A luz da fé (3): a criação (II): O Amor que abraça o mundo

Depois de termos refletido sobre os relatos da criação, podemos perguntar-nos uma vez mais: em que sentido é racional falar hoje de criação?

Que o amor tem um lugar central na realidade é uma ideia bonita e inspiradora para muitas pessoas. Mas trata-se, talvez, frequentemente, de uma convicção nostálgica: o mundo, dizem, seria um lugar melhor se todos nos guiássemos por esse princípio. A experiência do mal, das injustiças, da imperfeição do mundo, parecem fazer do amor mais um ideal a que tender do que a base sobre a qual se levantaria o próprio edifício da realidade. «Com efeito, o homem moderno crê que a questão do amor tem pouco a ver com a verdade. O amor concebe-se hoje como uma experiência que pertence ao mundo dos sentimentos volúveis e não à verdade»[1].

«Nada há mais oculto e nada mais presente do que Ele; dificilmente se encontra onde está e mais dificilmente onde não está» (Santo Agostinho)

Por contraste, a fé cristã reconhece na origem do universo um Amor pessoal e infinitamente criativo, que chegou ao ponto de entrar como um mais na Sua criação, para a salvar. «Com amor eterno te amei; por isso prolonguei a Minha misericórdia para contigo» (Jr 31,3). Muitas pessoas que trabalham com entusiasmo por melhorar o mundo reconhecem a grandeza desta visão da realidade, mas não podem deixar de ver a ideia de um ser pessoal e eterno – um ser que precede o mundo – como algo que, afinal de contas, responde a um modo de pensar «mítico e contrário ao sistema»[2]: algo alheio ao entrelaçado racional que podemos compartilhar, na medida em que se baseia na nossa experiência comum do mundo. Depois de termos refletido sobre os relatos da criação no Génesis, podemos preguntar-nos agora, uma vez mais: em que sentido é racional falar hoje de criação?

Onde está Deus?

É frequente ouvir, mesmo entre pessoas com fé, a consideração de que, enquanto a ciência baseia as suas afirmações em provas seguras, a ideia de Deus basear-se-ia em tradições ou suposições não verificáveis. À primeira vista, parece difícil objetar algo a esta ideia. No entanto, se se tiver em conta que «provas seguras» significa aqui «evidências empíricas», compreende-se que essa segurança tem um alcance limitado pela própria ciência, que deliberadamente se concentra nos aspetos empíricos e mensuráveis da realidade. Esta decisão estratégica permitiu à ciência crescer exponencialmente, mas implica também que o seu estudo não pode abarcar todo o espetro da realidade, ou não pode ao menos descartar que este espetro seja mais amplo. Por outro lado, como toda a disciplina – e isto inclui também a teologia – a ciência experimental tem pressupostos que ela própria não pode demonstrar. Um deles é a existência da realidade que estuda, que requere necessariamente uma reflexão racional de outro tipo. Entende-se assim que a revelação cristã não venha a questionar o método da ciência nem os seus evidentes êxitos: na realidade, precede-o e abre-lhe horizontes mais amplos.

Certamente, o modo peculiar como Deus se faz presente no mundo pode fazê-Lo aparecer por vezes como um grande ausente. Escrevia Santo Agostinho: «Nada há mais oculto e nada mais presente do que Ele; dificilmente se encontra onde está e mais dificilmente onde não está»[3]. Este paradoxo, esta encruzilhada de sim e não, que parece indicar um curto-circuito, fala pelo contrário da necessidade de abrir a racionalidade a outro nível[4]. Deus não é uma realidade como outras neste mundo, nem intervém necessariamente nos processos naturais de modos empiricamente verificáveis. Deus atua num nível muito mais profundo, mantendo o ser próprio de todas as coisas, fazendo com que as coisas sejam. Ao falar d’Ele, mesmo para negar a sua existência, a linguagem vai sempre para além do marco de rigor próprio da ciência experimental, e enxerta-se numa linguagem diferente, que a própria ciência pressupõe, e que tem também um rigor próprio: a linguagem filosófica ou metafísica. Por isso, o deus a quem se quereria obrigar a revelar-se através de instrumentos de observação científica, não seria o verdadeiro Deus, mas uma sua caricatura. E o verdadeiro Deus não vem interferir na ciência, porque se situa num nível de realidade anterior à própria ciência. Deus não cabe nas leis da física, porque são antes as leis da física que «cabem» n’Ele[5].

