Homilia de D. Manuel Clemente nos 90 anos do Opus Dei

Na homilia da Missa que assinalou em Lisboa os 90 anos do Opus Dei, o Cardeal Patriarca deixou três palavras: a primeira sobre a escritura, a segunda do Papa Francisco e a terceira dirigida aos membros da Prelatura. No final da Missa, o Vigário Regional, Pe. José Rafael Espírito Santo, agradeceu ao Cardeal Patriarca, fez um pedido ao Núncio Apostólico, e dirigiu uma reflexão final aos fiéis da prelatura

Na sua palavra sobre a escritura, própria da festa que se celebrava dos anjos da guarda, D. Manuel falou sobre sua missão: “dizia a primeira leitura do Êxodo que os anjos nos guiam e nos protegem pelo caminho até onde Deus nos espera”. Não é um caminho qualquer. São guiados por Deus para nos remeterem ao mesmo Deus. Na vossa vida, o vosso anjo da guarda é o que faz: vai-vos conduzindo e não nos deixa perder de vista aquela visão que ele próprio contempla, que é o próprio Deus.”

Depois, D. Manuel centrou-se na palavra do Papa, em especial na exortação pontifícia sobre a santidade, a Gaudete et Exultate: ”a certa altura, o Papa diz que cada santo é uma missão: não apenas a cumpre, mas ele próprio é uma missão. Tem que ver com o que vimos atrás a propósito dos anjos que nos guiam e que nos guiam para onde Deus nos quer. Nenhum de nós estará aqui por acaso, nenhum de nós se dilui na multidão indistinta: para Deus é caso único, é uma vocação específica, concreta. Mesmo aqueles que não sabem, cada um têm o seu lugar neste projecto de Deus.”

A finalizar, dirigiu uma última palavra às pessoas presentes: “sabemos que numa sociedade como a nossa sociedade portuguesa, neste tempo, a única credibilidade que o evangelho alcança é a que alcança e se concretiza na vida concreta de cada um dos crentes”. E “a grande descoberta de S Josemaria e o grande sentido e carisma que a Obra e vós próprios protagonizais é este: que no concreto da vida, levando muito a sério aquilo que compete a cada um, na sua vida profissional, na sua vida familiar, na sua vida social e nas circunstâncias em que cada dia se apresenta, demonstrareis que é possível ser de outra maneira, é possível ser da maneira de Cristo, é possível ser da maneira de Deus. E este carisma seguirá actual: foi actual em 1928 e é actualíssimo agora em 2018, porque, afinal de contas, trata-se de um evangelho vivido que, graças a Deus, S. Josemaria descobriu e proporcionou a tanta gente e também sejamos dignos desta herança que dele recebemos hoje”.

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No final da Missa, o Pe. José Rafael Espírito Santo agradeceu ao Cardeal Patriarca, entre outras coisas, “por ser um pastor prudente, profundo, que inspira tranquilidade e segurança ao seu povo”. E, sendo portador da comunhão com todos os bispos como presidente da Conferência Episcopal, quis salientar “a veneração e afeto aos seus Bispos das pessoas que beneficiam da formação que a Prelatura disponibiliza”, e que pertencem já a todas as dioceses de Portugal.

Dirigiu-se, depois, ao Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, que também concelebrou a Eucaristia, assinalando a sua presença como uma experiência de uma especial proximidade do Papa Francisco. E fez-lhe o pedido de transmitir ao Santo Padre “o nosso afeto e a nossa comunhão”.

E acrescentou: “Nestes momentos em que a barca de Pedro é agitada por tempestades e as ondas ameaçam submergi-la, queremos estar ainda mais unidos ao Santo Padre”.“Não há Cristo sem Igreja, e não há Igreja sem Pedro”. “Senhor D. Rino: diga ao Santo Padre que estamos a rezar com mais afinco o terço e a difundir a sua recitação, bem como a da oração “Sub Tuum Præsidium” e a S. Miguel Arcanjo.”

