1. O que é a Eucaristia?
Jesus, antes da Sua Paixão e Morte, ao celebrar a Páscoa com os apóstolos, disse-lhes: “Desejei muito comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer. Pois digo-vos: nunca mais a comerei até que ela se realize no Reino de Deus” […] E tomou pão, deu graças, partiu-o e deu-o dizendo: “Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós, fazei isto em memória de mim”. De igual modo, no fim da ceia, tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança do meu sangue, que vai ser derramado por vós”. São vários os relatos evangélicos que incluem esta verdade fulcral da nossa fé: São Lucas 22,7-20; São Mateus 26,17-29; São Marcos 14,12-25; 1 e São Paulo na epístola aos Colossenses 11,23-26.
Cada vez que o sacerdote na Missa diz as palavras da Consagração, realiza-se o milagre da Eucaristia; o que era pão e vinho, agora sob essa aparência, é o Corpo e o Sangue de Cristo.
Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo único e incomparável. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo; está presente nela de modo sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho” (Catecismo da Igreja Católica, 1374).
Contemplar o Mistério
O Criador se excedeu no carinho por suas criaturas. E como se não bastassem todas as outras provas da sua misericórdia, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Eucaristia para que pudéssemos tê-lo sempre junto de nós e porque - tanto quanto nos é possível entender -, movido por seu Amor, Ele, que de nada necessita, não quis prescindir de nós (É Cristo que passa, 84).
Por amor e para nos ensinar a amar, veio Jesus à terra e ficou entre nós na Eucaristia (É Cristo que passa, 151).
2. Como se produz essa transformação? Quando?
É pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna presente em tal sacramento. Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão: “Estejamos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a própria natureza é mudada”.
A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das espécies e inteiro em cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o Cristo (Catecismo da Igreja Católica, 1375-1377).
Contemplar o mistério
O Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade (É Cristo que passa, 83)
3. Como é que Jesus está presente na Eucaristia?
Jesus está realmente presente na Eucaristia. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo” . “Esta presença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se toma presente completo” (Catecismo da Igreja Católica, 1374).
São João no seu Evangelho apresenta outras palavras de Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, permanece em mim e eu nele” (Jo 6, 51.54.56).
Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente, com o seu Corpo, o seu Sangue, a alma e a sua Divindade.
Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo, vivo e glorioso está presente de maneira verdadeira, real e substancial, seu Corpo e seu Sangue, com sua alma e sua divindade (Catecismo da Igreja Católica, 1413).
O modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz com que da seja “como que o coroamento da vida espiritual e o fim ao qual tendem todos os sacramentos” (Catecismo da Igreja Católica, 1374).
Contemplar o mistério
O amor da Trindade pelos homens faz com que, da presença de Cristo na Eucaristia, nasçam para a Igreja e para a humanidade todas as graças. Este é o sacrifício profetizado por Malaquias: Desde o nascer do sol até o ocaso, é grande meu nome entre os povos; e em todo o lugar se oferece ao meu nome um sacrifício fumegante e uma oblação pura. É o Sacrifício de Cristo, oferecido ao Pai com a cooperação do Espírito Santo: oblação de valor infinito, que eterniza em nós a Redenção que os sacrifícios da Antiga Lei não podiam alcançar (É Cristo que passa, 86)
Ele baixa-se a tudo, admite tudo, expõe-se a tudo - a sacrilégios, a blasfêmias, à frieza da indiferença de tantos - com o fim de oferecer, ainda que seja a um único homem, a possibilidade de descobrir o bater de um Coração que salta no Seu peito chagado (Homilia Sacerdote para a eternidade, 13/04/1973)
4. Como podemos convencer-nos de que o próprio Deus está presente sob as espécies do pão e do vinho?
“A presença do verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste sacramento 'não se pode descobrir pelos sentidos, diz São Tomás, mas só com a fé, baseada na autoridade de Deus'. É altamente conveniente que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja desta maneira singular. Visto que estava para deixar os seus em sua forma visível, Cristo quis dar-nos sua presença sacramental; já que ia oferecer-se na cruz para nos salvar, queria que tivéssemos o memorial do amor com o qual nos amou “até o fim” (Jo 13,1), até o dom de sua vida. Com efeito, em sua presença eucarística Ele permanece misteriosamente no meio de nós como aquele que nos amou e que se entregou por nós, e o faz sob os sinais que exprimem e comunicam este amor (Catecismo da Igreja Católica, 1381, 1380)
Contemplar o mistério
“Adoro-Vos com devoção, Deus escondido,
que sob estas aparências estais presente.
