É pai de uma família numerosa. Como é a vida de uma família assim?
É maravilhosa, ainda que implique muito esforço. Com muitos filhos passamos por constantes dificuldades económicas. Porém, por outro lado, é indescritível a emoção de chegar a casa e ser saudado por tantas e tão felizes crianças. A Ana Cecília (2 anos) é a mais pequenina e esconde-se sempre atrás da porta para me pregar um susto. Por isso, procuro trazer sempre na mão um objecto que não se parta para simular um susto ao entrar. O Rafinha (4 anos) atira-se ao meu colo com um brilho nos olhos denunciando a sua satisfação e alegria pela chegada do pai. A Maria Clara (6 anos) e a Gabi (7 anos) também me recebem de uma forma muito calorosa. Depois, temos ainda o José Filipe (10 anos), o João Lucas (11 anos), o Pedro Henrique (13 anos) e a Carol (16 anos). Quanto aos mais velhos, é fantástico ver como vão apreendendo as virtudes que lhes procuramos incutir, ainda que com muito esforço.
Como é que o Opus Dei o ajuda na vida familiar?
O Opus Dei proporcionou-me directa ou indirectamente tudo o que sei e faço sobre educação dos filhos. Directamente através dos meios de formação da Obra, em que muito se aprende sobre como educar os filhos e como ser cada vez mais dedicado à esposa. E também indirectamente, porque muitas pessoas – inspiradas nos ensinamentos de São Josemaria – promovem iniciativas para casais (cursos, palestras, p. ex.), que me ajudaram e continuam a ajudar-me na educação dos meus filhos.
E, nos momentos de dificuldades – que também passamos – procuramos recorrer à intercessão de São Josemaria, que sempre nos atendeu.
E no seu trabalho como Juiz de Direito? O que é que a mensagem do Opus Dei tem a dizer?
O Opus Dei ajuda-me no trabalho de muitas formas. Uma delas é o plano de vida. Na Obra aprendi que é muito bom programarmos o nosso dia, reservando um tempo para Deus, para estar com Ele (fazer oração, assistir à Santa Missa), para trabalhar, para a família e para os amigos. Esforçando-nos por cumprir o plano de vida, encontramos tempo para tudo e, com isso, crescemos em amizade com Deus, dedicamo-nos aos nossos amigos e familiares, sem descuidar o trabalho profissional.
A Obra também me ajuda no meu dia-a-dia como juiz porque foi aí que aprendi que, para oferecer o meu trabalho a Deus, devo fazê-lo bem feito, devo santificá-lo. Com isso, além dos frutos sobrenaturais, o próprio trabalho acaba por sair melhor.
Mas como conciliar o trabalho de juiz com as práticas de piedade? Consegue assistir à Missa todos os dias?
Graças a Deus, consigo assistir à Santa Missa todos os dias. E também rezo o terço, faço um pouco de oração, leio o Evangelho e algum livro espiritual. Para conseguir conciliar todas as minhas actividades, procuro fazer um plano para o meu dia e esforçar-me por viver a virtude da ordem, o que não é fácil, mas também não é impossível. A verdade é que Deus nos ajuda muito nesse aproveitamento do tempo; Ele ajuda-nos a fazê-lo render.
Como é que conheceu o Opus Dei?
Conheci o Opus Dei quando trabalhava como funcionário do Tribunal de Justiça. Um grande amigo meu, que não é da Obra, convidou-me a assistir a uma recolecção num Centro da Obra. Aceitei o convite porque admirava – e ainda admiro – essa pessoa. As palavras do sacerdote tocaram-me muito fundo. Trouxeram-me de volta doces lembranças que tinha da minha infância, quando assistia à Santa Missa com frequência e participava em movimentos católicos na minha cidade. Depois de anos em que vivi afastado de Deus e da Igreja, foi no Opus Dei que recuperei a minha fé.