As minhas duas famílias únicas!

Angela Makolo, professora universitária e numerária do Opus Dei, partilha a forma como a sua vida foi moldada e enriquecida por duas famílias únicas: a sua família biológica unida e a sua família do Opus Dei, continuando ambas a inspirar a sua jornada de fé, serviço e mentoria.

O festejo do 55.º aniversário de casamento dos pais em Lagos, Nigéria.

Chamo-me Angela Uchebuuchechukwu Makolo, sou professora associada na Faculdade de Informática, da Universidade de Ibadan, na Nigéria. Sou a terceira de oito irmãos, nasci numa família unida na qual a disciplina, o trabalho árduo e uma fé forte faziam parte do quotidiano. Cresci na fé católica e continuei a professá-la e a valorizá-la em adulta.

Também sou numerária do Opus Dei, vivendo o dom do celibato apostólico. Descobri esta vocação há 34 anos, enquanto estudava Informática na Universidade do Benim. O meu percurso no Opus Dei começou de forma bastante inesperada, durante uma Missa, ao fim da tarde. Um encontro aparentemente casual, terminada a liturgia, em resposta direta a uma oração que tinha acabado de fazer, abriu a porta para uma vida que jamais poderia imaginar.

Num trabalho de férias, cruzei-me com uns materiais espirituais de São Josemaria Escrivá. A mensagem nesses livros ressoou instantaneamente em mim: a santidade no trabalho de todos os dias. Foi um momento “Eureka”: encontrara a vida que queria viver. Pouco depois, apresentaram-me a um grupo vibrante de mulheres jovens, numa residência de estudantes. Eram espertas, alegres, com estilo e absolutamente apaixonadas por Deus. A alegria delas era contagiante e soube que tinha encontrado outra espécie de família, que iria moldar a minha vida para sempre.

Angela, numa tertúlia virtual, pelos seus 50 anos.

Em 2022, celebrei o meu 50º aniversário. Os meus mentorados de todo o mundo organizaram-me uma festa virtual, comovendo-me profundamente quando ofereceram um cálice de ouro, para assinalar o jubileu de ouro da chegada das mulheres do Opus Dei à Nigéria. No ano seguinte, foram os meus 25 anos de fidelidade a Deus, no Opus Dei, momento de profunda gratidão e renovação de compromisso.

A minha família biológica também se mantém como fonte de alegria e enraizamento para mim. Depois da reforma, os meus pais mudaram-se para a nossa terra-natal no estado do Delta, abraçando a vida com a qual sempre sonharam, na aldeia. Em 2022, celebrámos o seu 55.º aniversário de casamento, em Lagos, com uma Missa de Ação de Graças lindíssima e uma reunião familiar alegre.

Em janeiro de 2025, o meu pai fez 90 anos. Os meus irmãos e eu viajámos até lá para celebrar essa data memorável com ele. Foi um momento muito emotivo, ele deixou-se tomar pela emoção, chorando de alegria. Nesse mesmo ano, em cumprimento de uma promessa, alguns sacerdotes do Opus Dei visitaram os meus pais na aldeia, oferecendo-lhes presentes escolhidos a dedo, com calorosa fraternidade. A minha mãe, cheia de bom humor, mesmo aos 80 e muitos anos, fez-nos rir a todos com as suas observações espontâneas.

Herdei, dos meus pais, a base do amor fiel, da disciplina, da paz e da união. O meu pai disciplinava e a minha mãe nutria, com sabedoria, era o coração da nossa casa. Como muitas mulheres africanas, sonhou vir a ser a venerada mãe de um padre católico. Tal como a minha avó, uma mulher de piedade profunda, que me ensinou o valor do trabalho árduo e da devoção. Essa aspiração também viveu em mim, até ter descoberto o meu próprio chamamento para o celibato apostólico.

Antes de entrar na Universidade de Ibadan, passei 14 anos a trabalhar em vários departamentos de informática, no Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA), acabando por liderar o departamento de software. Mas a minha paixão pelo ensino e a mentoria levou-me para a Academia. Desde então, tenho tido a alegria de formar mentes de jovens, observando a transformação de estudantes em líderes.

Tive a sorte de conseguir uma bolsa de pós-doutoramento, no Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), nos EUA, ao abrigo da Empowering the Teachers Fellowship. Lá, aperfeiçoei as minhas capacidades de investigação na escrita de propostas e ganhei uma bolsa considerável, ao abrigo do H3Africa Bioinformatics Network. Essa bolsa financiou o meu último manual: “Personalized and Facilitated Learning of Bioinformatics”, o primeiro do género escrito por um nigeriano e por um cientista da computação. Foi lançado em junho de 2024, em honra de São Josemaria e dedicado à memória de três figuras notáveis que moldaram a minha vida

TechMadel-UI.

Também concluí, com bolsa, o programa Techwomen para líderes emergentes, em Silicon Valley e, mais tarde, fundei a Techmadel, uma plataforma de mentoria para raparigas, em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Informática. Com o meu trabalho universitário, as minhas atividades no Centro de Imoran e o meu papel de consultoria em grupos de estudos católicos, tenho tido o privilégio de ser mentora de centenas de jovens mulheres.

Muitos dos meus antigos alunos e mentorados, que neste momento prosperam por esse mundo fora, mantêm-se ligados ao espírito do Opus Dei, onde quer que se encontrem. Alguns frequentam sessões de formação online, outros continuam a participar em atividades ou como mentores de jovens, em plataformas como a Techmadel. Não tenho palavras para descrever a alegria de ver o seu crescimento académico, espiritual e profissional.

No início deste ano, recebemos as caloiras no Centro de Imoran. Cerca de 80 raparigas, que tinha conhecido durante uma sessão de orientação na universidade, inscreveram-se para mentoria. A cada uma delas foi atribuída uma mentora, com base na área de estudo que escolheram. Tem sido maravilhoso vê-las desabrochar nesta rede de apoio.

Entre as caloiras, que agora participam regularmente, estão as futuras engenheiras, geólogas e profissionais na área da saúde, todas jovens brilhantes, onde encontraram um propósito, amizades e formação, enquanto estudam. Vê-las crescer relembra-me o motivo pelo qual faço o que faço.

A minha vida tem sido preenchida, de uma forma muito bonita, pela misericórdia de Deus, todos os dias. Tenho tido a bênção de mentores, que me orientaram profissional e espiritualmente. De verdade, cresci, e continuo a crescer, no abraço de duas famílias excecionais: a minha família de origem e a minha família do Opus Dei. Ambas me formaram, me amaram e continuam a enriquecer a minha vida, o meu percurso cheio de alegria, de amor e de propósito.

A família é, de facto, tudo.