Ao contrário do que foi recentemente noticiado em alguns meios de comunicação, não houve quaisquer novos desenvolvimentos relativamente à atualização dos estatutos do Opus Dei, destinada a adequá-los às normas revistas para as prelaturas pessoais.
É importante esclarecer que o tema em causa não é o próprio Opus Dei, que o Papa Francisco descreveu no seu Motu Proprio Ad charisma tuendum como “o dom do Espírito recebido por São Josemaria Escrivá”, acrescentando que o redigiu “para salvaguardar o carisma do Opus Dei e promover a ação evangelizadora realizada pelos seus membros no mundo”.
Como explicou recentemente a presidente da Comissão do Centenário do Opus Dei numa entrevista, o que está em estudo é a forma de fazer caminhar em conjunto o carisma e a dimensão jurídica do Opus Dei. Esta intenção esteve sempre muito presente no coração do fundador, São Josemaria Escrivá, ao longo de toda a sua vida. Inspirado por Deus, promoveu o chamamento universal à santidade e o apostolado de todos os batizados, fundando uma instituição que ajudasse as pessoas a viver este chamamento na vida quotidiana – homens e mulheres, celibatários e casados, leigos e sacerdotes, todos com a mesma vocação – ao serviço da sociedade e da Igreja. Esta missão foi descrita pelo Papa Francisco em termos elogiosos como “a tarefa de difundir o chamamento à santidade no mundo, através da santificação do trabalho e dos compromissos familiares e sociais”.
O Opus Dei aproxima-se do seu centenário. Neste primeiro século, a Igreja abençoou o seu trabalho com a canonização do fundador por São João Paulo II em 2002, e mais tarde com as beatificações do seu sucessor, o Beato Álvaro del Portillo, e de uma das primeiras mulheres a seguir esta vocação, a Beata Guadalupe Ortiz de Landázuri – ambas por iniciativa do Papa Francisco. Recentemente, o Papa Francisco aprovou pela primeira vez o decreto de virtudes heroicas para um membro casado do Opus Dei, o pediatra guatemalteco Ernesto Cofiño. Em Inglaterra, a Diocese de Salford está a considerar a possível causa de canonização de Pedro Ballester, um jovem estudante de engenharia que morreu de cancro aos 21 anos.
Esta diversidade reflete tanto o caminho já percorrido como o que ainda há a fazer na promoção da santidade na vida quotidiana de pessoas de todas as origens, em todo o mundo.
Durante este tempo de revisão dos estatutos, o prelado do Opus Dei, Mons. Fernando Ocáriz, tem repetido aos seus fiéis que aceitarão tudo o que vier da Santa Sé, porque, com palavras do fundador, o Opus Dei existe “para servir a Igreja como a Igreja quer ser servida”. Estamos convencidos de que a Igreja deseja que esta mensagem de santidade se espalhe por todo o mundo e por todos os ambientes. Queremos todos o mesmo, em espírito de comunhão eclesial.
Este processo encontra-se nas suas fases finais, mas não é favorecido pela especulação sem base nos factos, nem por paradigmas de poder totalmente alheios à realidade da Igreja e, portanto, à do Opus Dei.
Jack Valero, Gabinete de Imprensa do Opus Dei no Reino Unido
Esta coluna foi publicada em The Catholic Herald a 22 de outubro de 2025.

