Que significa para ti ser numerária auxiliar?
Para mim uma numerária auxiliar é uma cristã, uma pessoa do Opus Dei, que vive o celibato e que procura colocar os outros – a sua família, os seus clientes, os seus amigos – no centro do seu trabalho, no meu caso, a hotelaria e, dessa forma, servir a Deus, conhecê-Lo e amá-Lo.
Procuro criar um ambiente familiar no meu local de trabalho e espero contribuir, assim, para o equilíbrio e bem-estar das pessoas a que chego com a minha profissão.
Como é que isso se concretiza? Através do cuidado que procuro pôr nos detalhes, por exemplo, ao pôr a mesa, ou prestando a atenção necessária para atender bem as necessidades dos outros. Quer dizer, trata-se de fazer os outros felizes.
Actualmente trabalho como monitora técnica da escola de Hotelaria de Dosnon. Em concreto, responsabilizo-me pela atenção aos alunos que frequentam as actividades de formação profissional e pelas recolecções no Centro de Encontros de Couvrelles, anexo à escola de hotelaria.
Como reagiu a tua família a esta tua escolha vital?
Os meus pais não conheciam o Opus Dei quando comecei a frequentar um centro , pelo que quiseram obter informações. Fizeram-me perguntas e fui-lhes respondendo. Pouco a pouco puderam conhecer o espírito de família que há na casa em que vivo e ficaram satisfeitos e a gosto no ambiente da casa.
Há pouco tempo o meu pai, que é cozinheiro profissional, veio preparar um jantar de gala que oferecemos a uma colega pelo seu aniversário. Regularmente os dois vêem à Escola Dosnon às actividades que organizamos.
Qual foi o teu percurso profissional?
Quando terminei o curso de hotelaria, trabalhei durante algum tempo num restaurante de um grande grupo. Aprendi muito e a bom ritmo pois os trabalhos de hotelaria não se improvisam. Cortar e servir os “flambés” diante do cliente, a arte da mesa, neologia… ia tudo muito bem, mas eu queria trabalhar para a minha família, o Opus Dei. Assim, passei a trabalhar nas tarefas domésticas de diversos centros da Obra.
Actualmente, sou professora de restauração numa escola de hotelaria onde, além disso, o Opus Dei oferece formação cristã às alunas que o desejam. É aí que procuro transmitir todos os meus conhecimentos profissionais juntamente com a atenção aos outros que considero muito interessante.
Anteriormente menos valorizadas, tem aumentado o interesse pelas profissões directamente relacionadas com o serviço aos outros. Que achas desta mudança de mentalidade?
Parece-me muito positivo e ao mesmo tempo lógico!
É como que uma redescoberta do valor que tem cada pessoa e a necessidade que temos de ser amados . Na minha opinião, grande parte dos problemas da sociedade têm origem na indiferença com que, às vezes, nos tratamos uns aos outros.
Considero que estas profissões relacionadas com o serviço aos outros contribuem muito directamente para criar uma sociedade mais humana e calorosa. Por isso parece-me lógico que sejam revalorizadas; é um ganho enorme para a sociedade!
Não te perece que numa época em que todos procuram ter cada vez mais direitos e trabalhar cada vez menos, o vosso ritmo de trabalho possa parecer excessivo?
Os que trabalham no sector dos serviços e na hotelaria sabem que as nossas ocupações não têm nada de comum; de facto trabalhamos quando os outros descansam, vamos de férias a destempo, etc.
Quanto ao ritmo de trabalho, evidentemente que é exigente; basta reparar no pessoal de sala e de cozinha de um restaurante num dia de afluência alta! Pela minha parte sinto-me satisfeita com os meus companheiros e com as minhas 35 horas de trabalho!
Os dias
de festa são sinónimo e trabalho acrescido?Pois claro! Já que nos dias em que se celebra algo é necessário um pouco mais de atenção, temos que ultrapassar-nos um pouco mais para, por exemplo, preparar o prato favorito de alguém ou imaginar uma nova decoração para a mesa, algo original e inesperado.
Gosto de dar esta dimensão familiar ao meu trabalho e manifestá-lo nestes pormenores de carinho para com a minha gente. Para mim estes detalhes não são uma carga; são antes uma alegria, porque sei que os outros estão a desfrutar com disso.
É algo que sempre experimentei nos centros do Opus Dei, aí as pessoas procuram fazer a vida agradável aos outros, especialmente se estão a atravessar um momento difícil, por motivos de trabalho, de saúde ou outros. Creio que as numerárias auxiliares têm um papel muito importante neste campo e isso estimula-me a levar a cabo o meu trabalho com maior profissionalismo e cuidado.
Achas que esse tipo de trabalhos está bem remunerado?
O meu ordenado está de acordo com os meus conhecimentos e com o meu trabalho. Não é exorbitante mas é suficiente.
Actualmente estou contratada pela Escola de Hotelaria Dosnon. Tenho a meu cargo vestir-me, a alimentação, os livros, as distracções, etc.
Procuro gastar o dinheiro com sentido de responsabilidade, sabendo que, da mesma maneira que qualquer pessoa no Opus Dei, posso ajudar economicamente, sempre que me seja possível, um grande número de iniciativas sociais, culturais e educativas que pessoas da Obra levam a cabo em todo o mundo. Gosto de poder contribuir, ainda que com pequenas importâncias, para o desenvolvimento de iniciativas em países necessitados.
Qual é a frase de São Josemaría que mais te agrada?
“Que a tua vida não seja uma vida estéril. Sê útil. Deixa rasto. Ilumina com o resplendor da tua fé e do teu amor”.