O Papa recorda aos jovens a urgência de uma verdadeira educação para a paz

João Paulo II recebeu em audiência 2.500 universitários participantes no Congresso UNIV 2003. Numa passagem do seu discurso disse que se o amor "se traduz em gestos de serviço gratuito e desinteressado, em palavras de compreensão e de perdão, o efeito pacificador do amor aumenta e estende-se até alcançar toda a comunidade humana".

'O homem entende-se a si mesmo só em relação com Deus, que é plenitude de verdade, de beleza e de bondade', afirmou o Papa.

"Para os crentes, a primeira e fundamental acção em favor de paz é a oração, porque a paz é um dom do amor de Deus", disse o Papa João Paulo II a mais de 2.500 estudantes universitários que participam no XXXVI Congresso internacional da UNIV. A audiência teve lugar na Aula Paulo VI do Vaticano às 11:15 horas.

Glosando o tema do Congresso — Construir a paz no século XXI —, o Pontífice mostrou a sua preocupação "não só pela situação no Iraque, mas também por tantos outros focos de violência e de guerra que se acenderam em vários continentes", o que, como repetiu aos jovens, "torna mais urgente uma verdadeira educação para a paz".

Seguindo os ensinamentos do beato João XXIII na encíclica Pacem in terris, João Paulo II recordou que "os quatro pilares da paz são a verdade, a justiça, o amor e a liberdade".

"Para ser construtores de paz é preciso, antes de mais, viver na verdade", afirmou. E dirigindo-se a cada um dos jovens acrescentou: "Conservai, em primeiro lugar, essa relação verdadeira com Deus que requer conversão pessoal e abertura ao seu mistério. O homem entende-se a si próprio só em relação com Deus, que é plenitude de verdade, de beleza e de bondade".

À verdade vai unida a justiça, "juntamente com o respeito pela dignidade de todas as pessoas. Sabemos, no entanto, que sem um amor sincero e desinteressado a própria justiça não poderia assegurar ao mundo a paz. A paz verdadeira floresce, com efeito, quando o ódio, a inveja e o rancor são vencidos no interior do coração; quando se diz não ao egoísmo e a tudo o que leva o ser humano a encerrar-se sobre si mesmo e a defender só o próprio interesse".

Se o amor "se traduz em gestos de serviço gratuito e desinteressado, em palavras de compreensão e de perdão, o efeito pacificador do amor alarga-se e estende-se até alcançar toda a comunidade humana". Então é mais fácil "compreender também o quarto pilar da paz, isto é a liberdade, o reconhecimento dos direitos das pessoas e dos povos e a livre entrega pessoal no cumprimento responsável dos deveres que competem a cada um no seu estado de vida".

Os Congressos da UNIV nasceram em 1968 por impulso de São Josemaría Escrivá, fundador do Opus Dei. O Papa recordou aos jovens umas palavras de São Josemaría: "Tarefa do cristão: afogar o mal em abundância de bem. Não se trata de campanhas negativas, nem de ser anti-nada. Pelo contrário: viver de afirmação, cheios de optimismo, com juventude, alegria e paz; ver com compreensão a todos" (Sulco, n. 864). e concluiu com um convite: "Segui estes ensinamentos, acolhei a paz que Cristo dá a quem abre o coração e difundi-a em todos os ambientes".

"Obrigado, Santo Padre, por estos anos de serviço a cada um de nós!"

No seu papel de presidente da UNIV 2003, a alemã Angelika Hagsbacher, licenciada em Engenharia pela Universidade de Niederrhein (Mönchengladbach), agradeceu ao Papa a sua confiança nos jovens: “Obrigada pelo seu exemplo e pela sua confiança nos jovens! Recordou-nos frequentemente que o futuro está nas nossas mãos e que para construir a paz temos de ser pessoas com uma profunda confiança em Deus e na grandeza da vocação humana”.

A audiência terminou cerca do meio dia.

Referindo-se ao tema do congresso, a universitária alemã explicou: “Aprendemos que a paz não é um remédio que se aplica de fora, que se impõe, mas que é fruto de uma vida que se orienta para a verdade. Queremos ter uma inteligência clara e um coração limpo que nos ajudem a procurar sempre a verdade, a deslumbrar-nos com o seu esplendor e a procurar transmiti-la ao nosso redor”.

Hagsbacher referiu-se depois, em língua alemã, à “alegria que sentimos pelo próximo XXV aniversário do seu Pontificado” e acrescentou: “Pedimos a Santa Maria que continue a sustê-lo e que Ela como Boa Mãe lhe retribua com abundância tudo o que fez nestes anos pela Igreja. Obrigada Santo Padre por estos anos de serviço a cada um de nós!”. Ao agradecimento seguiu-se um longo aplauso dos jovens.

A jovem alemã concluiu referindo-se à próxima Jornada Mundial da Juventude em Colónia: “Esperamo-lo Santo Padre e recomendamo-nos às suas orações para que saibamos ser cada um de nós bons transmissores das suas palavras!” e assegurou ao Papa: “Conte connosco e com a nossa oração do Rosário para conseguir a paz que tanto desejamos!”.

O que é o Congresso UNIV?

O UNIV é um encontro universitário internacional organizado pelo Instituto para a Cooperação Universitária (ICU), que reúne cada ano em Roma jovens de todo o mundo. Os participantes da edição deste ano provêm de 22 universidades italianas e de outras 230 universidades dos cinco continentes.

Os participantes trabalham sobre o tema proposto pelo ICU durante as diversas actividades culturais que se desenvolvem em diversos lugares de Roma: conferências, colóquios, exposições, debates, grupos de estudo, mesas redondas, ... Este ano a maior parte das actividades terão lugar na “Università a Sapienza” e na “Pontificia Università della Santa Croce”, sob o tema “Construir a paz no século XXI”. A lista de temas das 35 edições precedentes e outras informações gerais sobre o congresso estão disponíveis em www.icu.it

Algumas personalidades que participaram em outras edições do congresso da UNIV são: Corazón Aquino, Joaquín Navarro-Valls, Václav Havel, Antonio Fazio, Janne H. Matlary, Giovanni Conso, Lamberto Dini, Francesco Rutelli, Stefano Zamagni, Federico Mayor Zaragoza, Giuseppe De Rita, Pierpaolo Donati, Paul Johnson.

Desde a primeira edição do Congresso em 1968, o “Instituto para a Cooperação Universitária” confia à Prelatura do Opus Dei a organização de actividades de formação cristã complementares ao programa de actividades culturais: durante estes dias, os estudantes que o desejem, podem participar nas cerimónias litúrgicas próprias da Semana Santa e da Páscoa. O congresso é também uma oportunidade de conhecer a cidade de Roma, seguindo as memórias deixadas na história pela Igreja desde os primeiros séculos.