A difícil decisão de uma mãe
Em 1962, Madame Lim, enfrentando sérias dificuldades económicas, tomou uma decisão dolorosa: dar a sua sexta filha para adoção. Essa menina era Mónica.
Mónica passou a maior parte da vida sem saber que tinha sido adotada. Quando finalmente descobriu, não tentou encontrar a sua família biológica. Em vez disso, decidiu dizer a Deus: «Se quiseres que isso aconteça, Tu farás que aconteça».
E assim, a sua vida continuou. Mas Deus, na sua silenciosa providência, já tinha começado a escrever uma história que só Ele podia imaginar.

Como é que os santos se tornam santos?
Mónica foi criada numa família católica, mas a sua relação pessoal com Deus surgiu mais tarde. Casou-se há 38 anos e tem sete filhos. Durante a quarta gravidez, teve de fazer repouso absoluto, pois tinha tido hemorragias nas anteriores.
Nesses meses, alguém lhe deu uma pilha de livros de espiritualidade para passar o tempo. Enquanto lia sobre a vida dos santos, surgiu-lhe uma pergunta: Como é que os santos se tornam santos?
Quase instantaneamente, recebeu uma resposta interior: são as mães.
Esse pensamento impactou-a profundamente. Percebeu que, se queria que os seus filhos fossem santos, precisava de começar por procurar seriamente ser santa ela própria.
Pouco tempo depois, Mónica conheceu o Pe. Connor, sacerdote do Opus Dei. Nunca tinha ouvido falar da Obra. O sacerdote convidou-a para umas aulas sobre a Eucaristia – no momento perfeito, pois estava a preparar o filho mais velho para a Primeira Comunhão. Começou a frequentar regularmente as aulas e via-as como uma forma prática de aprofundar a sua fé e educar os filhos no amor a Deus.
Com o tempo, Mónica percebeu que aquilo era o que tinha procurado. Descobriu logo nitidamente a sua vocação como supranumerária do Opus Dei e pediu a admissão.
Cristina
Mónica conheceu Cristina pela primeira vez em agosto de 2017. Estavam no mesmo carro, a caminho de um retiro espiritual em Bukit Tiram (Malásia).
Aqui, o protagonismo da história muda... Pois, ao conhecer Mónica, algo no seu nome chamou a atenção de Cristina: «Mónica de Silva», o sobrenome dos seus pais adotivos euroasiáticos. Esse nome soava-lhe estranhamente familiar. A mãe de Cristina costumava contar-lhe, a ela e aos irmãos, sobre uma irmã mais nova que tinha sido entregue para adoção… e que se chamava Mónica de Silva.

Parecia uma coincidência grande demais para ser ignorada. Mas também demasiado pessoal para comentar sem a conhecer melhor.
O retiro terminou e Cristina não perguntou nada. Passaram-se anos, Cristina guardou aquele encontro no coração e falava com Deus sobre isso na oração.
És tu, minha irmã?
No dia 11 de outubro de 2024, festa da Maternidade de Nossa Senhora, Mónica e Cristina estavam novamente no mesmo carro, durante um passeio.
Uma amiga, ao lado de Mónica, virou-se para ela e disse: «Mónica, nunca ninguém te disse isso? Não pareces euroasiática, pareces chinesa!».
Naquele momento, Mónica sentiu uma inspiração interior: «Diga».
Respirou fundo e respondeu: «Na verdade, sou adotada».
Do banco da frente, Cristina virou-se imediatamente, estendeu a mão, segurou a de Mónica e perguntou: «És tu a minha irmã perdida?».
Mónica ficou atónita. «De que estás a falar?», perguntou.
Achando que Cristina estava a brincar, continuou a conversar com os outros no carro. Mas depois de algum tempo, percebeu que Cristina estava calada. Ainda segurava a sua mão... e estava a chorar.
Mónica olhou para ela e perguntou: «Estás a falar a sério? Tens uma irmã perdida? Como sabes disso?»
Cristina estava emocionada. Anos de oração tinham-na conduzido àquele momento.
Com lágrimas nos olhos, sussurrou em silêncio a Deus: «É isto, Senhor?».
De mãos dadas com o Terço e a Eucaristia
Naquela noite, Mónica não conseguiu dormir, mas rezou o terço no escuro do seu quarto. Na manhã seguinte, após receber a Comunhão, começou a chorar. O mesmo aconteceu nos dias seguintes. Não conseguia simplesmente parar de chorar depois de cada Missa.
Sentia como se tivesse estado perdida... e agora tivesse sido encontrada.
O reencontro
Cristina encontrou-se com a mãe alguns dias depois das férias e contou tudo o que lhe tinha acontecido naquele passeio.
Madam Lim ficou atónita e começou a fazer muitas perguntas: onde se conheceram? Mónica está bem? Está casada? E a sua família? Como estão os seus pais adotivos? Onde vive agora?
Cristina tranquilizou-a: «Mamã, Mónica está bem, é casada e tem sete filhos – como a Mãe».

Dias depois, Madam Lim aceitou encontrar-se com Mónica, embora estivesse naturalmente nervosa. Como reagiria Mónica? Iria aceitá-la depois de a ter entregue para adoção?
Marcaram o encontro para 19 de outubro de 2024.
Mónica estava pronta. Queria conhecer a mãe, saber quem era, como estava, e conhecer tudo o que fosse possível sobre a sua família.
Apenas uma hora antes do encontro, a irmã mais nova, Teresa, tinha encontrado os documentos originais da adoção. Confirmavam tudo.
Mónica, que tinha vivido toda a vida acreditando ser filha única, começava lentamente a assimilar que, na verdade, era a sexta de sete irmãos. Quando criança, sempre desejou ter irmãos, pois sentia-se sozinha muitas vezes.
Ao conhecer os irmãos, foi envolvida num abraço carinhoso. «Estamos muito felizes», disseram-lhe.
Eram suficientemente velhos para lembrar o dia em que Mónica foi entregue para adoção. Foi um dia muito triste nas suas vidas. Nunca imaginaram que este momento chegaria: o dia em que voltariam a ver a irmã, 62 anos depois.

«O Senhor escreve com o pé da mesa, para que se veja que é Ele quem escreve»
Esta é uma história que só Deus poderia ter escrito.
Mónica e Cristina foram conduzidas, cada uma à sua maneira, a uma vocação no Opus Dei. Por meio desse chamamento comum, os fios das suas vidas foram novamente entrelaçados – em silêncio e com beleza.
Mónica vê como Deus foi um grande cuidador desde o início da sua vida: não foi abortada, nasceu numa família que lhe deu os primeiros carinhos, foi criada por pais adotivos amorosos, formada na fé e, por fim, guiada até à irmã por meio da vocação no Opus Dei.
Cristina, que era apenas um bebé quando Mónica foi entregue para adoção, também vê claramente a mão providente de Deus: «Não é a minha história», diz ela. «Tão-pouco é a história da Mónica. É a história de Deus».