Os sete Domingos de São José

No passado dia 4 de Fevereiro começou a série dos «sete Domingos de São José», com vista à preparação da festa do Santo Patriarca, em 19 de Março. Disponibilizam-se alguns textos para ajudar a conhecer melhor «José, o silencioso».

A festa de S. José expande-se, sobretudo, a partir do século XV, principalmente graças a Santa Teresa d' Ávila. O Papa Gregório XV inscreveu-a no calendário de toda a Igreja em 1621. A partir de 1962, S. José é nomeado na Oração Eucarística I (designada cânon romano).

Um antigo costume da Igreja encoraja os fiéis a acudir ao pai adoptivo de Jesus, de forma mais assídua ao longo dos sete Domingos que precedem a sua festa, com vista a considerar aspectos, muitas vezes menos conhecidos, daquele que é Padroeiro da Igreja Universal (1870) ou, também, Padroeiro dos trabalhadores (1889).

Bento XVI: Deixemo-nos “contaminar” pelo silêncio de São José (Domingo, 18 de Dezembro de 2005)

«O silênciode São Josénão manifesta um ”vazio interior”  mas, pelo contrário, a plenitude da fé que traz no coração e que guia cada um dos seus pensamentos e cada uma das suas acções», declarou Bento XVI.

«Deixemo-nos “contaminar” pelo silêncio de São José; temos muita necessidade dele , num mundo muitas vezes demasiado ruidoso, que não favorece o recolhimento e a escuta da voz de Deus». O Papa propôs aos fiéis que estabelecessem uma espécie de «diálogo espiritual com São José, para que ele nos ajude a viver em plenitude este grande mistério da fé».

«Um silêncio, graças ao qual, José em uníssono com Maria, conserva a palavra de Deus, descoberta através das Sagradas Escrituras, confrontando-a continuamente com os acontecimentos da vida de Jesus; um silêncio tecido de oração constante, de oração de louvor ao Senhor, de adoração da Sua santa vontade e de abandono sem reservas à Sua providência».

«Não é exagerado pensar que foi do seu “pai” José que Jesus aprendeu, no plano humano, esta robusta interioridade, premissa da justiça autêntica, a “justiça superior” que um dia ensinará aos seus discípulos», precisou o Papa.

João Paulo II: Introdução à exortação apostólica «Redemptoris Custos»

«No centenário da publicação da encíclica Quamquam pluries do Papa Leão XIII e na linha da veneração multissecular de São José, desejo propor à vossa meditação, queridos irmãos e irmãs, algumas reflexões sobre aquele a quem Deus “confia a guarda dos seus tesouros mais preciosos”. É com alegria que cumpro este dever pastoral para que aumente em todos a devoção para com o Padroeiro da Igreja Universal e o amor pelo Redentor que ele serviu de forma exemplar.

Assim, não só todo o povo cristão recorrerá com mais fervor a São José e invocará com confiança a sua intercepção, como também terá sempre sob os seus olhos a sua maneira humilde e inteligente de servir e de “participar” na economia da salvação.

Penso que uma reflexão renovada sobre a participação do Esposo de Maria no mistério divino permitirá à Igreja, em marcha para o futuro com toda a humanidade, encontrar continuamente a sua identidade no quadro do desígnio redentor, que tem o seu fundamento no mistério da Incarnação.

José de Nazaré ”participou”, precisamente neste mistério mais do que qualquer outra pessoa, para além de Maria, a Mãe do Verbo Incarnado. Ele participou com Ela, metido na realidade do próprio acontecimento salvífico e foi o depositário do mesmo amor, pelo poder do qual o Pai eterno “nos predestinou para sermos Seus filhos adoptivos por meio de Jesus Cristo” (Ep 1, 5)».

São Josemaria: Na oficina de José

Sem qualquer dúvida, José, graças a um trabalho bem acabado, tirava muitas pessoas de apuros. O seu trabalho profissional orientado para o serviço e para tornar agradável a vida das outras famílias da aldeia que acompanhava de um sorriso, de uma palavra amável, de um comentário feito de passagem, mas que devolve a fé e a alegria àqueles que estão quase a perdê-las.

Às vezes, quando se tratava de pessoas mais pobres que ele, José faria o trabalho cobrando algo de pouco valor, que pudesse deixar nos outros a satisfação de pensar que tinham pago. José devia pedir, normalmente, o que fosse razoável, nem mais nem menos; devia saber exigir o que, em justiça, lhe era devido, porque a fidelidade a Deus não supõe renunciar a direitos que na realidade são deveres: São José tinha que exigir o que era justo, porque era com o fruto desse trabalho que sustentava a família que Deus lhe tinha confiado. (Cristo que passa, n. 51-52)


Bibliografia:

- Exortação Apostólica « Redemptoris Custos », João Paulo II