O uso do tempo livre é uma tarefa difícil para muitas famílias, sobretudo porque diterentes idades exigem diferentes formas de diversão.
Para os adultos, os momentos de descanso podem ser utilizados em desporto, música, teatro, cinema, dança… Alguns pais também procuram entretenimentos similares para os seus filhos e levam-nos a sessões para crianças, a festas dos seus amigos ou vão com eles até aos nyama choma, onde os mais novos jogam enquanto os mais velhos descansam.
Para outros, ao contrário, a diversão dos seus filhos é uma preocupação a que é impossivel dar atenção. Quando não há tempo nem sequer para fazer o indispensável em casa e no lugar de trabalho, como se pode pensar em prever algo para o tempo livre?
No entanto, a diversão e as relações sociais dos filhos constituem uma importante responsabilidade dos pais. Quem sabe se uma das causas da distância que existe entre os pais e os filhos adolescentes é que os primeiros não se dão conta de que os seus filhos necessitam de relacionar-se com outras pessoas.
Agora poderia alguém perguntar: até que ponto é realmente necessária a diversão? Que papel desempenha no desenvolvimento da criança? E também: porque é importante relacionar-se e fazer parte de um grupo? Como podem os pais fazer parte das relações sociais e da diversão dos filhos…?
O entretenimento rompe a monotonia do estudo e a rotina com que se faz muitas coisas, tanto no caso dos pais como dos filhos. Há-de ser, portanto, uma actividade que seja divertida e permita descansar a mente.
Tudo isto supõe uma verdadeira orientação. E a essa orientação foram dedicadas as sessões de um simpósio em Kianda School (Nairobi), no qual Isabella e Nicholas Kamere clarificaram alguns conceitos importantes sobre o papel dos pais nas diversões dos filhos.
«Quando planificamos diferentes tipos de actividades», afirmaram numa das sessões, «como aniversários, festas ou viagens, normalmente fazemo-lo pensando em satisfazer os adultos e prescindimos dos interesses, gostos ou preferências das crianças. Por isso elas, com frequência, devem procurar formas de entretenimento por sua conta. No máximo, regem-se por umas poucas orientações dos pais, que estão demasiado ocupados entretendo-se eles próprios e não podendo encarregar-se de mais».
Os oradores mencionaram também o facto de que pais e filhos diferem no conceito de entretenimento, na quantidade de dinheiro que se deve gastar em diversões, nas preferências de progamas de televisão… Os pais nem sequer têm de forma clara a que idade e de que modo deve permitir-se aos filhos que saiam com os seus amigos.
O entretenimento e as relações com os amigos são necessidades reais para todos os elementos de uma família e exercem um importante papel para a sobrevivência desta instituição. Ajudam a dar forma aos valores, atitudes e comportamentos e, a converter as crianças em pessoas sociáveis, responsáveis e independentes.
«A pressão do grupo é tão forte que, se os adolescentes não aprenderam com os seus pais a relacionar-se ou a divertir-se de maneira sã, outros indivíduos menos desejáveis se encarregarão de os ensinar», assinalaram Isabella e Nicholas Kamere no simpósio.
É importante que os pais prestem atenção às diversões dos filhos e às suas relações para assegurar um correcto desenvolvimento em sociedade, mas também necessitam de lhes dedicar pessoalmente tempo para construir e fortalecer as suas relações com eles. Quando for possível, portanto, devem organizar o seu próprio ócio em torno de actividades como desporto ou excursões nas quais se incluam os filhos.
Os pais precisam de falar e passar tempo com os filhos adolescentes para lhes poderem contar as suas próprias experiências, responder às suas perguntas, compreende-los e poderem assim ajuda-los a forjar a sua personalidade.
O simpósio concluiu com algumas sugestões específicas para o aproveitamento do tempo livre dos filhos:
• Os pais devem preocupar-se em que só se vejam progamas de televisão positivos.
• Os jovens devem realizar actividades que lhes inculquem valores e destrezas úteis para a vida. Por exemplo, devem aprender a cozinhar, lavar a sua roupa e limpar o seu quarto.
• Há que animar as crianças a lêr livros e revistas que as ajudem a pensar e a desenvolver o seu vocabulário e expressão.
• Também convém anima-los a que se exercitem em jogos de mesa que ajudam adesenvolver o vocabulário, assim como no desporto, que lhes permite melhorar a sua forma, a sua saúde e o seu desenvolvimento físico.
• Além disso, o desporto e os jogos comunicam os valores do respeito e da ordem, porque ensinam a observar e respeitar regras e fomentam um são espírito competitivo.
• É importante procurar que os filhos adquiram algum gosto como a jardinagem, que os estimule a preservar o ambiente.
• Também é oportuno anima-los a participar em tarefas que beneficiem toda a comunidade, para que aprendam a trabalhar em equipa.