Os textos seguintes foram extraídos da entrevista ao sucessor de São Josemaria, Mons. Álvaro del Portillo, publicada pela Rialp e traduzida para português do Brasil pela Quadrante (versão que aqui utilizamos).
– Voltemos à sua devoção trinitária. Também numa célebre homilia, publicada em Cristo que passa, o Fundador chama ao Espírito Santo o Grande Desconhecido.
Precisamente porque a Terceira Pessoa da Trindade é a menos invocada, o nosso Padre tinha-lhe uma devoção especial. Não hesito em afirmar que, na sua pregação, foi um grande pregoeiro da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Vem-me à memória, por exemplo, que em 1971, sugeriu a um sacerdote da Obra que ia pregar um retiro espiritual em L'Aquila: «Leva um tratado de Deo Trino e infunde-lhes no coração o amor ao Espírito Santo, que é infundir o amor ao Pai e ao Filho. Porque o Filho foi gerado pelo Padre desde toda a eternidade; e do amor do Pai e do Filho, também eternamente, procede o Espírito Santo. Não o entendemos bem, mas não me custa crer. Cada dia procuro aprofundar mais no mistério da Santíssima Trindade».
O nosso Fundador contou-me muitas vezes que, desde 1926 ou 1927, vivia com muita intensidade a devoção à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Fazia todos os anos o Decenário ao Espírito Santo, utilizando o livro de Francisca Javiera del Valle. Em abril de 1934, compôs uma oração ao Paráclito que entregou, manuscrita, a Ricardo Fernández Vallespín, então diretor da primeira Residência do Opus Dei.
Ure igne Sancti Spiritus!

Durante os primeiros anos de sacerdócio usava no seu Breviário umas estampas, que faziam as vezes de fitas, mas como um dia lhe pareceu ter-lhes ganho um certo apego, desfez-se imediatamente elas e substituiu-as por tiras de papel. Contou-me mais de uma vez: «Ao ver aqueles papéis em branco, comecei a escrever: Ure igne Sancti Spiritus!, queima com o fogo do Espírito Santo!». Serviram-lhe, em suma, de eficacíssimo “expediente humano” para rezar o Ofício divino em união com o Espírito Santo: «Usei-os durante muitos anos, e, cada vez que os lia, era como dizer ao Espírito Santo: Inflama-me!, faz de mim uma brasa!».
Oração de São Josemaria ao Espírito Santo
Vinde, ó Espírito Santo! Iluminai o meu entendimento para que conheça os vossos preceitos; fortalecei o meu coração contra as insídias do inimigo, inflamai a minha vontade... Ouvi a vossa voz e não quero endurecer-me e resistir, dizendo: depois..., amanhã. Nunc cœpi! Agora!, não suceda que o amanhã me venha a faltar.
Ó Espírito de verdade e de sabedoria, Espírito de entendimento e de conselho, Espírito de gozo e de paz! Quero o que quiserdes, quero porque o quereis, quero como quiserdes, quero quando quiserdes...
(in Álvaro del Portillo; Entrevista sobre o Fundador do Opus Dei, pág. 171)