A Ascensão de Jesus ao Céu

Textos de S. Josemaria sobre esta cena do Evangelho

Os onze discípulos partiram para a Galileia e foram para o monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, adoraram-no, mas alguns ainda duvidavam. Então Jesus aproximou-se deles e declarou: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos. Batizem-nos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo quanto eu tenho mandado. E saibam que estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 16-20).

Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos lugares mais distantes do mundo». Depois de dizer isto, foi elevado ao Céu, à vista deles, e uma nuvem encobriu-o, de modo que já não o viram mais (At 1, 8-9).

O Mestre ensina agora os Seus discípulos: abriu-lhes a inteligência para que compreendessem as Escrituras e toma-os por testemunhas da Sua vida e dos Seus milagres, da Sua paixão e morte, e da glória da Sua ressurreição (Lc 24, 45 e 48).

Depois, leva-os a caminho de Betânia, ergue as mãos e abençoa-os. E, entretanto, vai-se afastando deles e eleva-se no céu (Lc 24, 50), até que uma nuvem O ocultou (At 1, 9).

Jesus foi para o Pai. - Dois Anjos, de vestes brancas, aproximam-se de nós e dizem-nos: varões da Galileia, que fazeis a olhar para o céu (At 1, 11)?

Pedro e os restantes voltam para Jerusalém, – cum gaudio magno – com grande alegria (Lc 24, 52). – É justo que a Santa Humanidade de Cristo receba a homenagem, a aclamação e a adoração de todas as hierarquias dos Anjos e de todas as legiões dos bem-aventurados da Glória.

Mas tu e eu sentimo-nos órfãos; estamos tristes e vamos consolar-nos com Maria.

(Santo Rosário, 2.º Mistério Glorioso: A Ascensão do Senhor)


Cristo subiu aos céus, mas transmitiu a tudo o que é honestamente humano a possibilidade concreta de ser redimido. (...) Não me cansarei de repetir, portanto, que o mundo é santificável e que a nós, cristãos, nos toca especialmente essa tarefa, purificando-o das ocasiões de pecado com que os homens o tornam feio e oferecendo-o ao Senhor como Hóstia espiritual, apresentada e dignificada com a graça de Deus e o nosso esforço. Em rigor, não se pode dizer que haja nobres realidades exclusivamente profanas, uma vez que o Verbo se dignou assumir uma natureza humana íntegra e consagrar a Terra com a sua presença e com o trabalho das suas mãos. A grande missão que recebemos, no Batismo, é a corredenção. Urge-nos a caridade de Cristo (cf. 2Cor 5, 14) para tomarmos sobre os nossos ombros uma parte dessa tarefa divina de resgatar as almas.

Temos uma grande tarefa à nossa frente. Não é possível a atitude de ficarmos passivos porque o Senhor declarou expressamente: negociai até eu vir (Lc 19, 13). Enquanto esperamos o regresso do Senhor que voltará a tomar posse plena do seu Reino, não podemos estar de braços cruzados. A extensão do Reino de Deus não é só tarefa oficial dos membros da Igreja que representam Cristo, por d'Ele terem recebido os poderes sagrados. Vos autem estis corpus Christi (1Cor 12, 27), vós também sois Corpo de Cristo, ensina-nos o Apóstolo, com o mandato concreto de negociar até ao fim.

Ainda está tanta coisa por fazer! Será que em vinte séculos não se fez nada? Em vinte séculos trabalhou-se muito. Não me parece, nem objetivo nem honrado o afã de alguns em menosprezar a tarefa daqueles que nos precederam. Em vinte séculos realizou-se um grande trabalho e, com frequência, foi muito bem realizado. Outras vezes houve desacertos, regressões, como também há agora retrocessos, medo, timidez, ao mesmo tempo que não falta valentia, generosidade. Mas a família humana renova-se constantemente; em cada geração é preciso continuar com o empenho de ajudar o homem a descobrir a grandeza da sua vocação de filho de Deus e é necessário inculcar o mandamento do amor ao Criador e ao nosso próximo.

(Cristo que Passa, n. 120-121)


Nunca falo de política. Não penso na tarefa dos cristãos na terra como o nascer duma corrente político-religiosa - seria uma loucura - nem mesmo com o bom propósito de difundir o espírito de Cristo em todas as atividades dos homens. O que é preciso pôr em Deus é o coração de cada um, seja ele quem for. Procuremos falar a todos os cristãos, para que no lugar onde estiverem – em circunstâncias que não dependem apenas da sua posição na Igreja ou na vida civil, mas do resultado das mutáveis situações históricas – saibam dar testemunho, com o exemplo e com a palavra, da fé que professam.

O cristão vive no mundo com pleno direito, por ser homem. Se aceita que no seu coração habite Cristo, que reine Cristo, em todo o seu trabalho humano encontrará – bem forte – a eficácia Senhor. Não tem qualquer importância que essa ocupação seja, como costuma dizer-se, alta ou baixa, porque um máximo humano pode ser, aos olhos de Deus, uma baixeza, e o que chamamos baixo ou modesto pode ser um máximo cristão de santidade e de serviço.

(Cristo que Passa, n. 183)


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