Francesco Angelicchio, o pároco que soube multiplicar o bem

No dia 11 de abril deste ano, teve lugar na residência universitária de Poggiolevante, em Bari, a apresentação do livro “O primeiro italiano do Opus Dei: Pe. Francesco Angelicchio”. O evento contou com a presença do autor Fabio Angelicchio, de Michele Crudele, que viveu muitos anos com o Padre Francesco, e de D. Francesco Cacucci, Arcebispo Emérito de Bari-Bitonto.

Francesco Angelicchio, o primeiro italiano a pedir admissão no Opus Dei, foi o responsável pelo Centro Católico de Cinema durante quatro anos e pároco de San Giovanni Battista al Collatino durante vinte e cinco. Ao conhecer a vida extraordinária do seu tio, Fabio Angelicchio escreveu o livro “O primeiro italiano do Opus Dei: Mons. Francesco Angelicchio”, que foi apresentado a 11 de abril deste ano, no

Colégio Universitário Poggiolevante de Bari.

Durante o evento, moderado por Michele Crudele, que viveu onze anos com o Padre Francesco e é diretor de Poggiolevante, o autor, em diálogo com D. Francesco Cacucci, Arcebispo Emérito de Bari-Bitonto, contou vários episódios da vida de Francesco Angelicchio, incluindo o seu primeiro encontro com o fundador do Opus Dei, que quando o viu pela primeira vez o descreveu como “guapo”, ou “bonito”. A esta afirmação, Francesco, que não se considerava bonito, respondeu: “Nunca ninguém me tinha dito isso, nem sequer a minha mãe”.

Bolsos como os da Eta Beta

Michele Crudele contou a relação que o Padre Francesco tinha com os estudantes das residências universitárias onde vivia: «Encantava todos os que o conheciam, fazia sempre uma pequena piada e depois tirava um chocolate ou qualquer coisa do bolso para dar de presente: os seus bolsos eram como os da Eta Beta, a misteriosa personagem dos desenhos animados da Disney que tira infinitos objetos dos bolsos da saia escocesa. Havia um paroquiano que lhe dava um ovo de galinha todas as manhãs, porque ao lado da paróquia também havia um galinheiro e, por isso, ele tirava muitas vezes um ovo do bolso».

Quais cavalos, as pessoas de idade precisam dele…

Fabio Angelicchio, autor do livro “O primeiro italiano do Opus Dei”, descreve a capacidade do tio para angariar fundos, pedindo dinheiro aos amigos, sobretudo aos mais ricos, para atividades paroquiais e obras de caridade, sem vergonha. Entre as muitas relações que cultivou com pessoas do mundo do espetáculo, uma pessoa com quem Francesco Angelicchio estava muito familiarizado era Alberto Sordi: pediu-lhe ajuda para a fundação do Campus Bio-Medico de Roma, o hospital que protege e promove a pessoa humana no campo da saúde, da formação, da investigação científica e da inovação no campo biomédico.

«Fomos ter com Giuseppe Sordi, irmão de Alberto – diz Michele Crudele – para comprar o terreno em Trigoria e, como era muito caro, queríamos que Alberto, que era coproprietário, interviesse e nos fizesse um desconto». Inicialmente, Alberto Sordi não queria envolver-se, mas depois compreendeu a importância do projeto do Campus Bio-Medico e decidiu ajudar. «Na verdade, Sordi queria doar o terreno para fazer um abrigo para cavalos – acrescenta Fabio Angelicchio – e o meu tio disse-lhe em dialeto romano: “Quais cavalos, aqui há pessoas de idade que precisam dele!”. E convenceu-o».

«Tinha o descaramento de utilizar as suas amizades importantes mesmo para coisas aparentemente triviais, mas que beneficiavam toda a gente – acrescenta Michele Crudele –. Tinham decidido suprimir o autocarro que passava em frente ao Centro Elis e ele tanto fez que conseguiu que a ATAC (empresa de transportes públicos de Roma) mantivesse pelo menos as carreiras durante o horário escolar para que as crianças pudessem ir para a escola. Lembro-me que, como isso significava fazer o autocarro dar a volta inútil a um quarteirão, fazendo perder tempo a quem depois tinha de chegar à estação Tiburtina, as pessoas queixavam-se e diziam: “Devem ter sido os do Elis”».

Do mundo das estrelas ao de um bairro social

O Padre Francisco foi diretor do Centro de Cinema Católico durante quatro anos. Durante esse tempo, foi escolhido pelo Papa Paulo VI para recomendar filmes e trabalhou com grandes realizadores, até que, em 1968, sentiu necessidade de abandonar o cargo, e informou, por carta, São Josemaria.

Em 1972, o Pe. Francisco foi encarregado de dirigir a paróquia de San Giovanni Battista al Collatino. Nessa altura, o bairro de Tiburtino, como muitas outras zonas suburbanas das grandes cidades, estava sujeito a manifestações e greves, e os paroquianos tinham sido persuadidos pelos vizinhos, membros do partido comunista, a não irem à igreja. Preocupado com o contexto, o Padre Francisco falou com S. Josemaria, que lhe respondeu: «Meu filho, como diz o velho ditado: se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé». Seguindo este conselho, o Pe. Francisco foi visitar as famílias da paróquia, criando uma ligação com elas.

«Havia paroquianos – conta Fabio Angelicchio – que estavam detidos em Rebibbia e noutras prisões. Uma vez, o Pe. Francesco foi à nova prisão de Pescara e, ao passar pelo corredor, um dos reclusos virou-se para ele como se tivesse visto São Francisco: “Olha, é o Pe. Francesco...”. Abraçou-o e disse: “Lembra-se de mim? Sou seu paroquiano!”. E o Pe. Francesco respondeu-lhe: “Ex-paroquiano... agora frequentas outra paróquia!”».

A sua obra cinematográfica ficou na história, mas na paróquia de San Giovanni Battista al Collatino, onde foi pároco durante vinte e cinco anos, o Pe. Francesco Angelicchio ajudou milhares e milhares de pessoas, multiplicando o bem.


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Vídeo da apresentação do livro: