Meditações: Segunda-feira da Páscoa

Reflexão para meditar na segunda-feira da oitava da Páscoa. Os temas propostos são: Jesus ressuscitado encontra as mulheres; As mulheres santas tornam-se apóstolos; A coragem que surge do encontro com o Cristo ressuscitado.

- Jesus ressuscitado encontra as mulheres.

- As mulheres santas tornam-se apóstolos.

- A coragem que surge do encontro com o Cristo ressuscitado.


“O SENHOR ressuscitou dos mortos, como tinha anunciado. Exultemos de alegria, porque Ele reina eternamente. Aleluia”. Com a antífona de entrada da Missa de hoje, a Igreja convida a nos unirmos em coro a esta exclamação de alegria. O domingo de Páscoa é um mistério tão grande que a liturgia não dedica apenas um dia a ele, “seria demasiado pouco para tanta alegria”[1], mas toda esta semana, formando a oitava da Páscoa. Estes oito dias são como um longo domingo, porque não é possível conter em vinte e quatro horas a alegria de saber que Jesus, com as suas feridas gloriosas, está vivo: “Quem pode me contradizer? Eu sou Cristo, diz ele, que destruí a morte, triunfei do inimigo, calquei aos pés o inferno, prendi o violento e arrebatei o homem para as alturas dos céus. Eu, diz ele, sou Cristo”[2].

As mulheres que seguiam o Senhor, movidas pelo seu amor, tinham ido visitar o sepulcro do mestre. No entanto, elas voltaram imediatamente à casa para contar aos outros o que lhes havia acontecido: encontraram-no vazio e encontraram Jesus... que está vivo! “As mulheres partiram depressa do sepulcro”, diz-nos o Evangelho, “Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos” (Mt 28,8). É o próprio Cristo, ressuscitado, que vai ao encontro delas e as confirma nesse propósito apostólico: “Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão” (Mt 28,10).

Elas experimentam uma alegria surpreendente, compatível também com uma certa confusão, porque não é fácil esquecer as cenas da Paixão. Não questionam o que viram: não há dúvida de que foi Jesus quem cruzou o seu caminho; era a sua maneira de olhar e o seu tom de voz. “Depois dos ritos do Tríduo pascal, que nos fizeram reviver o mistério de morte e ressurreição de nosso Senhor, agora com os olhos da fé contemplemo-Lo ressuscitado e vivo. Também nós somos chamados a encontrá-lo pessoalmente e a tornarmo-nos seus anunciadores e testemunhas”[3].


MARIA MADALENA e o resto das mulheres que seguem Jesus serão encarregadas de dar a notícia aos apóstolos. Jesus lhes confia o primeiro anúncio da Ressurreição. Elas serão “as primeiras testemunhas desta verdade. Talvez ele quisesse recompensar a sua delicadeza, a sensibilidade à sua mensagem, a fortaleza, que as tinha levado ao Calvário”[4]. Os corações dessas mulheres vibram com um intenso amor a Jesus, razão pela qual elas não se afastam do sepulcro. Maria Madalena “procurava a quem não encontrara, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do seu amor, sentia a ardente saudade”. Por isso, diz São Gregório, “só ela o viu então, porque só ela o ficou procurando. Na verdade, a eficácia das boas obras está na perseverança”[5]. Essas mulheres se tornaram apóstolos de apóstolos. Serão elas que estimularão os discípulos a sair do esconderijo de uma vez por todas e a procurar também o Senhor.

A força de seu testemunho nasce de um amor sincero pelo Mestre. A força motriz da evangelização na Igreja sempre foi a caridade. Assim é na vida dos santos que, movidos pelo fogo do seu amor ao Senhor, o proclamaram corajosamente. Como os rios transbordam suas margens na primavera, tornando o campo mais fértil, “o apostolado é o amor a Deus que transborda e se dá aos outros. A vida interior exige crescimento na união com Cristo, pelo Pão e pela Palavra. E a preocupação de apostolado é a manifestação exata, adequada e necessária da vida interior. Quando se saboreia o amor de Deus, sente-se o peso das almas (...). Para o cristão, o apostolado é algo congênito: não tem nada de artificial, de justaposto, não é externo à sua atividade diária”[6].

Agora sabemos que o Senhor está vivo e nos ama; esta é a grande notícia que enche nossas vidas de esperança. Por isso, desejamos que muitos outros também possam alegrar-se com ela. O próprio Jesus vem ao nosso encontro para nos confirmar neste nosso anseio e, ao mesmo tempo, para transformá-lo na missão de seus discípulos ao longo dos tempos: “Ide anunciar”. Parece dizer a cada um de nós: “Por sua vida, por sua palavra, por sua amizade, você também pode comunicar aos seus irmãos a grande notícia de que a vida é mais forte que a morte, e o amor mais forte que o ódio”.


EM CONTRASTE com as santas mulheres, os guardas que vigiavam o sepulcro, ao descobrirem que estava vazio, ficaram cheios de terror. Pensaram que alguém havia roubado o corpo. Não sabiam como interpretar o que havia acontecido. Ficaram assustados porque perceberam que as suas vidas estavam em perigo. Entraram na cidade e informaram às autoridades judaicas. Os sumos sacerdotes e os anciãos compraram seu silêncio com uma grande soma de dinheiro e lhes garantiram proteção no caso de Pilatos ouvir falar da sua negligência.

Enquanto a coragem das mulheres renasce ao descobrir que Cristo está vivo, as autoridades falam de um homem morto a quem temem. Enquanto as santas mulheres deixam o sepulcro cheias de alegria para contar a notícia aos outros, os soldados fogem com a intenção de esconder o que aconteceu. Elas recuperam a paz; eles, pelo contrário, sucumbem ao medo e à mentira. “Também a nós, hoje, como a estas mulheres (...), o Ressuscitado repete que não tenhamos receio de nos tornarmos mensageiros do anúncio da sua ressurreição. Nada deve recear quem encontra Jesus ressuscitado e a Ele se confia docilmente. É esta a mensagem que os cristãos são chamados a difundir até aos extremos confins do mundo”[7]. Todos os dias temos “muitas ocasiões para comunicar aos outros esta nossa fé de modo simples e convicto, de modo que do nosso encontro pode nascer a sua fé. É urgente como nunca que os homens e as mulheres da nossa época conheçam e encontrem Jesus e, graças também ao nosso exemplo, se deixem conquistar por Ele”[8].

Envolvidos na alegria pascal, podemos pedir a Maria que nos transforme em testemunhas do amor de Jesus Cristo, em mensageiros da esperança  que Ele conquistou para nós por meio da sua vitória.


[1] Bento XVI, Regina coeli, 9/04/2007.

[2] Melitão, bispo de Sardes, Homilia sobre a Páscoa (Ofício de leituras).

[3] Francisco,Regina coeli, 22/04/2019.

[4] São João Paulo II, Audiência Geral, 22/02/1989.

[5] São Gregório Magno, Homilia 25, 1-2. 4-5.

[6] São Josemaria, É Cristo que passa, 122.

[7] Bento XVI, Regina coeli, 9/04/2007.

[8] Ibid.