Uma ciência sem Deus não libertaria o mundo dos mitos, porque inevitavelmente ficariam sempre fissuras a preencher com outras explicações

O contributo da ciência foi determinante para que o homem tomasse consciência da imensidade do universo, da sua evolução dinâmica; para compreender as suas leis, bem como a trajetória evolutiva, que forma uma espécie de pré-história biológica do aparecimento do homo sapiens sobre a terra. No entanto, a ciência não pode explicar até ao fim a origem do universo, porque esse evento não liga dois «estados» da mesma realidade. Explicar a «lei» com que se passou do nada para a primeira forma embrionária do universo está para além das possibilidades da ciência, porque o nada escapa a qualquer representação científica. Toda a teoria cosmológica assume uma estrutura espacio-temporal como ponto de partida; e o nada em sentido radical, quer dizer, o não-ser, cai sempre fora desta estrutura: o limiar que separa o ser e o nada é metafísico[6]. Entende-se, por isso, que o diálogo entre a ciência e a teologia não seja só desejável mas necessário, e que requeira a mediação da filosofia, mais do que como um árbitro para pôr paz entre partes em litígio, como um interlocutor capaz de compreender o alcance e as possibilidades de ambas as disciplinas.

No coração do real

Mesmo aproximando-se até à própria origem do universo, pois, a ciência fica sempre deste lado da realidade, dentro do ser. São muitos os cientistas que, ao identificar esse umbral, se apercebem da necessidade de empreender uma reflexão filosófica, a partir da qual é possível chegar a compreender a necessidade de um Criador na origem do universo. «É, sem dúvida, um grande livro da própria beleza da criação. Contempla, olha, lê a sua parte superior e a sua parte inferior. Deus não fez letras de tinta, mediante as quais pudesses conhecê-Lo: pôs diante dos teus olhos essas mesmas coisas que fez. Porque procuras uma voz mais potente? A ti clamam o céu e a terra: “Deus fez-me”»[7].

No entanto, a própria filosofia depara-se também com perguntas limite: Porquê o ser e não antes o nada? Porque existo? Neste sentido, a fé cristã vem contribuir com «uma imagem de Deus nova, mais elevada do que nunca a razão filosófica pudesse formular e pensar. Mas a fé também não contradiz a doutrina filosófica de Deus; (…) a fé cristã em Deus aceita em si a doutrina filosófica de Deus e consuma-a»[8]. Perante a pergunta acerca do porquê, do sentido último da existência – pergunta que nalgum momento da vida se torna decisiva para todos – faz-se silêncio. Levanta-se, então, a fé cristã e responde serenamente: Deus estava aí antes do mundo, pensou nele e criou-o com amor.

Esta simples afirmação produz, na realidade, o contrário do que por vezes se atribui à noção de criação: desmitifica o universo. A compreensão do mundo como criação de Deus é «a “Iluminação” decisiva da história (…), a rutura com os temores que tinham reprimido os homens. Significa a libertação do universo pela razão, o reconhecimento da sua racionalidade e da sua liberdade»[9]. Embora a ciência seja capaz de ler uma parte importante da lógica interna da natureza, uma ciência sem Deus não libertaria o mundo dos mitos, porque inevitavelmente ficariam sempre fissuras a preencher com outras explicações[10]. Não é possível, pela autolimitação da ciência ao empírico, que ela própria cubra algum dia todas essas fissuras; e o homem tão pouco vai deixar de se perguntar por elas, porque o próprio facto de o fazer – como, de resto, o próprio exercício da ciência – mostra que transcende a ordem do empírico. O espírito humano, que se manifesta, entre outras coisas, no facto de que cada um de nós percebe a sua identidade face ao mundo, no facto de que nos perguntemos por essas fissuras, e, mesmo que alguém possa considerar estúpido, perguntar-se por elas… tudo isso põe de manifesto, inclusivamente uma reflexão meramente filosófica, que nós mesmos – embora sendo um microcosmos, que compartilha com o universo os seus próprios elementos – somos algo mais do que simples mundo.

