O meu sonho sempre foi ser realizadora de filmes. Costumava viver em Elstree, perto dos estúdios da BBC e esperava que a oportunidade haveria de surgir algum dia! Apesar disso, estudei enfermagem e actualmente trabalho a tempo inteiro num Hospital de Londres como enfermeira. No entanto, há uma certa relação; gosto de tratar as pessoas, da forma como funciona o corpo, de como funcionam os computadores e gosto de associar tudo isto! Ainda gosto de fazer pequenos vídeos e DVD’s, que em geral são pequenos documentários de promoção ou de viagens.
Quando tinha 19 anos costumava passar a maior parte do meu tempo (e dinheiro!) no “pub” com os meus amigos e ir às compras durante todo o dia aos sábados e domingos! Era uma seca … Nessa altura encontrei uma amiga que me levou ao Tamezin Club, um clube de jovens centrado numa das casas do Opus Dei. Comecei a participar em actividades de todo o género e na sua preparação, gostei muito da gente nova que encontrei e achei a actividade de voluntariado muito original e gratificante. Pouco a pouco fui-me interessando mais pelo Opus Dei e recebi formação sobre a Fé que me levou a pensar mais a sério sobre a minha vocação na vida. Acabei por compreender que a minha vocação era ser Numerária e, por isso, pedi a admissão na Obra, mas ainda me fizeram esperar! Acabei finalmente por entrar em 2004, quando tinha 20 anos.
A escolha entre ser Supernumerária ou Numerária foi para mim a grande decisão. Acho que o mais importante é que “temos de fazer o que temos de fazer”! É questão de rezar e seguir a nossa consciência.
No meu trabalho acho que considerar a minha infância espiritual diante de Deus me ajuda de verdade a ser alegre e a fazer sempre o meu melhor. É tudo o que podemos fazer, não é? Considero-me cheia de sorte. Gosto do meu trabalho, gosto de tratar as pessoas. As minhas colegas e eu rimo-nos muito no trabalho – precisamos disso na tensão e cansaço do dia a dia. E também no trato com os doentes, para ultrapassar um embaraço momentâneo, para iluminar a atmosfera da doença grave, do temor e da preocupação com o futuro.
Muitas das minhas colegas são fiéis cristãs praticantes e muitas também são muçulmanas e temos uma excelente relação. Trabalham muito e depois vão para casa e têm imensas coisas que fazer – crianças famintas, ir às compras, vizinhos ruidosos, etc. Eu tenho a grande sorte de chegar a casa e descubro que as outras pessoas da Obra me prepararam a refeição, trataram da minha roupa, a casa está limpa, adaptam-se às minhas maneiras, por vezes posso estar preocupada ou triste porque no trabalho um doente faleceu ou qualquer outra coisa, tomam conta de mim – são muito boas para mim. Mas eu correspondo a essa bondade – elas acham que eu também sou boa companheira, de facto eu até sou divertida… Acho que esta é uma maravilhosa maneira de viver a fraternidade cristã.
As minhas colegas metem-se um pouco comigo por ser Numerária, mas isso também as faz pensar um pouco mais a sério – sobre a existência de Deus, ter fé…e o significado da vida.