Romaria à Santa Casa do Loreto

Até finais do século XIII, os peregrinos da Antiguidade e da Idade Média conheciam a Casa de Maria em Nazaré, sobre a qual se construiu primeiro uma igreja bizantina e depois uma basílica dos cruzados. São Josemaria considerava-se especialmente devedor a Nossa Senhora de Loreto (Itália) por uma necessidade muito grave que colocou sob o seu manto a 15 de agosto de 1951.

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A casa onde Nossa Senhora teria recebido o anúncio do anjo foi objeto de uma devoção especial durante séculos. Duas cidades pareciam disputar o privilégio de conservar esse lugar santo: Nazaré, na Palestina, e uma localidade da costa italiana do mar Adriático chamada Loreto, a quase trinta quilómetros da cidade de Ancona.

O trabalho consciencioso de arqueólogos e historiadores contribuiu – com resultados particularmente interessantes nos últimos anos – para resolver o aparente enigma, comparando os resultados das escavações e estudando as fontes documentais: as duas tradições são perfeitamente conciliáveis. Tratar-se-ia de duas partes de uma mesma casa: a interior, com a aparência de uma gruta, é ainda venerada na Basílica da Anunciação em Nazaré; a outra, de alvenaria, teria estado anexada à gruta e é a que se encontra em Loreto.

Até ao final do século XIII, os peregrinos da Antiguidade e da Idade Média conheciam a Casa de Maria em Nazaré, sobre a qual foi construída, primeiro, uma igreja bizantina e, depois, uma basílica dos cruzados. No auge do declínio do reino cristão na Palestina, a invasão devastadora do sultão Bajbars, em 1263, devastou a Galileia e destruiu quase completamente a Basílica da Anunciação em Nazaré. Alguns anos mais tarde, em 1291, os últimos cruzados tiveram de abandonar definitivamente a Terra Santa, quando a cidade de Acre foi perdida. A tradição lauretana situa nesta data a transferência da Santa Casa. Antes de chegar ao território de Ancona, terá permanecido por um breve período em Tersatto (Dalmácia).

Loreto foi e continua a ser um destino de peregrinação para multidões. Como em tantos outros santuários marianos, Nossa Senhora concedeu favores àqueles que, sem outro recurso possível na terra, confiaram as suas necessidades à proteção da Rainha do Céu.

Na porta do Santuário da Santa Casa, Loreto.

«Em Loreto, estou especialmente em dívida com Nossa Senhora»

São Josemaria esteve pela primeira vez em Loreto a 3 e 4 de janeiro de 1948. Mas considerava-se especialmente devedor a Nossa Senhora de Loreto por uma necessidade muito grave que colocou sob o seu manto três anos depois, a 15 de agosto de 1951.

Eram tempos em que no Opus Dei e na pessoa do Fundador grassavam duras contradições. “Sofri muito durante esses anos – escrevia em 1961 –, não o posso ocultar, mas devo dizer-vos também que – sem milagres de espécie alguma – o Senhor me confortava e me dava novas forças todos os dias, para defender o caminho, para seguir os seus desígnios”. (...) “Sem saber a quem recorrer aqui na terra – continuava São Josemaria – recorri, como sempre, ao Céu”. A 15 de agosto de 1951, depois de uma viagem – porque não dizê-lo – penitente, fiz a consagração da Obra ao Coração Dulcíssimo de Maria, em Loreto.

Chegaram a Loreto na tarde de 14 de agosto. Estacionaram o carro e saíram rapidamente para rezar durante alguns momentos diante da imagem de Nossa Senhora. A Basílica está cheia de gente. Cumprimentou Nossa Senhora e, quinze ou vinte minutos mais tarde, regressava sorridente para o carro.

No dia seguinte, bem cedo, regressou a Loreto “para celebrar a Missa e, sem fórmula, mas com palavras cheias de fogo e de fé, fazer aquela consagração. Na Missa, fê-lo com o coração; e depois da Missa, falando em voz baixia aos que estavam ao seu lado, renovou a consagração que acabara de fazer, em nome de toda a Obra.

São Josemaria tinha partido de Roma com um grande sofrimento no coração. Ao regressar de Loreto, parecia transformado. Depositou o grande peso que o afligia aos pés de Nossa Mãe, certo de que Ela o escutaria.

Um mês depois, escrevia aos fiéis do Opus Dei: “A Santíssima Virgem fez com que não me faltassem, naquelas horas duras, a fortaleza necessárias para defender a nossa vocação: Coração dulcíssimo de Maria, prepara-nos um caminho seguro”.

Também se deslocou a Loreto noutras ocasiões para manifestar o seu amor a Nossa Senhora: a 7 de novembro de 1953, a 12 de maio de 1955, a 8 de maio de 1969 e a última a 22 de abril de 1971, quando rezou especialmente pela Igreja, que atravessava momentos muito difíceis.


A partir deste site poderá visitar o interior da Santa Casa.