Seguidamente agradeceu aos cooperadores do Opus Dei –“sem a vossa ajuda o Opus Dei dificilmente poderia cumprir a sua missão. Obrigado, muito obrigado!” - e ainda “às Comunidades religiosas contemplativas que são cooperadoras do Opus Dei “e que nos acompanham explicitamente nestas celebrações com a sua oração, gratidão e júbilo. Por elas rezamos todos os dias e também todos os dias experimentamos o conforto da sua oração.”

Aos fiéis do Opus Dei garantiu, usando uma expressão de S. Josemaria: “Quando vos vejo, fico extasiado!” E acrescentou: “Sim: conheço a seriedade com que cada uma e cada um tenta diariamente dar testemunho da fé e da alegria, num mundo que tantas vezes se esqueceu da sua beleza, reflexo de Deus. Rezo por todos e cada um e agradeço a vossa fidelidade. Imagino que Deus olha para cada uma e para cada um com verdadeira emoção”

Terminou com uma oração em voz alta: “obrigado, Senhor, por tantos dons que nos concedeste e concedes; perdão pelas nossas insuficiências, em especial pelas minhas, por todas as vezes em que em vez de ser luz fomos trevas, em vez de aproximar as pessoas de Ti, as afastámos com os nossos erros; e ajuda-nos mais: dá-nos audácia para chegar mais longe.”


Palavras, no final da missa, do Vigário Regional no dia 2 de Outubro de 2018

Senhor D. Manuel, quero em nome dos fiéis e amigos da Prelatura que pertencem ao Patriarcado de Lisboa manifestar um enorme agradecimento pela presença do Senhor Patriarca nesta celebração, pelas importantes palavras que nos dirigiu, e por ser um pastor prudente, profundo, que inspira tranquilidade e segurança ao seu povo.

Eu queria que o Senhor Patriarca visse neste agradecimento uma garantia da nossa correspondência e apoio ao que pedir aos seus diocesanos.

Ao mesmo tempo, o Senhor Patriarca é o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. De algum modo, é portador da comunhão de oração que vários bispos manifestaram neste aniversário, e que todos agradecemos. Gostaria de salientar nesta ocasião a veneração e afeto aos seus Bispos das pessoas que beneficiam da formação que a Prelatura disponibiliza pertencentes a todas as dioceses de Portugal. Unidos aos seus pastores e agradecendo o seu desvelo, querem viver o que S. Josemaria afirmava do Opus Dei: servir a Igreja como a Igreja quer ser servida. A mobilização de cristãos que o Opus Dei promove leva a uma consciência profunda da pertença à Igreja, à diocese, traduzida no empenho por levar Cristo ao ambiente do trabalho, da família, da cultura em plena comunhão com o Bispo.

Quero agradecer também ao Senhor Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, assim como ao Secretário da Nunciatura, Mons. Amaury Medina Blanco, a sua presença nesta celebração. O Senhor Núncio, como representante do Santo Padre, faz-nos experimentar de modo especial a proximidade do Papa Francisco. Peço, Senhor D. Rino, que transmita ao Santo Padre o nosso afeto e a nossa comunhão. Gostaríamos de viver, como S. Josemaria, uma união afetiva e efetiva ao Sucessor de Pedro e gostaríamos de fazer sempre do Opus Dei um caminho para levar todos, com Pedro, a Cristo por Maria. Nestes momentos em que a barca de Pedro é agitada por tempestades e as ondas ameaçam submergi-la, queremos estar ainda mais unidos ao Santo Padre, procurando dar-lhe o conforto da nossa oração e afeto. Não há Cristo sem Igreja, e não há Igreja sem Pedro, e temos a garantia do Mestre: apoiados na Pedra, que é Pedro, as portas do Inferno não hão de prevalecer. Senhor D. Rino: diga ao Santo Padre que estamos a rezar com mais afinco o terço e a difundir a sua recitação, bem como a da oração “Sub Tuum Præsidium” e a S. Miguel Arcanjo.

