Romarias a Nossa Senhora do Pilar

Em Saragoça, nas margens do Ebro, ergue-se a esplêndida basílica do Pilar, no lugar onde na época muçulmana havia um templo dedicado a Santa Maria. Durante os anos que passou em Saragoça, no seminário e a estudar Direito Civil, as visitas de São Josemaria ao Pilar eram diárias.

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A Virgem do Pilar é uma das mais antigas invocações marianas. Segundo a tradição, quando a Mãe de Jesus ainda vivia em Jerusalém, na madrugada de 2 de janeiro do ano 40, São Tiago Maior viu-A chegar em carne e osso às margens do rio Ebro, acompanhada por um grupo de anjos que transportavam uma coluna.

O Apóstolo tinha sido um dos primeiros a ir pregar o Evangelho nos confins ocidentais da Europa: a finis terræ – a Península Ibérica – que fazia então parte do Império Romano. O Apóstolo São Tiago estava sobrecarregado com a difícil tarefa e Maria quis mostrar a sua preocupação maternal aparecendo para o encorajar. Segundo a mesma tradição, Tiago foi encarregado por Nossa Senhora de construir uma capela em sua honra no local da aparição.

Atualmente, na basílica do Pilar, em Saragoça, conserva-se a coluna da aparição e tem sido venerada pelos visitantes ao longo dos séculos. A escultura da Virgem tem menos de quarenta centímetros de altura. As suas linhas são do gótico tardio e, pela forma como a túnica está abotoada, o cinto com fivela, a cintura alta e os sapatos, pode ser datada do século XV. A figura do Menino não segue o estilo escultórico da Virgem e foi, sem dúvida, acrescentada a esta última, quer para a completar, quer, mais provavelmente, para substituir uma anterior destruída ou deteriorada. Com traços populares, segura numa mão um passarinho e na outra agarra com força o manto da sua mãe. O conjunto é colocado sobre o Pilar, a coluna de jaspe liso revestido de prata lavrada, que – exceto nos dias 2, 12 e 20 de cada mês – é coberto por um manto bordado, que é mudado diariamente.

São Josemaria no Seminario de São Carlos, Saragoça (Espanha). Outubro, 1922.

A Virgem do Pilar na vida de São Josemaria

“A minha devoção à Virgem do Pilar sempre me acompanhou: os meus pais, com a sua piedade de aragoneses, incutiram-na na minha alma de criança”, assegurava São Josemaria.

Em 1909, quando tinha sete anos e frequentava o colégio Escolápios de Barbastro, cantava-se a invocação popular à Virgem: “bendita e louvada seja a hora em que Maria Santíssima veio em carne mortal a Saragoça...”. E esta devoção acompanhou-o até ao fim da sua vida. Em Roma, no quarto que utilizava, há duas estantes embutidas onde tinha – nos últimos dois ou três anos da sua vida – uma pequena imagem da Virgem do Pilar que beijava todas as manhãs ao acordar; e na sala de trabalho, numa cómoda escura, há outra representação em tamanho natural desta devoção.

Durante os anos que passou em Saragoça, no seminário e a estudar Direito Civil, as suas visitas ao Pilar eram diárias. “Como era amigo de vários clérigos que cuidavam da Basílica, um dia pude ficar na igreja depois de as portas estarem fechadas. Dirigi-me à Virgem, com a cumplicidade de um desses bons sacerdotes, já falecido, subi as poucas escadas que as crianças conhecem tão bem e, aproximando-me, beijei a imagem da Nossa Mãe. Eu sabia que não era esse o costume, que beijar o manto só era permitido às crianças e às autoridades (...). No entanto, estava e estou seguro de que a minha Mãe do Pilar ficou contente por, por uma vez, eu ter fugido aos costumes estabelecidos na sua catedral. Continuo a tratá-l'A com amor filial. Com a mesma fé com que A invocava naqueles dias, por volta dos anos 20, quando o Senhor me fazia pressentir o que esperava de mim: com a mesma fé A invoco agora (...). Sob a sua proteção, estou sempre feliz e seguro”. Essa oração perante Nossa Senhora do Pilar, pedindo-lhe que visse e que fosse o que Deus queria para ele, preparou os alicerces do Opus Dei.

São Josemaria celebrou a sua primeira Missa solene na Capela do Pilar, em Saragoça. Quando se mudou para Madrid e – anos mais tarde – para Roma, continuou a visitar Nossa Senhora do Pilar sempre que podia. A última vez foi a 7 de abril de 1970.

Uma frase de São Josemaria, recolhida no Libro de Aragón, recorda que “o Pilar é sinal de fortaleza na fé, no amor, na esperança”.

Oração que alguns aragoneses repetem a Nossa Senhora: “Virgem Santa do Pilar, antes morrer que pecar”.