6 de Outubro: dia de júbilo e comunhão espiritual

O Correio da Manhã (5.10.2002) recolheu os testemunhos de Marcelo Rebelo de Sousa e de João Bosco Mota Amaral.

Momento Importante

A canonização do fundador do Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer, é um momento muito importante na vida daquela instituição e, em geral, na da Igreja Católica, nesta viragem de século.

Na vida do Opus Dei é muito significativa porque assinala o reconhecimento do testemunho do seu fundador, como ser humano, como figura do clero e como cristão, na consagração da existência à mobilização dos leigos para a evangelização pela intervenção profissional e social.

Na vida de toda a Igreja, não o é menor porque sublinha a missão evangélica laical, não a isola do mundo, antes a concebe como afirmada nele, entende a vida terrena como construção quotidiana da vida eterna, apela ao optimismo consciente mas militante do cristão num tempo para tantos de angústia, de cepticismo, de descrença ou de relativização de valores.

Como cristão atento a este percurso exemplar, mesmo sem pertencer ao Opus Dei, dia 6 de Outubro é um dia de júbilo e comunhão espiritual.

Marcelo Rebelo de Sousa

Projecção Universal

Com a canonização do Padre Josemaría Escrivá de Balaguer, sobe aos altares, com projecção universal, a mentalidade laical, de que o Fundador do Opus Dei foi expoente e promotor.

O carisma do novo Santo ilumina as condições normais da vida corrente, as trivialidades domésticas e profissionais, como espaço de realização da medida alta da vida cristã, para a qual o Papa João Paulo II, aplicando os ensinamentos do Concílio Ecuménico Vaticano II, desafia todos os fiéis, no dealbar do Terceiro Milénio.

O atractivo da proposta de Escrivá reside precisamente na valorização optimista das coisas boas da vida – o trabalho, o casamento, a família, a amizade, a cidadania, o convívio social – tornadas, para cada um, conforme a própria vocação, o lugar da sua plena realização pessoal como cristão a cem por cento.

A síntese da sua visão laical encontra-se no inspirado mote: amar o mundo, apaixonadamente! Daí a exaltação da dignidade da pessoa humana e da sua liberdade, fundamentos sobre os quais assenta a missão de construir, na verdade, na justiça e na paz, a civilização do amor, estabelecida por Jesus Cristo ao proclamar irmãos todos os homens, filhos todos do mesmo Pai-Deus. Como todos, o novo Santo foi um homem do seu tempo e nele tem de ser entendido.

O vigor da sua mensagem e do seu exemplo supera, porém, quaisquer limitações derivadas daí - e da natural fraqueza da condição humana, que torna aliás os santos próximos dos homens e das mulheres comuns que todos somos e eles afinal também foram. E desafia cada um e cada uma a um olhar novo sobre a sua própria vida, ao modo como a vive, à razoabilidade e eficácia da sua busca da felicidade.

João Bosco Mota Amaral