Biografia e vocação do Papa Leão XIV

Robert Francis Prevost (Estados Unidos, 1955) nasceu em Chicago. Em 30 de janeiro de 2023, o Papa Francisco nomeou-o Prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina. Foi criado e proclamado cardeal pelo Papa Francisco no dia 30 de setembro de 2023. Em 8 de maio de 2025, com o nome de Leão XIV, foi eleito Romano Pontífice – o 267º.

O Papa Leão XIV, Cardeal Robert Francis Prevost, O.S.A., Prefeito do Dicastério para os Bispos e Arcebispo-Bispo Emérito de Chiclayo, nasceu a 14 de setembro de 1955 em Chicago (Illinois, Estados Unidos).

Cresceu nos Estados Unidos junto dos pais e de dois irmãos. Os pais eram pessoas muito comprometidas com as atividades da paróquia. Os quatro avós eram imigrantes, franceses e espanhóis.


Próximas atividades do Papa Leão XIV


Robert Francis Prevost relata a sua vocação

Numa entrevista recente à RAI, recorda: «Conheci a Igreja através da experiência paroquial a nível local. Estudei também numa escola paroquial. Neste sentido, talvez também graças à proximidade com alguns sacerdotes diocesanos, nasceu a ideia da possibilidade de vir a ser padre.

Posteriormente, conheci a minha família religiosa, os agostinianos. Após um breve tempo de discernimento para tomar uma decisão, e também ao conhecer outros jovens que tinham ido para os agostinianos», aos 14 anos, entrou no Seminário Menor dos Padres Agostinianos.

«Antes do noviciado, é a história de um jovem que vive com outros jovens, conhecendo-se a si próprio e, como filho de Santo Agostinho, conhecendo os outros, a importância da amizade e de uma vida comunitária. Foi nesses anos que nasceu uma certa inquietação e um desejo de ser missionário: não de ficar no meu país, mas de participar nalgum tipo de atividade como sacerdote ou religioso».

Leão XIV fala sobre a importância da amizade com o pai para a sua vocação

«Lembro-me bem de alguns momentos; tinha muita confiança nos meus pais. A família era e continua a ser muito unida, embora os meus pais já tenham partido para Deus.

Recordo algumas vezes em que falei com o meu pai, que não era exatamente um diretor espiritual, mas falávamos de assuntos específicos, como as dúvidas que podem inquietar um jovem: “Talvez seja melhor deixar esta vida, casar-se, ter filhos… ter uma vida, digamos, normal, como a que conhecia na minha família”. São momentos de decisões e discernimento muito importantes para um jovem.

Ele, com a sua experiência, falava de temas como a importância da intimidade entre ele e a minha mãe, e de como era importante também, na vocação para o sacerdócio, a proximidade de Cristo, conhecer verdadeiramente Jesus, o amor de Deus na vida, para todos os cristãos. Embora o tivesse escutado centenas de vezes de sacerdotes e formadores, quando o meu pai mo dizia, de uma maneira muito humana, mas muito profunda, pensava: tem que se ouvir isto.

Pensava muito sobre o que me dizia. Foi antes de ir para o noviciado; nesse caso, ainda me lembro onde estávamos. Não estávamos em casa, não estávamos sentados como agora. Falámos várias vezes; ele era educador, professor, trabalhava em escolas, tinha essa capacidade de falar comigo. Todas essas coisas foram muito importantes».

A Igreja como comunhão de fiéis e não só como instituição

E a entrevista culminava com estas palavras: «Penso que hoje a voz da Igreja, o testemunho da Igreja, não como instituição, mas como uma comunhão de fiéis, com os mártires, com a presença e o testemunho de homens e mulheres que dão a sua vida mesmo em situações de violência, de guerra, de conflito, é uma voz que dá grande esperança ao mundo.

Nem todos têm vontade e olhos abertos para escutar a mensagem. Há um desafio muito grande para a Igreja. Deixámos demasiadas vezes que a Igreja se torne apenas uma instituição, em parte ou totalmente: o Vaticano, a Santa Sé. Há dimensões institucionais, sim. Mas isso não é o coração do que é e deve ser a Igreja».

