Diante da verdade, até do simples conceito de verdade, há pessoas cépticas, muitas pessoas relativamente indiferentes, e há pessoas que nenhuma noção têm da verdade.
Mas, conhecer a verdade é uma necessidade? Um filósofo polaco, Lester Kołakowski, escreve, com grande veemência, o seguinte: “É impossível erradicar o desejo humano da verdade – verdade no sentido vulgar da palavra: o simples, elementar desejo de saber o que é ‘verdadeiramente verdadeiro’, verdadeiro sem qualificações (...). Queremos saber o que é verdadeiro, mesmo que isso não interesse muito para a nossa vida do dia-a-dia. A busca de uma realidade que não possa ser uma ilusão, de uma verdade sobre a qual não seja possível nenhum erro, é impossível de evitar”.
É esta a verdade do homem: a busca da verdade. Mas às vezes até o desejo da verdade pode consegue ser silenciado no coração humano. Alasdair MacIntyre, filósofo moralista contemporâneo, fazia em 1953 esta análise: “Os homens de hoje não são nem ateus nem humanistas, no sentido de se comprometerem em alguma causa; deixaram pura e simplesmente de acreditar no que quer que seja”.
E o Papa? O Papa João Paulo II acredita que a verdade existe, e não é inventada pelo homem, não resulta de uma convenção, de um acordo de sábios, de uma assembleia de políticos, nem da decisão de um poder autocrático ou de uma maioria democrática. Não muda ao ritmo do tempo ou ao sabor dos ventos. E também não é um facto bruto, arbitrário, que se nos impõe, que nos esmaga, que nos escraviza, que nos determina contra a nossa vontade. A verdade existe e é sumamente boa e bela.
Sobre a verdade, o Papa tem uma certeza de fé profunda, firme e serena. Por isso escreve: “o esplendor da verdade brilha em todas as obras do Criador e particularmente no homem, criado à imagem e semelhança de Deus”.
Apesar de tudo, apesar de que, com muita frequência, o homem “vai à procura de uma liberdade ilusória fora da própria verdade”, o Papa crê que em todo o homem permanece sempre uma saudade profunda, “a nostalgia da verdade absoluta e a sede de chegar à plenitude do seu conhecimento”. “Nenhum homem pode esquivar-se às perguntas fundamentais: Que devo fazer? Como discernir o bem do mal?”
A resposta a estas perguntas existe, porque “a resposta decisiva a cada interrogação do homem, e particularmente às suas questões religiosas e morais, é dada por Jesus Cristo, é o próprio Jesus Cristo”.
De facto “A Igreja olha cada dia com amor incansável para Cristo, plenamente consciente de que só n’Ele está a resposta verdadeira e definitiva ao problema moral”.
Antes de mais, é Ele que nos ensina o que significa a liberdade: “Cristo crucificado revela o sentido autêntico da liberdade, vive-o em plenitude pelo dom total de Si mesmo, e chama os discípulos a tomar parte na sua liberdade”
Além disso, Jesus Cristo é o libertador da nossa liberdade, pelo seu perdão e pela sua graça. É também o seu educador, pelo seu ensinamento na Lei evangélica e pelo seu exemplo. Jesus mostra como “a obediência às normas universais e imutáveis” realiza o mistério da pessoa humana e salvaguarda a sua dignidade.
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O Ciclo de Conferências "25 anos de pontificado de João Paulo II" têm lugar no
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