A liberdade pessoal e a autoconsciência, pelas quais nos percebemos distintos do mundo, são por isso também grandes frestas através das quais o homem pode assomar à transcendência: falam do Deus pessoal que é ainda mais radicalmente distinto do mundo, e que o cria livremente. E vice-versa, no reconhecimento de que a realidade tem a sua origem nessa Liberdade criadora joga-se o próprio reconhecimento da liberdade humana e, portanto, da dignidade de cada pessoa[11]. Este é um dos sentidos fundamentais em que o Génesis diz que «Deus criou o homem à Sua imagem» (Gn 1,27): nós próprios somos um espelho no qual se pode entrever Deus. Por isso o Beato John Henry Newman identificava na consciência o «nosso grande mestre interior de religião»[12], um «princípio de conexão entre a criatura e o criador»[13].

A fé na criação, pois, não vem acrescentar de fora o «mundo do espírito» ao mundo material: antes afirma decididamente que Deus abraça o universo material inteiro. A intuição poética de Dante expressou-o de modo imortal: «Deus é o amor que move o sol e as demais estrelas»[14]. Neste coração do real está Deus, e Deus quer o mundo, e cada um: «aberta a Sua mão com a chave do amor, surgiram as criaturas»[15]. Tem grande profundidade teológica, nesse sentido, um pensamento recorrente em S. Josemaria; à hora de atuar, costumava dizer, esta é «a razão mais sobrenatural: porque nos dá na real gana»[16]. A liberdade e o amor, como a racionalidade do mundo, falam de Deus. Por isso, se Santo Agostinho reconhecia Deus no livro da natureza, encontrava-O também na intimidade da sua alma: «eis que Tu estavas dentro de mim e eu fora, e fora andava-Te eu a procurar (…), chamaste e clamaste, e quebraste a minha surdez; brilhaste e resplandeceste, e afugentaste a minha cegueira»[17].

O milagre do mundo

A realidade dos milagres responde a esta mesma prioridade a respeito do mundo da liberdade, o amor e a sabedoria de Deus. Com o seu peculiar estilo paradoxal, dizia Chesterton: «Se um homem crê na inalterabilidade das leis da natureza, não pode crer em nenhum milagre de nenhuma época. Se um homem crê numa vontade anterior às leis, pode crer em qualquer milagre de qualquer época»[18]. Os três evangelhos sinópticos falam de um leproso que se aproxima de Jesus, pedindo-lhe a cura. Jesus responde: «Quero, fica limpo» (Mt 8,3). Deus cura aquele homem porque quer, do mesmo modo que criou o mundo e criou cada um, porque quer, por amor. Comentando o relato de outro milagre, a cura de um cego, observava Bento XVI: «Não é casualidade que o comentário conclusivo das pessoas depois do milagre recorde a valorização da criação no começo do Génesis: “Fez tudo bem” (Mc 7,37). Na ação curativa de Jesus entra claramente a oração, com o Seu olhar para o Céu. A força que curou o surdo-mudo foi provocada certamente pela compaixão para com ele, mas provém do facto de que recorre ao Pai. Entrecruzam-se estas duas relações: a relação humana de compaixão para com o homem, que entra na relação com Deus, e assim se converte em cura»[19].

Vivemos por milagre: cada instante da nossa vida corrente se desenvolve no meio do milagre de um mundo que existe por amor

Os milagres, pois, não são exceções que põem em causa a solidez e a racionalidade do mundo, mas que apontam para a própria raiz dessa solidez: põem de manifesto o verdadeiro milagre, que é a própria existência do universo e da vida; o verdadeiro milagre – miraculum, algo diante do qual só cabe admirar-se – é a criação de Deus. A abertura da razão a este início dos inícios não só torna os milagres razoáveis, mas também torna razoável, sobretudo, o próprio mundo. «A uniformidade e a generalidade das leis naturais (…) levam a pensar que a natureza se basta a si própria. E, no entanto, não há solução de continuidade entre a criação e o acontecimento mais habitual e banal. O milagre intervém para nos convencer disso»[20].

Diz-se às vezes que «vivemos por milagre», para referir-se aos modos surpreendentes como se resolvem certos problemas ou perigos. Na realidade, a expressão recolhe uma verdade radical: cada instante da nossa vida corrente se desenvolve no meio do milagre de um mundo que existe por amor. «Cada um de nós, cada homem e cada mulher, é um milagre de Deus, é querido por Ele e é conhecido pessoalmente por Ele»[21]. Como dizia S. Paulo aos que o escutavam no Areópago de Atenas, «n’Ele vivemos, nos movemos e existimos» (Act 17,28). Por isso, «para a tradição judaico-cristã, dizer “criação” é mais do que dizer natureza, porque tem que ver com um projeto do amor de Deus onde cada criatura tem um determinado valor e significado»[22].

