Há três anos que integro uma equipa de pessoas a quem chamamos “capelães” de um centro de detenção – sem que sejamos padres. Propomos (porque os detidos mantêm, naturalmente, essa liberdade de escolha) várias atividades que me levam a atravessar as paredes da prisão três vezes por semana: na segunda-feira à tarde, há a visita às celas, onde o contacto direto é próximo e permite ouvir, consolar e rezar com o detido. «Estava na prisão e vieste ter comigo» (Mt 25, 36). À quarta-feira à tarde, sendo músico, dou aulas de guitarra: uma dúzia de pessoas pode preparar concertos dentro do estabelecimento, ensaiar os cânticos da Missa, simplesmente dedilhar ou tocar piano... Por fim, todos os sábados de manhã, a Missa é celebrada na presença de um padre da região e de uma boa vintena de presos: as intenções confiadas durante a oração universal constituem tantas súplicas ardentes ao Senhor... sem falar do canto final à Virgem, “Ave Maria”, entoado com grande fervor, que é obrigatório dentro destas paredes!
A seguir, fazemos uma boa reunião de balanço enquanto tomamos um café numa pastelaria do bairro para coordenar as nossas ações, trocar as últimas notícias sobre este ou aquele, ou voltar a visitar as pessoas mais afetadas pela sua detenção...
Durante este ano de 2025, realizámos uma iniciativa jubilar nas penitenciárias, à semelhança de todos os membros da Igreja, que culmina no dia 14 de dezembro com um momento especial de celebração. A imagem forte do Papa Francisco a atravessar a porta da prisão de Roma, no início do ano jubilar, constitui uma bela motivação para caminhar [interiormente, claro] com os nossos amigos detidos: é Cristo que está à porta e bate! Somos testemunhas destes milagres que reabilitam os homens que decidem colocar a sua esperança em Deus... Posso citar M, um detido que me pediu para reler uma carta dirigida à sua vítima: «Sabe que tenho fé em Deus: rezo frequentemente por si – rezo também pela minha família ferida – e estou certo de que Ele ouvirá a minha oração de homem pecador, para lhe dar a paz e a serenidade que todos procuramos».
Passar pelas inúmeras grades para chegar aos presos é realmente tornar a Igreja presente nestes locais onde o desespero aflora com tanta frequência. Um testemunho recente durante a Missa comparou o capelão a uma luz que ilumina, tranquiliza e acalma: palavras que compensam muitos momentos mais sombrios e as dificuldades em perdoar a si mesmo e aos outros...
Em 2025, na Páscoa, tivemos a alegria do batismo de JJ e JB, duas pessoas detidas inicialmente inscritas nas sessões de guitarra; ao propor-lhes que viessem à Missa para acompanhar os nossos cânticos, a beleza do rito, a verdade das leituras e a benevolência de todos interpelou-os, o que levou a interessarem-se verdadeiramente pela celebração. O seu percurso de iniciação centrou-se no Credo: ao descobrir os mandamentos e as leis da Igreja, JJ confiou-me que já devia «ser cristão sem saber», pois tinha conseguido resistir às tentações... que, claro, na altura, não identificava como tal! Os nossos catecúmenos fizeram os exames habituais no inverno passado e depois foram batizados e confirmados, causando muita alegria na pequena comunidade cristã. Recebemos recentemente uma carta de JJ, que acaba de recuperar a liberdade, na qual ele exorta os seus ex-companheiros de detenção (trecho): «Dirijo-me a vocês em nome de Deus, para vos dizer que tenham fé e não desistam de nada». Após a sua leitura durante a Missa de sábado, ressoaram aplausos calorosos por muito tempo na sala!
O Centro Prisional é realmente o sexto campanário da paróquia da minha cidade, como o nosso pároco costuma repetir aos seus fiéis! E em 2025, também tivemos a graça do sacramento da Unção dos Enfermos recebido na sua cela por F, que nos agradeceu calorosamente por termos contribuído para a organização tão especial deste sinal do Senhor (trecho): «Mas o facto de a cerimónia ter ocorrido na prisão dá-lhe ainda mais vigor e força espiritual. Isto confirma que o Senhor Jesus está presente em toda a parte, mas especialmente na prisão. É um verdadeiro “presente” em nome do Senhor Jesus que me foi dado».

Para deixar o Espírito Santo agir neste lugar (como noutros lugares), a vida de oração que aprendi a cultivar na Obra constitui uma estrutura sólida graças à qual é possível enfrentar a agressividade de alguns, aceitar a pessoa tal como ela é, propor-lhe um caminho espiritual para se tornar amiga de Cristo, rezar com ela, confiá-la a Deus, acompanhá-la na Igreja com benevolência, mas com verdade, aceitar também certos impasses... Assim, concretamente, todos os dias, durante a Missa, confio ao Senhor as pessoas detidas no centro prisional, as suas vítimas, o pessoal, as suas famílias e a nossa equipa de ‘capelães’.
Visitar a prisão é para mim uma forma de chegar às periferias tão queridas ao Papa Francisco: levamos no coração cada uma das pessoas detidas que possamos encontrar, quer estejam próximas do Senhor ou a caminho (por vezes sem o saber). Apesar da violência do ambiente prisional, há uma grande paz nesta missão.

