Quando nasceu, Tiago Varanda, tinha um Glaucoma congénito, uma doença grave que surge na sequência do aumento da pressão intraocular. Com o passar do tempo foi perdendo gradualmente a visão. Aos sete anos perde a vista num dos olhos e aos dezasseis perde totalmente a visão: "Este momento chegou mais cedo do que esperava e perdi, por completo, a visão".
O sacerdote natural de Lamego refere que “apesar de não ver muito, gostava de ver a luz do dia. Gostava de ver as paisagens, os contornos verdejantes das montanhas, o azul do mar o nascer e o pôr-do-sol. Foi um momento de desânimo, mas rapidamente, graças à Fé e confiança em Deus e também com a ajuda da família e de amigos, superou esta dificuldade.
"Seminário? Arranjei desculpas e não tive coragem"
Mas essa circunstância não o impediu de sonhar: namorou, foi professor de História. "Comecei então a refletir sobre o que gostava de fazer na vida e percebi, desde logo, que Deus não me pedia que fosse pai de família, mas ser sacerdote". E confessa: “Padre também é pai. Mas havia um desafio: entrar no seminário. Não tinha coragem".
Não tinha
coragem de deixar a minha profissão porque gostava muito do que fazia e porque queria ter certezas
O sacerdote confessa que "gostava muito do que fazia e queria ter certezas sobre a minha vocação: cada vez que as procurava ficava mais angustiado porque não encontrava certezas nenhumas”.
Quando estudava na universidade, em Viseu, conheceu o Opus Dei através de um amigo e começou a participar nas atividades de formação. "Procurei o acompanhamento espiritual com um sacerdote do Opus Dei. A espiritualidade da Obra ajudou-me a corresponder à chamada que Deus me tinha feito".
Confessa que com S. Josemaria aprendeu a viver a alegria: "saber que o Senhor está connosco mesmo meio das dificuldades; a Alegria de saber que a Cruz não é a última palavra. A última palavra é a Ressurreição".
A Obra ajudou-me a perceber que posso viver a Alegria no meio das dificuldades. De que a Cruz não é a última palavra. A última palavra é a Ressurreição
Na sua procura pelas "certezas" descobre algo mais importante: a Confiança. Começou a perceber que se Deus o chamava ao sacerdócio, podia confiar n'Ele e que a Sua graça nunca lhe faltaria. "Foi nesta altura que tomei coragem de entrar no seminário. Sabendo que era um risco, porque estava a abandonar o meu trabalho, que gostava muito", sentia, dentro de si, “um desejo muito grande de ser sacerdote, de poder ajudar as pessoas a encontrar Cristo”.
Um sacerdote igual aos outros
Atualmente, colabora na Paróquia de Santa Maria Maior e Sé de Braga. É capelão num lar de idosos onde celebra a Missa diariamente. É Assistente Espiritual no Departamento Arquidiocesano na Formação de Adultos, no Departamento Arquidiocesano para a Pastoral das Pessoas com Deficiência e, ainda Assistente Espiritual adjunto dos Escuteiros de Braga. Foi nomeado, pelo Arcebispo de Braga, colaborador na pastoral das confissões e do acolhimento na cidade.
Reconhece que entrou no seminário, não porque tinha a certeza que ia ser sacerdote, mas porque tinha a confiança que o Senhor o iria acompanhar e ajudar. "Sei que continuará a haver desafios e dificuldades, mas com a graça de Deus vou ultrapassá-los, por saber que Deus está presente na sua vida". E remata: "o facto de não ver pode ajudar-me muito a escutar e atender as pessoas. Torna-me muito mais sensível para estas dimensões”.
“O facto de não ver pode ajudar-me muito a escutar e atender as pessoas. Torna-me muito mais sensível para estas dimensões”
No vídeo, mostra a obra de São Josemaria, "Caminho", numa versão em braille, um recurso que o ajuda na sua vida de oração. “Agrada-me muito ler e reler, este primeiro ponto de Caminho. “ Que a tua vida não seja uma vida estéril. Sê útil. Deixa rasto. Ilumina, com o esplendor da tua Fé e do teu amor. E incendeia todos os caminhos da Terra com o fogo de Cristo que levas no coração".
Temas propostos para refletir depois deste vídeo
1. Ser alma de Eucaristia: crescer em piedade
Agiganta a tua fé na Sagrada Eucaristia. Pasma ante essa realidade inefável! temos Deus connosco, podemos recebê-lo cada dia e, se quisermos, falamos intimamente com Ele, como se fala com o amigo, como se fala com o irmão, como se fala com o pai, como se fala com o Amor. (Forja, 268)
São Josemaria Escrivá, sacerdote e fundador do Opus Dei, dedicou a sua vida à difusão da chamada universal à santidade. Com as suas palavras: aí onde estão nossos irmãos os homens, aí onde estão as nossas aspirações, nosso trabalho, nossos amores - aí está o lugar do nosso encontro quotidiano com Cristo.
3. A vocação à Obra como agregado e supranumerário da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz
A chamada à santidade no meio do mundo inclui também, naturalmente, os sacerdotes seculares incardinados nas dioceses. A vocação à Obra é a mesma: a chamada divina a procurar a santidade e a fazer apostolado nas circunstâncias e no cumprimento dos deveres próprios de cada um, com o mesmo espírito e os mesmos meios ascéticos, e formando parte da família do Opus Dei.