Conheci pessoalmente Josemaría Escrivá

“A serenidade das suas palavras foram o bálsamo que necessitava para recomeçar de novo com entusiasmo a vida profissional intensa que até então tinha levado” – afirma neste testemunho marcadamente pessoal o Prof. Francisco Carvalho Guerra, presidente do Conselhor Regional do Porto da UCP.

Prof. Carvalho Guerra

Na silenciosa oração que fiz agradeci a Deus o perfume cristão da vida do fundador do Opus Dei e as vezes sem conta que a ele tinha recorrido pedindo a sua intercessão como intermediário de Deus.

1. Conheci pessoalmente o Monsenhor Josemaría Escrivá algum tempo depois dum acidente que vitimou o meu filho mais velho e molestou bastante o então meu segundo filho. Esse encontro deu-se em Miramar, perto do Porto. Um grande amigo e extraordinário cristão, Dr. Francisco Martínez, foi o responsável por essa memorável audiência.

Estava eu em profunda depressão pela morte do Jonas, incapaz de dormir e em grande efervescência interior. Foi nesse estado de inquietação, depressão e quase revolta que falei com Monsenhor Escrivá. A serenidade das suas palavras, a garantia de que a partir da morte do meu filho havia um anjo que comigo dialogaria, que a comunicação dos Santos era algo de palpável, foram o bálsamo que necessitava para recomeçar de novo com entusiasmo a vida profissional intensa que até então tinha levado e subitamente fora interrompida.

2. Anos depois, quando uma cooperação efectiva com o Departamento de Bioquímica da Universidade de Navarra, me desloquei por períodos curtos e durante vários anos a Pamplona, relataram-me o seguinte facto.

Mons. Escrivá, um dia antes de inaugurar dois edifícios da Universidade, ao caminhar por um corredor em direcção à Reitoria, ao passar debaixo duma passagem ogival com moldura de madeira, voltou atrás e, com um gesto, apontou a moldura que estava mal assente. Virando-se para os responsáveis da obra teria dito: esta Universidade é para durar muitos anos e por isso mesmo tudo tem de ser feito com a melhor qualidade, fruto dum grande amor.

3. Anos mais tarde, de novo em Miramar, volto a ter a enorme alegria de nova audiência com Monsenhor Escrivá. Nesse mesmo dia havia uma reunião com sacerdotes, tendo dado boleia a um deles que, no regresso, me conta o seguinte facto passado com Monsenhor Josemaría Escrivá.

Tendo entrado em Portugal por Vilar Formoso, em direcção a Lisboa, nos dias que antecediam, creio que o 13 de Maio, viu uma grande quantidade de peregrinos que caminhavam em direcção a Fátima. Um ou dois dias depois vem ao Porto e vê de novo uma enorme multidão de caminhantes em direcção a Fátima. Falando aos sacerdotes terá dito, aproximadamente, que tinham de aperceber-se do bom povo que tinham. Que bem consciência disso pois haveriam de dar contas a Deus pelo seu Serviço.

Contei três histórias por mim vividas ou ouvidas de amigos.

Alguns anos mais tarde, creio que em 1976, fui a Roma e fui à campa, na cave do edifício, onde repousa o corpo do Padre Josemaría Escrivá de Balaguer. Na silenciosa oração que fiz agradeci a Deus o perfume cristão da vida do fundador do Opus Dei e as vezes sem conta que a ele tinha recorrido pedindo a sua intercessão como intermediário de Deus.

Porto, 5 de Agosto de 2002

Francisco Carvalho Guerra

Prof. Catedrático de Bioquímica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Presidente do Conselho Regional do Porto da UCP