Quem é parte do Opus Dei procura, com os seus erros e acertos, fazer o bem e imitar Jesus Cristo no seu dia a dia. Nada mais afastado da nossa vontade do que causar dor ao próximo, e muito menos a quem faz ou fez parte da Obra, a quem tantas vezes nos unem vínculos familiares ou de amizade. Quando isto sucede, sentimo-lo profundamente. Em muitas ocasiões, as críticas de antigos membros facilitaram uma reflexão institucional para melhorar e alterar modos de atuar, e pedimos perdão pessoalmente. Nos casos em que isto ainda não foi possível, desejamos poder fazê-lo.
Além de alguns procedimentos em que se procurou melhorar ao longo dos anos (falhas nos processos de discernimento; padrões demasiado exigentes para viver o compromisso vocacional; falta de sensibilidade para compreender o peso que essa exigência significava nalgumas pessoas; eventuais carências no acompanhamento durante o processo de saída), a abordagem assumida pela série documental não representa a realidade do Opus Dei. De maneira enviesada, apresenta a Obra como uma organização de pessoas malvadas cuja motivação é causar dano. Uma caracterização que é falsa e oposta ao que ensinava São Josemaria, verificável a partir da experiência de milhares de pessoas que vivem ou viveram uma experiência de plenitude e desenvolvimento no Opus Dei, como caminho de encontro com Deus nas realidades quotidianas.
No documentário são feitas outras acusações que a Prelatura nega categoricamente: nunca existiu “recrutamento” não informado ou forçado, “tráfico de pessoas” nem “redução à servidão”, ou um “sistema abusivo” para manipular as pessoas. Estas afirmações são uma descontextualização da formação ou da vocação que algumas mulheres escolheram livremente. Trata-se de uma narrativa criada por um advogado argentino, como se deduz do próprio documentário e reforçada por vários “especialistas” conhecidos por construir esta interpretação sobre o Opus Dei, alheia a uma abordagem de fé e de compromisso cristão.
Qualquer vocação dentro da Igreja comporta umas exigências específicas, além das dificuldades próprias da experiência humana. Estas exigências não são, de per si, motivo de falta de liberdade, e muitas delas fazem parte do seguimento de Cristo que a Igreja propôs ao longo dos séculos. Embora seja compreensível que qualquer processo de desvinculação, quando há um compromisso pessoal vivido com intensidade, gere dor e sofrimento, atualmente a maioria das pessoas que saem do Opus Dei fá-lo de forma acompanhada, sem se cortar a relação. De facto, muitas dessas pessoas continuam inspiradas pela mensagem do Opus Dei e participando nas suas atividades de formação cristã.
As boas intenções que procuramos que presidam às nossas ações não nos eximem de erros, e aceitamo-lo com desejo de melhorar. Como parte deste processo de escuta e aprendizagem puseram-se à disposição protocolos de sanação e resolução, dirigidos a receber qualquer experiência negativa que possa ter ocorrido, pedir perdão e reparar nas situações que o exigirem. Durante anos, atenderam-se individualmente, quer de maneira proativa – por exemplo, facultando a atualização ou reorientação laboral no caso de quem, durante uns tempos, se dedicou profissionalmente a trabalhos de formação ou de governo, ou à administração de centros da Obra – ou reativa – atendendo reclamações –, a pessoas que tinham saído da Obra. Estes protocolos e gabinetes recentes são mais um passo para facilitar a solução de reclamações pessoais e reatar relações.
As recentes assembleias regionais -em que participaram com as suas propostas mais de cinquenta mil pessoas, incluídos antigos membros-, o próximo congresso general ou o estudo dos Estatutos são reflexo da vontade de continuar escutando e refletindo como instituição da Igreja.
Relativamente à participação da Prelatura na série documental, nos quatro anos de pré-produção e de produção, a produtora não contactou com os Gabinetes de Imprensa da Obra, nem em Roma nem em Espanha nem noutros países. Apenas uma vez, com a série concluída, a produtora solicitou a intervenção do Prelado ou de outra pessoa autorizada a substituí-lo. As condições que a produtora pedia não eram as habituais para uma série com estas características (os prazos, por exemplo, eram inviáveis). Por parte da Prelatura, declinou-se a participação no que era um produto criado a partir de um enquadramento prévio e com um viés que só se pretendia confirmar, onde não tinha sido manifestado nenhum desejo prévio de diálogo. Teríamos participado com muito gosto no processo, mas só nos foi dada a possibilidade de uma réplica de última hora.
Links para mais informações:
- Para mais informação sobre as atividades com jovens no Opus Dei pode aceder-se a uma entrevista com Lidia Via, que trabalha desde 2019 na Assessoria Regional do Opus Dei em Espanha como responsável pelas atividades com jovens.
- Para ver testemunhos de membros que narram a sua experiência vocacional e de vida na primeira pessoa, pode aceder-se ao site “No singular, o Opus Dei em histórias pessoais”.
- Sobre alguns aspetos de la gestão económica na Prelatura: entrevista a Giorgio Zennaro, administrador de Itália.
- Para aceder a entrevistas ao Prelado, em que fala em várias ocasiões das pessoas que foram da Obra:
- Para aceder a esclarecimentos sobre informação falsa ou inexata e descontextualizada que realiza um dos jornalistas que participa no documentário, pode entrar-se no seguinte Fact-checking.
- Para mais informação sobre o caso de reclamações na Argentina mencionado no documentário, pode aceder-se ao seguintecomunicado e ao site infoycontexto.com.
- Sobre as assembleias regionais que tiveram lugar nos diferentes países: artigo sobre a conclusão das assembleias regionais.