S. Francisco, cidade rica em culturas e monumentos, é conhecida pelas suas ruas inclinadas e pelos carros eléctricos que as percorrem. A um destes sobem três vezes por mês umas quantas raparigas para dirigir-se a uma das colinas de Chinatown, o bairro chinês. Ali, num simples edifício de ladrilhos de nome Hang Ah, se encontram nos sábados de manhã para tentar resolver as suas dificuldades escolares. Um grupo de voluntárias espera-as para lhes oferecer ajuda personalizada, de acordo com as necessidades de cada una.
As tutoras, na sua maioria jovens universitárias, analisam o nível das diferentes disciplinas, para centrar a atenção nas mais difíceis. “Este tipo de voluntariado tem uma importância primordial na sociedade”, assinala Ruth Mercado, coordenadora dos programas de Hang Ah, “porque há poucas coisas mais tristes que um talento desperdiçado”.
Aos sábados de manhã começa-se com uma hora de trabalho individual, que varia segundo os casos. A uma ajudam-na nas matemáticas, até conseguir que dê com a solução dos problemas; a outra, que está lendo em voz alta, interrogam-na sobre o texto, para ajudá-la a melhorar a compreensão dos conceitos; uma terceira deve esforçar-se por escrever não só correctamente, mas segundo os requisitos próprios de cada tipo de texto e tendo em conta o leitor a que se dirige, etc. O objectivo imediato é conseguir que as jovens tirem o curso, mas o que Hang Ah Hillside pretende é muito mais: “Reach Tutoring Program”, que é como se chama o programa de ajuda académica, pretende não só que as raparigas possam melhorar em matemáticas, ciências, inglês e outras disciplinas, mas também que dignifiquem a sua vida através da aprendizagem de algumas virtudes humanas e cristãs. A oferta educativa de Hang Ah compreende também cursos de cozinha e de trabalhos manuais, conferências e aulas sobre temas de actualidade.
A formação das raparigas tem, portanto, várias frentes. Além do trabalho escolar, tem enorme importância a tutoria personalizada, na qual de semana a semana, com a ajuda de uma tutora, as raparigas revêem e actualizam os objectivos pessoais e académicos que se propuseram a si próprias. “Mais que um exame da semana, trata-se de uma conversa cordial, amável e ao mesmo tempo exigente, onde se revêem alguns pontos indispensáveis para o crescimento pessoal das meninas”, explica uma tutora.
Depois de um tempo dedicado ao estudo, as alunas recebem uma aula sobre um determinado tema. Antes de voltarem a suas casas, um almoço em comum põe ponto final à manhã.
Em apoio da mulher
A iniciativa surgiu a propósito de um programa de estudo dirigido que levaram a cabo duas mulheres residentes no bairro, Cion Nepomuceno e Genny Berry, no colégio Old St. Mary’s. Aquela actividade, que tinha começado com meninas, podia claramente alargar-se a mulheres adultas. “Toda a família tinha que ser apoiada e estimulada”, explica Genny Berry. O seu sonho fez-se realidade em 1999, quando se adquiriu e renovou o actual edifício de Hang Ah Hillside, graças à contribuição económica de um doador anónimo. Salas especiais para a assessoria, salas para as aulas, uma biblioteca, uma sala de estar...: as novas instalações dotaram este centro com a capacidade suficiente para oferecer programas formativos a mulheres profissionais. Entre outras actividades dirigidas a profissionais, despertou grande interesse um debate sobre João Paulo II e a sua teologia do corpo. Além disso, teve muito bom acolhimento o curso de orientação para casais, que dá algumas regras para conseguir harmonizar positiva e conjuntamente a vida profissional e familiar.
A nova sede de Hang Ah foi inaugurada em Janeiro de 2004 con uma cerimónia bilingue, em chinês e em inglês. Os festejos incluíram a tradicional Dança do Dragão Chinês, que ainda hoje se executa na China quando tem lugar o início de negócios ou a inauguração de eventos importantes, e uma apresentação multimédia das actividades de Hang Ah Hillside. A intervenção de Sharon Hefferan, directora de la iniciativa social ‘Metro Achievement Center’ de Chicago, animou os assistentes a sonhar com o enorme serviço que este novo centro poderá prestar tanto aos vizinhos de Chinatown como aos da zona metropolitana. “S. Francisco é o quinto maior condado dos Estados Unidos e a sua zona metropolitana conta com mais de 7 milhões de habitantes. No meio de toda esta gente, há muitos necessitados. Há que sonhar com poder ajudar e servir um dia a todos. Projectos como Hang Ah encontram o seu sentido neste contexto de autêntica solidariedade”, assinalou.
Durante os últimos anos, Hang Ah Hillside participou com um pavilhão na feira anual da ‘Chinatown Community’. Foi uma ocasião excelente para dar a conhecer a milhares de pessoas as actividades do Centro. Com este mesmo objectivo celebrou-se também recentemente uma jornada de portas abertas na qual os vizinhos de Chinatown puderam conhecer Hang Ah com os seus próprios olhos. “Aprendemos muito com os nossos vizinhos – diz Ruth Mercado –. Falando com as muitas pessoas que vieram pudemos comprovar que quando alguém se propõe melhorar o mundo, ainda que seja pouco, encontra verdadeiros amigos”.
Se deseja receber mais informação ou colaborar economicamente com Hang Ah Hillside Cultural Center pode dirigir-se a:
Ruth Mercado
883 Sacramento Street
San Francisco, CA 94108. USA