Meditações: Domingo da 7ª semana da Páscoa – Ascensão (Ano A)

Reflexão para meditar no domingo da Ascensão. Os temas propostos são: Jesus envia os seus discípulos em missão; Ele vai para o Céu, mas não nos abandona; Cristo nos precede como cabeça.

- Jesus envia os seus discípulos em missão

- Ele vai para o Céu, mas não nos abandona

- Cristo nos precede como cabeça


QUARENTA DIAS depois da Páscoa, a Igreja celebra a Ascensão de Jesus ao Céu. “Vencendo o pecado e a morte – afirma o prefácio da missa – vosso Filho, Jesus, rei da glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto dos Céus. E tornou-se o mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade redimida”.

A Sagrada Escritura nos diz que, momentos antes de subir ao Céu, Jesus havia dito aos seus discípulos: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 18-20).

“Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações” (Lc 24,46-47). Antes de ir para a direita do Pai, Jesus deixa para trás uma tarefa ambiciosa: a de evangelizar não só o povo de Israel ou o Império Romano, mas todo o mundo, toda a criação. “Parece deveras demasiado audaz a missão que Jesus confia a um pequeno grupo de homens simples e sem grandes capacidades intelectuais! Contudo, esta restrita companhia, irrelevante diante das grandes potências do mundo, é enviada para levar a mensagem de amor e de misericórdia de Jesus a todos os recantos da terra”.

Nós também recebemos esta missão, e por isso nos sentimos tão próximos daquele dia em que Jesus ascendeu ao Céu. São Josemaria costumava dizer que “o apostolado é como a respiração do cristão; não pode um filho de Deus viver sem esse palpitar espiritual. A festa de hoje recorda-nos que o zelo pelas almas é um mandamento amoroso do Senhor: ao subir para a sua glória, Ele nos envia ao mundo inteiro como suas testemunhas. Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo implica, antes de mais nada, procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para que a nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Temos que conduzir-nos de tal maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é cristão porque não odeia, porque sabe compreender, por que não é fanático, porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama”.


JESUS pressentia que alguns de seus apóstolos ficariam tristes com sua partida para o céu. Por isso, antes da Ascensão, quis estar com eles para lhes dirigir estas palavras de consolo: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). “Enquanto parte, Ele vem levantar-nos acima de nós mesmos e abrir o mundo a Deus. Por isso os discípulos puderam transbordar de alegria quando voltaram de Betânia para casa. Na fé, sabemos que Jesus, abençoando, tem as suas mãos estendidas sobre nós. Tal é a razão permanente da alegria cristã”.

A liturgia das horas medita hoje umas palavras de Santo Agostinho sobre este mistério: “O Senhor Jesus Cristo não deixou o céu quando de lá desceu até nós; também não se afastou de nós quando subiu novamente ao céu (...). Desceu do céu por sua misericórdia e ninguém mais subiu senão ele; mas nele, pela graça, também nós subimos”. Jesus sobe ao Céu, mas não nos abandona. “Uma vez que está junto do Pai, Jesus não está longe, mas perto de nós. Agora, já não Se encontra num lugar concreto do mundo, como antes da ‘ascensão’; no seu poder, que supera todo e qualquer espaço, está presente junto de todos, podendo ser invocado por todos, através da história inteira, e em todos os lugares”.

Jesus ascende ao Pai e, ao mesmo tempo, permanece conosco: o Espírito Santo habita em nossa alma em graça e o Senhor também nos acompanha fisicamente na Eucaristia. “É possível, mesmo agora, aproximar-se intimamente de Jesus, em corpo e alma. Cristo marcou-nos claramente o caminho: pelo Pão e pela Palavra; alimentando-nos com a Eucaristia e conhecendo e praticando o que nos veio ensinar, ao mesmo tempo que conversamos com Ele na oração”.


“OS APÓSTOLOS continuavam olhando para o Céu, enquanto Jesus subia. Apareceram então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Homens da Galileia, por que ficais aqui parados, olhando para o Céu? Esse Jesus que vos foi levado para o Céu virá do mesmo modo como o vistes partir para o Céu” (Atos 1,10-11). A solenidade da Ascensão inflama-nos na esperança de partilhar a glória em que Jesus vive, à qual somos chamados como membros do seu corpo. “Subiu aos Céus, não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade”.

“Este 'êxodo' para a pátria celeste, que Jesus viveu em primeira pessoa, Ele enfrentou-o totalmente por nós. Foi por nós que desceu do Céu e por nós a ele ascendeu, depois de se ter feito em tudo semelhante aos homens (...). Deus no homem o homem em Deus: esta é já uma verdade não teórica, mas real. Por isso a esperança cristã, fundada em Cristo, não é uma ilusão, mas, como diz a Carta aos Hebreus, “nela nós temos uma âncora da nossa vida” (Heb 6, 19), uma âncora que se introduz no Céu onde Cristo nos precedeu”.

O Senhor nos espera no Céu e nos envia o Espírito Santo, seus dons e seus frutos, para que também nós alcancemos a meta. “Depois do Senhor ter sido elevado ao Céu, os discípulos reuniram-se em oração no Cenáculo, com a Mãe de Jesus (cf. Atos 1, 14), invocando juntos o Espírito Santo, que os teria revestido de poder para o testemunho que deveriam prestar de Cristo ressuscitado (cf. Lc 24, 49; Atos 1, 8). Qualquer comunidade cristã, unida à Virgem Santíssima, revive nestes dias esta singular experiência espiritual em preparação para a solenidade do Pentecostes”.


[1] Missal Romano, Missa da Ascensão do Senhor, Prefácio.

[2] Francisco, Regina coeli, 13-V-2018.

[3] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 122.

[4] Bento XVI- Ratzinger, Jesus de Nazaré, II. p. 400.

[5] Santo Agostinho, Sermão da Ascensão, 1-2; PLS 2, 494-495.

[6] Bento XVI-Ratzinger, Jesus de Nazaré, II, p. 329.

[7] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 118.

[8] Missal Romano, Missa da Ascensão do Senhor, Prefácio.

[9] Bento XVI, Angelus, 4-V-2008

[10] Bento XVI, Angelus, 8-V-2005.