Étienne, catequista: «O trabalho do Espírito Santo torna-nos humildes»

Médico, casado e pai de cinco filhos, Étienne acompanha adultos no caminho do batismo, da primeira comunhão ou do casamento. Uma missão que o deixa maravilhado e alimenta a sua própria fé.

Médico, casado e pai de cinco filhos, Étienne dedica uma parte do seu tempo a acompanhar adultos que se preparam para o casamento, o batismo ou a primeira comunhão. Não procurou este compromisso: «Aceitei acompanhar estes catecúmenos porque o padre da minha paróquia mo pediu, um dia, à saída da Missa. Como a minha mulher e eu já o ajudávamos nas preparações para o casamento, ele sabia que podia contar connosco».

Ao longo dos anos, viu multiplicarem-se os pedidos de batismo e de acompanhamento. Um recrudescimento que explica, em primeiro lugar, por uma evidência: «a ação do Espírito Santo!». Mas, além disso, reconhece outros motivos: uma busca por sentido, num contexto no qual a religião católica foi apagada do espaço público e um chamamento interior muito forte. Conta o caso de uma jovem adulta que, batizada em criança, numa família não praticante, sentiu, de repente, «o chamamento para aprofundar o seu conhecimento de Deus». Étienne nutre uma profunda admiração por ela: «O trabalho feito pelo Espírito Santo no coração dela foi impressionante».

A crise da Covid foi também um momento decisivo para muitos. Étienne recorda-se de um homem particularmente marcado por este período: «Durante o confinamento, perdeu o trabalho e a mulher deixou-o. Temendo perder os filhos, voltou-se para uma imagem da Virgem, dentro da nossa igreja. Sem qualquer cultura cristã, a sua família era comunista e ateia, fez um pacto com a Virgem: batizar-se-ia, caso ficasse com a guarda dos filhos. O que aconteceu».

O que toca Étienne nos catecúmenos que acompanha é a humildade e a sede de descobrir a fé: «Querem entender os ritos, a liturgia, os nossos costumes… Querem saber como vivemos a nossa fé e conhecer o que a distingue de outras denominações cristãs. Informam-se na Internet, por vezes erradamente, e ficam muito felizes quando lhes indicamos sites fiáveis, como o Carpe Deum ou os 10 minutos com Jesus».

Acompanhar não é apenas dar, também é receber.

Acompanhar, afirma, Étienne, não é apenas dar, também é receber. «O trabalho do Espírito Santo torna-nos humildes. Sentimos que fazemos muito pouco em relação à Graça alcançada. Mas, ao mesmo tempo, acompanhar obriga-nos a aprofundar a nossa fé para saber explicar o que nos parece evidente. Além disso, é uma ocasião para partilhar tesouros que descobrimos, graças, nomeadamente, ao Opus Dei. Apercebemo-nos do quão ricos são».

«Quando um catecúmeno me pediu para ser seu padrinho, senti uma grande emoção»

Étienne guarda na memória muitos momentos marcantes: «Um dia, no fim de uma sessão, um catecúmeno disse-me: “Foi ótimo, mas precisava que me desse as definições de concílios, encíclica, etc.”. Percebemos assim que não poderíamos dar nada por adquirido». E recorda, com emoção, um pedido específico: «Quando um catecúmeno me pediu para ser seu padrinho, senti uma grande emoção. Uma carga sobrenatural recaiu sobre os meus ombros».

Atualmente, encoraja quem se questiona se deve comprometer-se a acompanhar, que avance: «Não hesitem. Mas não o façam sozinhos. Em dupla, permitem corrigir as imprecisões e trazer perspetivas diferentes. Assim, o catecúmeno escolhe o que lhe diz mais. E, sobretudo, o tempo é amplamente recompensado, muito mais do que possamos imaginar».