Navarro-Valls: «João Paulo II restabeleceu um sistema comum de referência»

Acto académico celebrado por motivo dos 25 anos de pontificado de João Paulo II, no qual intervieram o teólogo don Rino Fisichella e o porta-voz do Papa, Joaquín Navarro-Valls.

O segredo do interesse dos meios de comunicação pelo Papa radica na sua capacidade em «restabelecer um sistema comum de referência», reconheceu na quinta-feira passada Joaquín Navarro-Valls, porta-voz da Santa Sé.

Em sua opinião, não são os aspectos mais originais do Papa - como a sua paixão pelo desporto - que despertam esta atração, já que por si só “não justificam o interesse profundo e constante por este Papa”.

Navarro-Valls colocou assim sua visão sobre o Papa a partir de um ponto de vista midiático na sessão que a Universidade Pontifícia da Santa Cruz quis dedicar à figura de João Paulo II no XXV aniversário do seu pontificado.

O acto académico, introduzido por Mariano Fazio, reitor da Universidade, teve por título Veritas Liberabit Vos («A verdade vos fará livres»).

“Hoje desapareceram os sistemas comuns de referência, entendidos como um marco geral de cada época na qual as palavras usadas se colocam em um contexto preciso e têm sentido”, disse Navarro-Valls - que falou na qualidade de professor convidado na Faculdade de Comunicação Institucional da Universidade da Santa Cruz e não como porta-voz papal.

“Este pontificado recriou um léxico comum que não existia com a finalidade de poder oferecer o Evangelho e que este seja aceite”, assinalou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, que pôs como exemplos termos como “alma, família, Deus, oração, amor humano ou sexualidade”.

Para finalizar, enfatizou como com as suas viagens o Papa conseguiu transmitir este sistema de valores e pôde oferecer a sua mensagem cristã.

“O Papa oferece uma mensagem religiosa, o sistema de verdades e valores da religião católica que não só interessa ao Ocidente, mas a todo o mundo”, manifestou Navarro-Valls.

D. Rino Fisichella, teólogo e reitor da Universidade Pontifícia Lateranense, deu ênfase à Trindade como «horizonte teológico para compreender o ministério e o Magistério deste Papa».

O prelado explicou que «na Trindade se faz visível que o centro de tudo é Deus e não o homem». O Papa, constatou, «situa os seus ensinamentos na Trindade que é o fundamento de seu Magistério e onde sempre regressa».

E acrescentou: «João Paulo II contribuiu para tirar o medo do coração do homem».

Para entender João Paulo II, ressaltou, “temos que recorrer sempre à Redemptoris Hominis, a primeira encíclica do Papa, que recolhe seu ideal programático”.

Esto sem perder de vista que é um poeta: “O Papa tem um amor pela beleza, pela natureza e possui a sensibilidade do poeta. O princípio poético permite-nos entrar no espírito do Papa”, assegurou o prelado.

O acto em honra a João Paulo II culminou com a apresentação do livro “Giovanni Paolo II, teólogo. No segno delle encicliche” (“João Paulo II, teólogo. Sob o sinal das encíclicas”), editado por Mondadori.

No livro comentam-se todas as encíclicas do Papa e dividem-se em grupos temáticos: trinitárias, sociais, eclesiológicas e antropológicas. O Cardeal Camillo Ruini escreveu o prólogo e entre os comentadores destacam-se os teólogos Piero Coda, José M. Galvão e as filósofas Angela Ales Bello e Jutta Burgaff. A organização é dos professores G. Borgonovo e A. Catteneo.

ZENIT.org