Chamo-me Eva Burniol, sou do bairro da Horta, em Barcelona, e sou numerária auxiliar. Tenho 34 anos e adoro a montanha, correr... dá-me descanso, relaxa-me. Gosto muito da natureza. Gosto de ler, escrever, sair com os amigos... A moda, não sei, estar a par de tudo, não me chega o tempo!

Eva vive em Barcelona e quis partilhar a sua viagem de descoberta vocacional. O seu primeiro contacto com a Obra foi bastante negativo: “Estávamos numa aula e a professora, falando de seitas, dizia-nos: ‘É muito perigoso, as seitas captam as pessoas e a pior, a pior, é o Opus Dei’”. A partir desse comentário, começou a questionar a sua fé. “Todos os domingos ia à Missa, mas porque ia à Missa?”, perguntava-se.

Uma viagem a Sevilha na Semana Santa marcou um ponto de viragem. “Um dia, pus-me diante de Deus... e disse: E Tu, que missão tens para mim?”. Quando viu o filme A Paixão, sentiu necessidade de fazer algo com significado: “Se Deus fez isto por mim, que é que eu tenho de fazer?”. Refletiu sobre a sua vocação e concluiu que a sua chamada era “no meio do mundo”. Considerou diferentes opções dentro do Opus Dei e finalmente pergunta-se: “Numerária auxiliar”, e sente uma certeza. “Sim!”.

“Somos pessoas que se dedicam a transformar uma casa numa família”

Eva sublinha que a sua vocação está profundamente ligada à sua profissão: “Somos pessoas que se dedicam a transformar uma casa numa família”; O seu trabalho vai para além de limpar ou cozinhar, pois implica “um planeamento, pensar na pessoa que entra, há muito trabalho de investigação por detrás disso”. “Outras pessoas poderiam fazê-lo perfeitamente bem – acrescenta –, mas há um acréscimo de dedicação e de oração, e essa vocação de cuidado”.

A sua decisão gerou dúvidas, até nela própria, pois desde criança queria ser professora e estudou para ser professora. Pensei: “mas não vou estar numa escola”. As amigas perguntavam-lhe: “Mas o que é que estás a fazer?”. No entanto, ela compreendeu que a sua vocação não era uma renúncia, mas uma “transformação”. “Em vez de ensinar Matemática ou Geografia, ensino a importância das pequenas coisas, da família, da beleza, do trabalho bem feito”, diz ela.

Viver num centro com numerárias e numerárias auxiliares também lhe ensinou a convivência. Cada uma vem com a sua própria bagagem, o seu próprio carácter e há diferentes gerações. É preciso muita flexibilidade, compreensão, escuta... Deus está por detrás disso, porque se não, não resulta! Para Eva a sua vocação é um serviço total que traz valor à sociedade. “Preenche-me que a casa se expanda para o mundo”.