Vive em Praga há cinco anos. Pode explicar-nos o que levou a vir para cá?
Sete anos de estudo e de preparação para o sacerdócio em Roma ajudaram-me a abrir horizontes. Quando me ordenei sacerdote em 2002, disse ao Prelado do Opus Dei que, se a Obra necessitasse, eu oferecia-me para ir para a Rússia, para o Vietname ou para qualquer outro país onde fizessem falta sacerdotes. Contudo, regressei a Paris, onde passei um ano até que me perguntaram se me poderia ir desenvolver o meu trabalho pastoral como sacerdote do Opus Dei na República Checa. Ao princípio, reconheço, a proposta surpreendeu-me, mas logo a seguir disse que sim.
E quais foram as suas impressões, especialmente no que se refere à vida da Igreja?
Tinham-me dito que o comunismo tinha castigado profundamente a República Checa, precisamente por ser um país de grande tradição católica. Ainda se nota na arquitectura; quem conhece Praga terá visto os frescos sobre a Santíssima Trindade, as imagens da Virgem pelas ruas... A época comunista não destruiu essa arte, mas sim a formação cristã das pessoas. Actualmente, os católicos são 25% da população, se bem que em 1948 eram 80%. Ao mesmo tempo, a Igreja não é apreciada como noutros lugares – em França por exemplo. Entre os mais jovens, a ignorância religiosa é bastante elevada, mas o futuro é muito positivo, já que o interesse pela religião aumenta continuamente.
Podia resumir-nos brevemente o trabalho apostólico do Opus Dei na República Checa? Como foi ali recebida a mensagem da santificação do trabalho?
Esse interesse por Deus faz-se notar no trabalho apostólico que o Opus Dei aqui leva a cabo. Os checos são trabalhadores sérios. De facto, muitas empresas internacionais abriram aqui filiais não só porque a mão-de-obra é mais barata, mas porque sabem que trabalham no duro. São Josemaria dizia que a luta espiritual requer virtudes humanas. Sem elas, a vida da Graça dificilmente pode nascer e desenvolver-se. Graças a Deus, assistimos a conversões e de entre as pessoas que frequentam os meios de formação que disponibilizamos, estão a chegar vocações – não somente para a Obra, mas também para a vida religiosa e para o seminário.