Nesta ocasião de ação de graças à Santíssima Trindade, quero também manifestar a minha gratidão a todos os que estão aqui presentes e aos que, não podendo estar fisicamente, estão presentes em oração. Começando pelos concelebrantes, o Cónego João Seabra, o Cónego José Miguel Pereira, Reitor do Seminário dos Olivais, o P. Luís Miguel Hernández, responsável pelo movimento Comunhão e Libertação, os outros padres concelebrantes, da Prelatura e do Patriarcado.

Um agradecimento especial a todas as cooperadoras e cooperadores do Opus Dei. Sem a vossa ajuda o Opus Dei dificilmente poderia cumprir a sua missão. Obrigado, muito obrigado! O nosso Deus não deixará de vos recompensar com abundância.

Agradeço a todos amigos aqui presentes, em concreto ao Senhor D. Duarte e à Dª Isabel, pela amizade sempre manifestada, à Dr.ª Isabel Gil, Reitora da Universidade Católica, e a Khalid Jamal, membro da direção da Comunidade Islâmica de Lisboa. que nos honra com sua presença amiga nesta cerimónia. Agradeço também aos que contribuíram para a beleza desta cerimónia: o coro e a disponibilidade da paróquia de Nossa Senhora de Fátima.

Mas queria destacar dois agradecimentos: em primeiro lugar, às pessoas do Opus Dei. Constituem uma parte substancial do meu agradecimento à Santíssima Trindade neste aniversário. Compreendo bem S. Josemaria que ao ver as pessoas do Opus Dei afirmava: “Quando vos vejo, fico extasiado!” Sim: conheço a seriedade com que cada uma e cada um tenta diariamente dar testemunho da fé e da alegria, num mundo que tantas vezes se esqueceu da sua beleza, reflexo de Deus. Rezo por todos e cada um e agradeço a vossa fidelidade. Imagino que Deus olha para cada uma e para cada um com verdadeira emoção e vos enche da sua misericórdia, no meio dos tropeços e dificuldades. Deus, a Igreja, o mundo, esperam que sejais portadores de humanidade e de vida sobrenatural em todas as atividades humanas. Por isso, digo ao nosso Bom Deus “Gratias Tibi, Deus, gratias Tibi!” por todas e por todos que me sustêm e acompanham na missão de construir o Opus Dei.

Em segundo lugar, quero manifestar a minha gratidão às Comunidades religiosas contemplativas que são cooperadoras do Opus Dei e que nos acompanham explicitamente nestas celebrações com a sua oração, gratidão e júbilo. Por elas rezamos todos os dias e também todos os dias experimentamos o conforto da sua oração.

Termino com uma última consideração. Este aniversário decorre no mês do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, e do começo do Ano Missionário, proposto pela Conferência Episcopal. Mais dois motivos para que a nossa ação de graças se traduza em desejos de conversão e de querer fazer mais. Pode ajudar-nos aquela oração que o Bem-aventurado Álvaro del Portillo tantas vezes repetiu: “Obrigado, Senhor. Perdão. Ajuda-me mais”. Atrevo-me então a dar voz à oração de todos, e agarrando-me à mão de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rezo: obrigado, Senhor, por tantos dons que nos concedeste e concedes; perdão pelas nossas insuficiências, em especial pelas minhas, por todas as vezes em que em vez de ser luz fomos trevas, em vez de aproximar as pessoas de Ti, as afastámos com os nossos erros; e ajuda-nos mais: dá-nos audácia para chegar mais longe. Que ajudemos muitos jovens a descobrir a beleza da vocação, que lhes mostremos com a nossa alegria que vale a pena; que, sendo então discípulos missionários, vivamos o sonho missionário de chegar a todos. Como nos diz o Prelado do Opus Dei, Mons. Fernando Ocáriz, na carta que nos escreveu ontem, que este aniversário “nos sirva como um lembrete do dom que recebemos e da bela missão que Cristo pôs nas nossas mãos”. Santa Maria, Esperança nossa, Escrava do Senhor, Sede da Sabedoria, rogai por nós!