Em agosto de 1932 fecharam no Cárcere Modelo três estudantes universitários conhecidos por S. Josemaria, que tinham participado num golpe militar de carácter monárquico contra a República. Eram Adolfo Gómez Ruiz, José Antonio Palacios López e José Manuel Doménech de Ibarra, que tinham acompanhado o Fundador às visitas a doentes desenganados no Hospital Geral.
Apesar dos padres não serem sempre bem recebidos naquele ambiente, S. Josemaria foi atender espiritualmente aqueles estudantes à prisão; e mesmo naquela situação continuou a pedir-lhes que se esforçassem por conviver, compreender e desculpar todos. Como era habitual, não emitiu em nenhum momento juízos de carácter temporal, partidário ou político. Sabia que a sua missão como padre consistia em ter os braços abertos a todos para os aproximar de Deus.
Estavam encarcerados na prisão com estes três estudantes, vários anarquistas, e S. Josemaria pediu-lhes que convivessem com aqueles homens com respeito e compreensão. Contaram-lhe que às vezes jogavam futebol com eles no pátio da prisão, como é lógico em equipas contrárias. Ao escutar aquilo, S. Josemaria falou-lhes de outra lógica: a da caridade. E aconselhou-os que jogassem na mesma equipa - coisa que passaram a fazer - para favorecer o respeito, o perdão e o entendimento mútuos, facto que conseguiram de modo surpreendente.
Referia José Antonio Palacios:
“Organizámos desafios de futebol misturados uns com os outros. Lembro de que eu jogava a guarda redes e os meus defesas eram dois anarco-sindicalistas. Nunca joguei futebol com tanta elegância e tão pouca violência” (VÁZQUEZ DE PRADA, A., Josemaria Escrivá. Fundador do Opus Dei, Vol. I: Senhor, que eu veja!, Editorial Verbo, Lisboa 2002, p. 440).
O Pe. Josemaria Escrivá seguia com fidelidade Pio XI, que na encíclica Dilectissima nobis (3-VI-1933) tinha falado dos católicos espanhóis: “com o Episcopado estavam de acordo não só o clero secular e religioso, mas também os católicos leigos, isto é, a grande maioria do povo espanhol. O qual, apesar das opiniões pessoais, apesar das provocações e afrontas dos inimigos da Igreja, tem estado longe dos actos de violência e represália, tem-se mantido na tranquila sujeição ao poder constituído, sem dar lugar a desordens, e menos ainda a guerras civis”.
Não existe um só documento do magistério dos Papas que justifique a insurreição contra um governo legalmente constituído.