Josep Maria Viñolas é Engenheiro Técnico Agrícola e foi professor durante 20 anos em Camp Joliu , um dos centros educativos mais prestigiados no âmbito agrícola, situado na região de Penedés, na Catalunha.
Viñolas conta que a sua família sempre se dedicou à agricultura e à criação de gado, “e isso foi a melhor motivação para os meus estudos de Engenharia Técnica Agrícola”. Josep María é também antigo aluno de Bell-lloc , um centro educativo promovido pelo Opus Dei em Girona.
Poucas horas antes da sua ordenação, Josep María recebe muitas mensagens de felicitações, como a da irmã Núria, religiosa, missionária de Betânia no Chile. Recebe também de antigos alunos, que lhe recordam um critério importante na docência: “A educação não se pode limitar às aulas e requer um envolvimento maior da parte dos pais junto do professorado. É cada vez mais necessário acompanhar o ambiente, para que essa formação seja integral e não unicamente académica”.
Josep María fez a sua tese de doutoramento sobre “A fé e a descrença nas publicações do Conselho Pontifício da Cultura” e para isso estudou a fundo o ateísmo, o relativismo e a indiferença religiosa. Entusiasma-o a tarefa “de reavivar as nossas raízes culturais, que são profundamente cristãs, para que o homem possa encontrar a verdadeira felicidade, a autêntica beleza”.
Creio que há uma onda de novos sacerdotes com um grande afã de contribuir para a renovação da vida da Igreja, sendo fiéis ao seu ministério e ao que a Igreja espera deles
Aos 44 anos dá o passo da ordenação, movido pelo “exemplo de tantos sacerdotes muito bons, que teve muita influência na minha decisão. Também me apercebi de que, para poder viver a sua vocação com toda a intensidade, os cristãos necessitam do ministério sacerdotal e os sacerdotes são escassos. O cristão, se quer viver realmente perto de Deus, necessita do sacerdote que o apoie através da Palavra e dos sacramentos”.
O novo sacerdote tem uma grande vontade de acompanhar muitas pessoas nos mil itinerários da vida: “Os sacerdotes devem ser bons guias, que ajudem a que as pessoas não se percam procurando caminhos que só conduzem à mais profunda decepção, oferecendo respostas de acordo com a Verdade com maiúscula e não segundo a moda do momento”.
Que papel deve desempenhar hoje o sacerdote?
O sacerdote tem a missão de santificar as almas, ou seja, de amar cada pessoa não de qualquer modo, mas como Deus a ama. Por isso, em primeiro lugar, deve procurar ser verdadeiramente de Deus, para poder transmitir precisamente essa vida. É uma responsabilidade muito grande, mas Deus supre as deficiências pessoais quando se procura sinceramente viver o sacerdócio como Ele quer.O que esperam as pessoas de um sacerdote?
O sacerdote “tem” Deus, “traz” Deus, “dá” Deus e a nossa sociedade está tão necessitada de Deus…A disponibilidade, sem dúvida. São necessários mais sacerdotes e mais disponíveis, porque essa disponibilidade é manifestação de caridade pastoral, de não viver para si mesmo. Também se espera do sacerdote o seu bom exemplo. Somos humanos e cada um de nós tem os seus defeitos. Necessitamos de nos corrigir, reconhecer as nossas falhas e, como todo o cristão, converter-nos para sermos bons sacerdotes.
Pensa que são necessários muitos novos sacerdotes? Que perfil devem ter?
Claro que sim. Todos temos que rezar e muito pelas vocações sacerdotais. Nestes anos conheci bastantes seminaristas e notei um grande afã apostólico e um amor profundo e sincero a Jesus Cristo. Creio que há uma onda de novos sacerdotes com um grande afã de contribuir para a renovação da vida da Igreja, sendo fiéis ao seu ministério e àquilo que a Igreja espera deles; procurando ser fonte de unidade e não causar feridas à comunhão da Igreja.Porque motivo são os sacerdotes rentáveis para a sociedade?
Penso que, sobretudo, como dizia São Josemaria, porque o sacerdote “tem” Deus, “traz” Deus, “dá” Deus, e a nossa sociedade está tão necessitada de Deus… Quando os homens vivem conscientes da sua relação constitutiva com Deus, cresce intensamente a qualidade humana da vida pessoal e social. Deus é bondoso, é o Bem e, por isso, é altamente rentável.
Que lhe sugere o facto de se ordenar pouco tempo depois do Ano sacerdotal?
O Ano sacerdotal significou para a Igreja uma postura renovada e renovadora da autêntica dignidade do sacerdote. É evidente que essa dignidade se fundamenta numa grandeza emprestada, compatível com a nossa miséria humana. O sacramento da Ordem oferece ao sacerdote a capacidade de emprestar a sua voz, as mãos, todo o seu ser ao Senhor. É uma capacidade que o sacerdote tem sacramentalmente, de uma forma especial e única, que não elimina a debilidade pessoal de cada um.