A Vós se submete meu coração por inteiro,
e ao contemplar-Vos se rende totalmente.
A vista, o tato, o gosto sobre Vós se enganam,
mas basta o ouvido para crer com firmeza.
Creio em tudo o que disse o Filho de Deus;
nada mais verdadeiro que esta palavra de verdade.
Na Cruz estava oculta a divindade,
mas aqui se esconde também a humanidade;
creio, porém, e confesso uma e outra,
e peço o que pediu o ladrão arrependido.
Não vejo as chagas, como Tomé as viu,
mas confesso que sois o meu Deus.
Fazei que eu creia mais e mais em Vós,
que em Vós espere, que Vos ame.
Ó memorial da morte do Senhor!
Ó Pão vivo que dais a vida ao homem!
Que a minha alma sempre de Vós viva,
que sempre lhe seja doce o vosso sabor.
Bom pelicano, Senhor Jesus!
Limpai-me a mim, imundo, com o vosso Sangue,
Sangue do qual uma só gota
pode salvar o mundo inteiro.
Jesus, a quem agora contemplo escondido,
rogo-Vos se cumpra o que tanto desejo:
que, ao contemplar-Vos face a face,
seja eu feliz vendo a vossa glória. Amém”.
(Oração de S. Tomás de Aquino, incluída, em parte, no Catecismo da Igreja Católica, 1381)
É toda a nossa fé que se põe em movimento quando cremos em Jesus, na sua presença real sob os acidentes do pão e do vinho (É Cristo que passa, 153)
Senhor, creio firmemente. Obrigado por nos teres concedido a fé! Creio em Ti, nessa maravilha de amor que é a tua Presença Real sob as espécies eucarísticas, depois da consagração, no altar e nos Sacrários onde estás reservado. Creio mais do que se te escutasse com os meus ouvidos, mais do que se visse com os meus olhos, mais do que se te tocasse com as minhas mãos (São Josemaria, Carta 28-III-1973, n. 7)
5. Como se manifesta a fé em Jesus sacramentado?
Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor.
Além disso “a Igreja católica professou e professa este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a Missa, mas também fora da celebração dela, conservando com o maior cuidado as hóstias consagradas, apresentando-as aos fiéis para que solenemente as venerem, e levando-as em procissão”.
A santa reserva (tabernáculo) era primeiro destinada a guardar dignamente a Eucaristia para que pudesse ser levada, fora da missa, aos doentes e aos ausentes. Pelo aprofundamento da fé na presença real de Cristo em sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor presente sob as espécies eucarísticas. É por isso que o tabernáculo deve ser colocado em um local particularmente digno da igreja; deve ser construído de tal forma que sublinhe e manifeste a verdade da presença real de Cristo no santo sacramento (Catecismo da Igreja Católica, 1378-79).
Contemplar o mistério
Nosso Deus decidiu permanecer no Sacrário para nos alimentar, para nos fortalecer, para nos divinizar, para dar eficácia ao nosso trabalho e ao nosso esforço (É Cristo que passa, 151).
Que pressa todos têm agora para estar com Deus (…) Tu não tenhas pressa. Não faças, em vez de uma genuflexão piedosa, uma contorção do corpo (…). Faz a genuflexão devagar, com piedade, bem feita. E ao mesmo tempo que adoras Jesus sacramentado, diz-lhe no teu coração: Adoro te devote, latens deitas, Adoro-te com amor, Deus escondido (São Josemaria, Apontamentos tirados de uma tertúlia, outubro de 1972.)
Como é possível que se despreze esse milagre perpétuo da presença real de Cristo no Sacrário? Ficou para que vivamos intimamente com Ele, para que O adoremos, para que nos decidamos a seguir as Suas pegadas, como penhor da glória futura (Homilia O fim sobrenatural da Igreja).
6. O que é a Visita ao Santíssimo Sacramento?
Visto que Cristo mesmo está presente no Sacramento do altar, é preciso honrá-lo com um culto de adoração. “A visita ao Santíssimo Sacramento é uma prova de gratidão, um sinal de amor e um dever de adoração para com Cristo, nosso Senhor” (Catecismo da Igreja Católica, 1418).
Contemplar o mistério
Não abandones a visita ao Santíssimo. - Depois da oração vocal que tenhas por costume, conta a Jesus, realmente presente no Sacrário, as preocupações do dia. - E terás luzes e ânimo para a tua vida de cristão (Caminho, 554).