Dora, uma empregada doméstica a caminho dos altares

D. Javier Echevarría presidiu em Roma à cerimónia do início do processo canónico sobre a vida e virtudes de Dora del Hoyo. O ato teve lugar na Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma.

Em 1939 mudou-se para Madrid. Depois de ter trabalhado em casa de várias famílias, em 1944 começou a exercer a sua profissão na Moncloa, residência universitária onde conheceu São Josemaria. Em março de 1946 decidiu pedir a admissão no Opus Dei. Em dezembro desse ano foi para Roma, onde trabalhou com pessoas de todo o mundo.
Desde a sua morte até à atualidade mais de trezentas pessoas – a maioria, mulheres que exercem a sua mesma profissão – testemunharam por escrito o bem que o exemplo cristão de Dora implicou nas suas vidas. Foram também registados numerosos favores que se atribuem à sua intercessão.
A origem da abertura do processo desta Causa de Canonização é um fenómeno de devoção espontânea que nasce da fé viva do povo de Deus e que depois a Igreja averigua da sua autenticidade e fundamento.
Cumpridos os requisitos previstos pelas leis canónicas e verificada a solidez das provas que foram surgindo acerca da exemplaridade cristã de Dora, o Prelado do Opus Dei, D. Javier Echevarría, decidiu constituir um Tribunal para iniciar a investigação processual sobre a sua vida e virtudes.

D. Javier Echevarría durante a trasladação do féretro de Dora del Hoyo

Durante a cerimónia, o Prelado disse que “Estou cada vez mais convencido do papel fundamental que esta mulher teve e terá na vida da Igreja e da sociedade. O Senhor chamou Dora del Hoyo para se ocupar de tarefas semelhantes às desenvolvidas pela Virgem Maria na casa de Nazaré”.
“O exemplo cristão desta mulher – continuou – com a sua fidelidade à vida cristã, contribuirá para manter vivo o ideal do espírito de serviço e para difundir na nossa sociedade a importância da família, autêntica Igreja doméstica, que ela soube encarnar com o seu trabalho diário, generoso e alegre”.
O significado primário de toda a causa de canonização é fazer bem às outras pessoas e contribuir, assim, para o bem da Igreja. Esta Causa permitirá compreender melhor a figura de quem viveu a vida quotidiana fazendo dela um contínuo ato de oferecimento a Deus, de serviço alegre aos outros nas tarefas da casa.

Dora del Hoyo nasceu numa aldeia de Castela, em 1914

UM CAMINHO ABERTO

Dora decidiu dedicar a sua vida a um trabalho que considerava fundamental, não só para a família, mas para cada pessoa e para toda a sociedade. Estava convencida de que o ideal de “um mundo feliz”, devia começar por criar um lar sereno, cuidando de tarefas que contribuem para o ambiente de harmonia e de bom humor.
As suas colegas referem o prestígio profissional de que gozava. Não se contentava em cumprir os deveres na lavandaria ou na cozinha, mas empregava os seus talentos a fundo; desde decidir passar as camisas de uns jovens universitários com amido – à moda dos anos 40 – sem que ninguém lho pedisse, a preparar um prato especial sem dispor de meios económicos. Manter limpas as frigideiras ou servir à mesa eram para ela uma oportunidade de amar. Queria encontrar Deus na aparente insignificância – heróica – de oferecer o trabalho bem feito, com carinho, um dia e outro, até ao final da vida.
Os vários testemunhos escritos sobre a vida de Dora destacam também o seu bom gosto e elegância.
É um estilo, o de Dora, para mulheres que hoje vêm nos trabalhos da casa uma verdadeira profissão. Uma ajuda no Céu para enfrentar os mil avatares diários que trás consigo a gestão e a atenção do lar, das pessoas.