Acaba de ser publicado o primeiro volume de “S. Josemaria e o pensamento teológico” (Edusc, 492 pp.), que recolhe as atas doCongresso Internacional que teve lugar em Roma, de 14 a 16 de novembro, na Aula Magna da Pontifícia Universidade da Santa Cruz. Coordenado pelo professor Javier López Díaz, este primeiro volume contém as conferências plenárias do congresso, enquanto que o segundo apresentará uma seleção das comunicações e será publicado nos próximos meses, também por Edusc.
O Congresso girou à volta de dois temas principais: um geral, sobre o papel dos ensinamentos dos santos na reflexão teológica e outro, mais específico, sobre o enriquecimento que a teologia pode obter dos ensinamentos de S. Josemaria.
Estes dois temas foram já objeto de reflexão em 1993 por parte do Cardeal Ratzinger (hoje Papa emérito Bento XVI), na mensagem de inauguração de um Simpósio teológico sobre os ensinamentos de Josemaría Escrivá de Balaguer. O então Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé sublinhava como “a teologia, que nasce da fé é, afinal, subalterna relativamente ao saber que Deus tem de Si mesmo, e de que os santos gozam já de um modo imediato e definitivo”.
O Cardeal Ratzinger não só se referia ao saber de que gozam os santos na glória, mas também ao que eles próprios começaram a ter neste mundo e que transmitiram com os seus escritos, as suas palavras e o seu exemplo. Os santos introduziram-se no conhecimento de Deus “não só com a inteligência mas com a totalidade do coração”, pois a força do amor leva a deixar-se penetrar pela bondade divina e a aprofundar na sua própria verdade.
O cardeal acrescentava: “É oportuno e, até necessário, que – enquanto teólogos – escutemos a palavra dos santos para descobrir a sua mensagem; uma mensagem multiforme, porquanto os santos são muitos e cada um recebeu o seu carisma particular; e ao mesmo tempo unitário, porque os santos remetem para o único Cristo, a Quem se unem e cuja riqueza nos ajudam a penetrar. Nesta sinfonia múltipla e unitária, em que, como diria Möhler, consiste a tradição cristã, que acento traz consigo o beato Josemaría Escrivá? Que impulso recebe à sua luz a Teologia?”.
As reflexões de especialistas de diversas áreas da Teologia, do Direito Canónico e da Filosofia, recolhidas neste volume, procuram responder às perguntas formuladas pelo Cardeal Ratzinger, e confirmam o que, nesse mesmo Simpósio de 1993, antecipava o então Papa, hoje São João Paulo II: “Josemaría Escrivá de Balaguer, como outras grandes figuras da história contemporânea da Igreja, também pode ser fonte de inspiração para o pensamento teológico”.
O livro caracteriza-se pelo seu elevado nível científico, sendo, ao mesmo tempo, na sua maioria, de fácil leitura. Abre com um artigo de D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, sobre a contribuição de S. Josemaria para o Concílio Vaticano II, ao qual se segue o estudo de Mons. Fernando Ocáriz sobre o impulso que os ensinamentos de S. Josemaria podem dar à Teologia, estudo que traça o quadro de todo o volume.
Em rápida panorâmica do resto do volume podemos assinalar que o Professor Robert Wielocx examina o uso que São Tomás faz dos ensinamentos dos santos e o Cardeal Kurt Koch coloca uma questão paralela nas obras de Joseph Ratzinger/Bento XVI. Por seu lado, o Professor Jean-Marie Léthel ocd, detém-se na relação entre “ciência da fé” e “ciência do amor”, enquanto que os Professores Tanzella-Nitti, Maspero, Réal Tremblay C.Ss.R., O’Callaghan, Rodríguez Luño y Villar, entre outros, tratam das luzes que os ensinamentos de S. Josemaria podem trazer para diversas áreas da Teologia, e Sanguineti e Ana Marta González falam do estímulo que representam para a Filosofia. O livro termina com os artigos de Errázuriz y Lo Castro sobre S. Josemaria e o Direito Canónico.
Esta obra acrescenta-se à bibliografia teológica fundamental sobre S. Josemaria, mas dirige-se também a quantos estão interessados em renovar a Teologia recorrendo à luz e ao calor dos ensinamentos dos santos.