São José se encontra em situações normais: trabalho, família, vida diária... e é ali que aprende a acolher e a tornar vida o dom de Deus. Esta atitude é necessária para todos os cristãos. Podemos pedir ao santo patriarca que renove o nosso olhar e o nosso coração para ter a juventude de abrirmo-nos aos dons e planos divinos.

Papa Francisco: o Senhor dá a força para acolher a vida

Todos somos chamados a formar lares que, imitando ao de Jesus, abram as suas portas de par em par. Acolher é ter a valentia de receber com ternura, reconhecer o que é bom, promover, ter iniciativa, não se resignar à comodidade do conhecido, nem ceder à passividade. Acolher é ter uma disposição habitual de estar sempre aberto às necessidades dos outros. José “é um protagonista corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo”[1]. O santo patriarca é um homem fiel que se abre, em primeiro lugar, à voz de Deus. Mas também acolhe o claro-escuro da história em que está inserido, acolhe os desafios que o mundo e as pessoas ao seu redor representam para sua missão. “Reaparece aqui o realismo cristão, que não joga fora nada do que existe. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora dum sentido da existência com as suas luzes e sombras. É isto que leva o apóstolo Paulo a dizer: ‘Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus’ (Rm 8, 28). E Santo Agostinho acrescenta: tudo, ‘incluindo aquilo que é chamado mal’. Nesta perspectiva global, a fé dá significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes”[2].

São Josemaria: a entrega sem condições de José

“Vede qual é o ambiente em que Cristo nasce – sugeria São Josemaria – Tudo lá insiste nesta entrega sem condições: José – uma história de duros acontecimentos, combinados com a alegria de ser o guardião de Jesus – põe em jogo toda sua honra, a serena continuidade do seu trabalho, a tranquilidade do futuro; toda a sua existência é uma total disponibilidade para o que Deus lhe pede (...). Em Belém ninguém reserva nada para si. Lá não se ouve falar de minha honra, nem de meu tempo, nem de meu trabalho, nem de minhas ideias, nem de meus gostos, nem de meu dinheiro. Lá se coloca tudo a serviço do grandioso jogo de Deus com a humanidade”[3]. Para poder acolher a realidade das outras pessoas tal como fez o santo patriarca, necessitamos abandonarmo-nos na segurança de Deus antes do que na nossa; assim estaremos dispostos a aprender tudo de todos, também com os nossos erros, porque por trás deles sempre é possível descobrir um sussurro divino.

São Josemaria gostava de reparar em como são José procura continuamente a melhor maneira de cumprir os planos divinos, que passaram a ser também os dele; “coloca toda a sua experiência humana a serviço da fé. Quando volta do Egito, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá. Aprendeu a mover-se dentro do plano divino e, como confirmação de que seus pensamentos vão ao encontro do que Deus realmente quer, recebe a indicação de se retirar para a Galiléia”[4]. Em nosso caminho para realizar a missão que Deus nos confiou, teremos avanços e retrocessos. Mas também nos momentos que podem parecer maus, podemos descobrir a voz de Deus que nos consola, nos instrui e nos ilumina.

Para meditar e rezar

São Josemaria destaca que o santo patriarca “aprendeu pouco a pouco que os planos sobrenaturais têm uma coerência divina, embora às vezes estejam em contradição com os planos humanos”[5] Por isso, precisamos pedir a sabedoria do pai terreno de Jesus para aprender a compreender essa lógica divina; e assim acolher, como vindos de Deus, as pessoas e os eventos que nos rodeiam.

Orações a São José mencionadas em Patris corde e no decreto que concede o dom de indulgências especiais por ocasião do Ano de São José.

Áudios

São José, em palavras de São Josemaria: este áudio contém vários momentos em que São Josemaria falou sobre São José, em encontros com grupos de pessoas em suas viagens à América e à Espanha. E também a transcrição e tradução de suas palavras.

Vídeos

Acolher todos, ser carinhoso, não rejeitar ninguém. Estes são os conselhos que o Fundador do Opus Dei dá para imitar Jesus Cristo, porque “Ele também não rejeitava ninguém” (vídeo: 1’31”).

Mons. Fernando Ocáriz aconselhou a “dilatar o próprio coração para acompanhar os outros” durante a sua viagem pastoral ao Canadá.

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[1] Francisco, carta apostólica Patris corde, n. 4

[2] Ibid.

[3] São Josemaria, Carta 14/02/1974, n. 2.

[4] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 42.

[5] Ibid.