Estudos civis, votos solenes e primeira experiência como missionário

Em 1977, licenciou-se em Matemática e fez estudos de Filosofia na Universidade de Villanova, na Pensilvânia. No dia 1 de setembro desse mesmo ano, aos 22 anos, entrou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (O.S.A.) na Província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Saint Louis. A 29 de agosto de 1981, fez os votos solenes. Estudou na Catholic Theological Union de Chicago, onde se formou em Teologia.

Aos 26 anos, foi enviado pela Ordem a Roma para estudar Direito Canónico na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (Angelicum). Foi ordenado sacerdote a 19 de junho de 1982. Licenciou-se em 1984 e depois foi enviado para trabalhar na missão de Chulucanas, em Piura, Peru (1985-1986).

Doutoramento, ordenação episcopal e nomeações

Em 1987, doutorou-se com a tese: “O papel do prior local na Ordem de Santo Agostinho[*]. Nesse mesmo ano foi eleito diretor de vocações e diretor de missões da Província Agostiniana Nossa Senhora do Bom Conselho em Olympia Fields, Illinois, Estados Unidos.

Em 1988 foi enviado para a missão de Trujillo como diretor do projeto conjunto de formação de aspirantes agostinianos nos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurimac. Ali exerceu os cargos de prior de comunidade (1988-1992), diretor de formação (1988-1998) e formador de professos (1992-1998). Na arquidiocese de Trujillo, foi vigário judicial (1989-1998) e professor de Direito Canónico, Patrística e Moral no Seminário Maior “San Carlos y San Marcelo”.

Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Nossa Senhora do Bom Conselho, em Chicago. Dois anos e meio depois, o Capítulo Geral Ordinário elegeu-o prior geral, cargo que lhe foi confiado novamente no Capítulo Geral Ordinário de 2007.

Em outubro de 2013, regressou à sua província (Chicago) como formador de professos e vigário provincial, cargos que ocupou até 3 de novembro de 2014, quando o Papa Francisco o nomeou administrador apostólico da diocese de Chiclayo, Peru, elevando-o à dignidade episcopal e atribuindo-lhe o título de Sufar. A 7 de novembro, tomou posse canónica da diocese na presença do Núncio Apostólico James Patrick Green; foi ordenado bispo no dia 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na catedral da sua diocese. O lema episcopal de León XIV foi “In Illo uno unum” (“no Único Cristo, somos um”), tirado de Santo Agostinho.

Foi bispo de Chiclayo desde 26 de novembro de 2015. Em março de 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana.

Ao serviço da Igreja, a partir de Roma

O Papa Francisco nomeou-o membro da Congregação para o Clero em 2019 e membro da Congregação para os Bispos em 2020. A 15 de abril desse mesmo ano, o Papa nomeou-o administrador apostólico da diocese de Callao.

A 30 de janeiro de 2023, o Papa Francisco nomeou-o Prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.

Foi criado e proclamado cardeal pelo Papa Francisco no Consistório de 30 de setembro de 2023, com a Diaconia de Santa Mónica.

Foi membro dos Dicastérios para: a Evangelização (Secção para a primeira evangelização e as novas igrejas particulares), Doutrina da Fé, Igrejas Orientais, Clero, Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, Cultura e Educação, Textos Legislativos; e da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano.

Na quinta-feira, 8 de maio do 2025, às 18h07m, o fumo branco anunciou ao mundo a eleição de um novo sucessor de Pedro. Na quarta votação do conclave, Robert Francis Prevost foi eleito como 267.º Sumo Pontífice da Igreja Católica e adotou o nome de Leão XIV.


[*] O Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho é o Superior máximo desta ordem mendicante fundada pelo Papa Inocêncio IV em 1244; em conjunto com o Capítulo Geral, possuem o máximo poder de governo. (Mais informação sobre o Prior Geral)