Há quatro anos, Rubén vivia numa tenda de campismo num terreno baldio, no bairro de Canyelles, em Barcelona. As dificuldades da vida, a pouca sorte e algumas decisões erradas levaram-no a esta situação de vulnerabilidade.
Então, conheceu o Programa Spes da Fundação Brafa, que organizava jogos de futebol para pessoas em risco de exclusão social, onde podia participar sem pagar nada. Apareceu lá com a sua bicicleta e um pequeno reboque onde levava todos os seus pertences. Esses jogos ajudaram-no a integrar-se, a confiar nas pessoas, a sentir-se aceite e valorizado.
Passados dois anos, Rubén manifestou o desejo de comprar um carro velho onde morar. “Grande avanço!”, pensaram os voluntários que apoiam o programa Spes. E assim foi. Agora está a poupar para fazer, em setembro, o curso de treinador e entusiasma-o a possibilidade de vir a ser este o seu primeiro emprego.
Rubén é uma das pessoas que participam no vídeo que a escola desportiva Brafa publicou recentemente, para dar protagonismo aos “Invisíveis”, termo pelo qual são conhecidas as pessoas sem documentos, um dos grupos mais vulneráveis da nossa sociedade.

No vídeo participa também um jovem dos Camarões, “Rüdiger”, que chegou numa balsa. O seu nome verdadeiro é Issa Fofana, mas a sua semelhança com o jogador do Real Madrid fez com que o rebatizassem com esse nome, “Rüdiger”. Vive num centro de acolhimento da Cruz Vermelha. Recolhe e vende ferro velho e o seu sonho é conseguir documentos para poder trabalhar.
Son invisibles... porque no los miramos.
— Fundació Brafa (@fundaciobrafa) January 24, 2025
En Brafa ayudamos a personas sin papeles, para que reciban una mirada humana, para que puedan hacer deporte, para recibir ayuda o consejo.
Programa Spes: fútbol e integración. pic.twitter.com/RfNeeyJP0P
Mamary é outro participante do programa Spes. É um sortudo, pois já tem documentos e, há pouco tempo, começou a trabalhar numa empresa de construção civil, o que lhe permite pagar a renda de um quarto e enviar dinheiro para a família no Mali. Mamary conheceu Brafa há três anos, quando vivia na rua. Agora que tem um emprego, ajuda como voluntário nesta atividade, na qual participam 60 pessoas distribuídas por dois grupos, um de manhã e outro à tarde, dois dias por semana.

Ao longo dos anos, os responsáveis pelo programa colaboraram com mais de vinte organizações de Solidariedade Social, porque o trabalho em rede é sempre necessário, principalmente quando se trata de ajudar estas pessoas.
Na escola desportiva Brafa, pretende-se acolher, ouvir, praticar desporto, trocar experiências, reinventar-se, rir e conversar. No entanto, os responsáveis pelo programa Spes querem dar mais um passo: ajudar os participantes a legalizar a sua situação, para poderem trabalhar. Trata-se de um processo longo e caro, mas necessário para ajudar eficazmente essas pessoas, para que os “Invisíveis” se tornem “Visíveis” e possam desfrutar da dignidade que merecem. É que Spes significa esperança...
