta experimental, dividem-se as tarefas e responsabilidades para o bom andamento do cultivo. Dão-se incentivos pelos trabalhos bem realizados, e premia-se também a pontualidade nas aulas e na realização das tarefas. Juliet, que trabalhava na clínica de Iroto e agora dedica grande parte do seu tempo ao funcionamento da exploração, comenta: “Trabalhar bem, com diligência e responsabilidade, pensando no futuro da família, foi para mim um grande presente. O que seria de mim se não tivesse conhecido Iroto!”
Várias personalidades da região manifestaram também seu agradecimento, avaliando positivamente o impacto social de Iroto. Uma delas é o “Kabiyesi” de Oko Ako, chefe de 33 povoação, que declarou: “Estamos muito agradecidos ao Women's Board por ter escolhido a nossa terra para criar o Centro de Desenvolvimento Rural Iroto. Os resultados são óptimos”. J. F. Adelaja, outra autoridade em Itamapalo, completa: “Iroto assumiu um importante papel no desenvolvimento desta sociedade rural. Nossa comunidade conseguiu paz, segurança, bem-estar e mais vida cristã”.
Se deseja obter mais informações ou colaborar com o projecto, entre em contacto:
Miss Paula Adjamah
Iroto Rural Development Centre
P O Box 4240
Surulere P O
Surulere, Lagos
E-mail: wb@hyperia.com