***

«Dou-Te graças porque me fizeste como um prodígio» (Sal 139,14): a fé na criação cifra-se numa atitude profunda de agradecimento. Apesar da dor e do mal presentes no mundo, a realidade inteira – e em especial a própria existência e a dos que nos rodeiam – aparece como uma promessa de felicidade: «Todos os sedentos, vinde às águas! E os que não tendes dinheiro, vinde! (…) Comprai, sem dinheiro e sem nada em troca, vinho e leite» (Is 55,1). O homem sabe-se inerme – porque realmente o é – mas destinatário de uma generosidade infinita que o chama a viver, e a viver para sempre. Santo Ireneu sintetizou-o numa máxima célebre: «A glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus»[23]. Com este olhar, a vida não é uma simples luta pelo êxito ou pela sobrevivência, nem sequer nas condições mais extremas: é espaço para o agradecimento, para a adoração, em que o homem encontra o seu verdadeiro descanso[24]. «Que maravilhosa certeza é que a vida de cada pessoa não se perde num desesperante caos, num mundo regido pela pura casualidade ou por ciclos que se repetem sem sentido! O Criador pode dizer a cada um de nós: “Antes que te formasses no seio de tua mãe, Eu te conhecia” (Jr 1,5). Fomos concebidos no coração de Deus, e por isso “cada um de nós é o fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um é amado, cada um é necessário”»[25].

Marco Vanzini / Carlos Ayxelá


Leituras para aprofundar

Catecismo da Igreja Católica, nn. 279-324.

Francisco, Enc. Laudato si’, capítulo II, “O evangelho da criação” (nn. 62-100)

Bento XVI, Audiência, 6-II-2013; Audiência, 9-XI-2005

Homilia na Vigília Pascal, 23-IV-2011; Homilia na Vigília Pascal, 7-IV-2012.

Mensagem ao Meeting de Rimini, 10-VIII-2012.

Discurso à Pontifícia Academia das Ciências, 31-X-2008.

Discurso na Universidade de Ratisbona, 12-IX-2006.

João Paulo II, Catequese sobre a criação, 8-I-1986 – 23-IV-1986.

João Paulo II, Memória e identidade, Bertrand Editora, Lisboa 2005


Artigas, M.; Turbón, D. Origen del hombre. Ciencia, filosofía y religión, Eunsa, Pamplona 2007.

Chesterton, G. K. Santo Tomás de Aquino, Rialp, Madrid 2016 (On Saint Thomas Aquinas).

Guardini, R. O princípio das coisas: Meditações sobre os três primeiros capítulos do Génesis, publicado em Meditaciones Teológicas, Cristiandad, Madrid, 1965, 13-113. (Der Anfang der Dinge [Meditationen über Genesis, Kapitel 1-3]).

– “El ojo y el conocimiento religioso”, em Los sentidos y el conocimiento religioso, Cristiandad, Madrid, 1965, 21-48. (“Das Auge und die religiöse Erkenntnis”).

La aceptación de sí mismo. Lumen, Buenos Aires 2016; Cristiandad, Madrid 1962 (Die Annahme seiner selbst).

Kehl, M. La creación, Sal Terrae, Bilbao 2011 (Schöpfung: Warum es uns gibt).

Marmelada, C.; Palafox, E.; Llano, A. En busca de nuestros orígenes. Biología y trascendencia del hombre a la luz de los últimos descubrimientos, Rialp, Madrid 2017.

Maspero, G.; O’Callaghan, P. Creatore perché Padre. Introduzione all’ontologia del dono, Cantagalli, Siena 2012.

Polkinghorne, J. Science and Theology, Parallelisms, em Tanzella-Nitti, G. y Strumia, A. (eds.), Interdisciplinary Encyclopedia of Religion and Science, www.inters.org.

Ratzinger, J. Progetto di Dio. Meditazioni sulla creazione e la Chiesa, Marcianum Press, Veneza 2012 (Gottes Projekt. Nachdenken über Schöpfung und Kirche).

Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 2005 = En el principio creó Dios [incluye la conferencia Consecuencias de la fe en la creación], Edicep, Valência 2008 (Im Anfang schuf Gott. Vier Münchener Fastenpredigten über Schöpfung und Fall. Konsequenzen des Schöpfungsglaubens).

Deus e o mundo, Edições Tenacitas, Coimbra 2006

Sanz, S. A criação, em www.opusdei.org

Tanzella-Nitti, G. Creation, em Tanzella-Nitti, G. y Strumia, A. (eds.), Interdisciplinary Encyclopedia of Religion and Science, www.inters.org.


[1] Francisco, Enc. Lumen Fidei (29-VI-2013), 27.

[2] J. Ratzinger, La fiesta de la fe, Desclée, Bilbao 1999, 25.

[3] Santo Agostinho, De quantitate animae, 34, 77.

[4] É neste sentido que Bento XVI falou «da valentia para abrir-se à amplidão da razão» (Discurso na Universidade de Regensburg, 12-IX-2006).

[5] «Albert Einstein disse que nas leis da natureza “se revela uma razão tão superior que toda a racionalidade do pensamento e dos ordenamentos humanos é, em comparação, um reflexo absolutamente insignificante” (…). Um primeiro caminho, portanto, que conduz à descoberta de Deus é contemplar a criação com olhos atentos» (Bento XVI, Audiência, 14-XI-2012).

[6] Nesse sentido, explica S. Tomás de Aquino que para retirar o ser do nada é necessária uma «potência infinita» (cfr. Summa Theologica I, q. 45, 5, ad 3): uma capacidade que não pode ser comunicada a nenhuma criatura, precisamente porque – como podemos perceber na nossa própria existência – as criaturas são contingentes, quer dizer, poderiam não ter sido nunca (Summa Theologica I, q. 104, 1)

[7] Santo Agostinho, Sermão 68, 6.

[8] J. Ratzinger, El Dios de la fe y el Dios de los filósofos, Encontro, Barcelona 2007, 13.

[9] J. Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 2005, 37.

[10] São muitos os cientistas que assim o entendem; basta mencionar Einstein, que, a partir de uma ideia peculiar de Deus chegou a dizer que «a ciência sem a religião está coxa; a religião sem a ciência é cega» (Pensieri, idee, opinioni [1934-1950], Newton Compton, Roma 1996, p. 29); e a Georges Lemaître, sacerdote e físico, que pôs as bases do que mais adiante se chamaria, ao princípio com ironia, e depois mais seriamente, o Big Bang.

[11] Cfr. J. Ratzinger, La fiesta de la fe, 25-26: «Se, partindo da realidade, a personalidade não é possível ou não existe, tão pouco pode existir em nenhum outro sítio. A liberdade ou é possível partindo do fundamento da realidade ou então não existe».

[12] Beato John Henry Newman, An Essay in Aid of a Grammar of Assent, Longmans Green and Co, Londres 1903, 389.

[13] Ibidem, 117.

[14] «L’amor che move il sole e l’altre stelle» (Dante, Commedia. Paradiso, XXXIII, 145).

[15] S. Tomás de Aquino, Commentum in secundum librum Sententiarum, Prologus (citado em Catecismo da Igreja Católica, 293).

[16] S. Josemaria, Cristo que passa, 184.

[17] Santo Agostinho, Confissões, X, 27, 38.

[18] G. K. Chesterton, Orthodoxy, New York, Dover 2012, 67.

[19] Bento XVI, Audiência geral, 14-XII-2011.

[20] J. Guitton, Le temps et l’éternité chez Plotin et saint Augustin, Aubier, Paris 1955, 176-177.

[21] Bento XVI, Audiência geral, 23-V-2012.

[22] Francisco, Laudato si’, 76.

[23] Santo Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 7 (citado em Catecismo da Igreja Católica, 294).

[24] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, 347. Criação, milagre, adoração, agradecimento… Não é casual que estes motivos convirjam no mistério eucarístico: «A Eucaristia une o Céu e a terra, abraça e penetra tudo o criado. O mundo que saiu das mãos de Deus regressa a Ele em feliz e plena adoração» (Francisco, Laudato si’, 236).

[25] Francisco, Laudato si’, 65; cfr. Bento XVI, Homilia no solene início do ministério petrino (24-IV-2005).