Cerca de 650 comunicadores da Igreja de mais de 60 países – responsáveis pela comunicação de dioceses, conferências episcopais, congregações ou institutos de vida consagrada, movimentos e outras realidades eclesiais – reuniram-se entre 22 e 24 de janeiro na Universidade Pontifícia da Santa Cruz em Roma para refletir sobre “Comunicação e evangelização: contexto, atitudes e experiências” (Link para o programa em PDF)
Ao longo de três dias, os debates deste seminário profissional articularam-se em torno a várias vias que facilitam a comunicação da fé: a via do testemunho, a via da razão e da ciência, a via da caridade e do serviço, a via da cultura e da arte, a via da sanação e do perdão, a via digital ou a da piedade popular, entre outras. A concluir esses dias, seguiu-se a participação nos atos do Jubileu para o mundo da Comunicação.

Mons. Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei e Magno Chanceler da Universidade, deu as boas-vindas aos participantes e recordou-lhes que “todas as dimensões da comunicação da Igreja têm como horizonte a evangelização, que nos fala diretamente de esperança”.
TODAS AS DIMENSÕES DA COMUNICAÇÃO DA IGREJA TÊM COMO HORIZONTE A EVANGELIZAÇÃO, QUE NOS FALA DIRETAMENTE DE ESPERANÇA
Por sua vez, a professora Gema Bellido, do comité organizador, introduziu o seminário explicando a evolução que a comunicação teve nos últimos anos, em que a cultura digital gerou um contexto em que se comunica de um modo “mais informal, imediato, multidirecional, dialógico, relacional, centrado nas pessoas e nos intangíveis”; um quadro que abre oportunidades e desafios na comunicação do Evangelho.

Quinze considerações: do encontro ao anúncio
A conferência inaugural ficou a cargo do arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização e encarregado pelo Papa Francisco da organização dos atos do Jubileu de 2025. Além de remeter ao texto completo da sua intervenção sobre Evangelização e Contemporaneidade, apresentamos quinze breves considerações, retiradas desse texto, para refletir sobre a comunicação da fé na atualidade:
1.«O estilo de vida é critério de credibilidade do anúncio» do Evangelho, por isso este anúncio «deve conjugar-se com um estilo de vida que permita reconhecer os discípulos do Senhor onde quer que se encontrem».
2. O objetivo fundamental do kerygma é «anunciar o Evangelho de Jesus Cristo para que todos alcancem a salvação».
3. A evangelização é «consequência de um encontro». Por isso, «em primeiro lugar, temos de falar do nosso encontro com o Senhor» e «voltar com frequência às nossas origens; ao momento do encontro, de onde tudo procede».
4. A Eucaristia recorda-nos a realidade do nosso batismo: «a chamada a partilhar a própria vida de Deus; ou seja, a evangelização».
5. Estamos chamados a «ser fiéis ao que recebemos de Nosso Senhor: ser capazes de transmiti-lo com um anúncio que chegue a todos, sem distinção, porque o conteúdo da sua mensagem consiste na verdade sobre a existência pessoal».
6. Precisamos de difundir a verdade do anúncio cristão «não como algo que procede da experiência pessoal, mas que foi trazido e dado a conhecer por revelação do Filho de Deus; por isso é “nova” e dada com “autoridade”».
7. «A transmissão da Palavra de Deus deve realizar-se com fidelidade ao conteúdo, mas sem esquecer a quem é dirigida: os nossos contemporâneos».
8. O objetivo da evangelização consiste em «abrir os corações e as mentes dos nossos contemporâneos para que descubram a importância de Deus nas suas vidas e acreditem em Jesus Cristo».
Entrevistas a conferencistas do congresso Comunicação e evangelização
9. Podemos encontrar sempre «novas formas de expressão capazes de comunicar a única verdade da revelação». Precisamente pelo seu valor salvífico, «somos obrigados a descobrir todos os caminhos e a percorrer todos os trilhos para chegar ao homem onde quer que ele viva, de forma a ser transmissão viva da palavra do Senhor». Um destes caminhos passa por encontrar linguagens que «permitam captar a atenção e o interesse pela fé».
10. «Os que hoje têm vinte anos são nativos digitais; ou seja, são filhos desta nova cultura que impõe novas linguagens e, em consequência, novos comportamentos».
11. «A tarefa da evangelização não é nada teórica, muito pelo contrário». De facto, obriga-nos a «refletir sobre a condição dos nossos contemporâneos, cuja identidade é muito diferente da de décadas passadas».
12. «Revestir o anúncio da fé com as vestes da esperança». Pois «a esperança como experiência universal foi colocada nas nossas mãos para que comprovemos como pode converter-se na nova linguagem da fé».
13. «O nosso interlocutor com frequência não crê, mas certamente espera». Isso convida-nos a «reavivar a própria esperança que parece reduzir-se a brasas sem ser fogo que dê sentido à vida». E permite-nos «participar comunicando-nos com o nosso contemporâneo num terreno comum e partilhado».
14. É necessário promover «uma antropologia capaz de ajustar-se à nova visão do homem, atualmente esboçada pelo progresso da ciência e da técnica».
15. «O mandato de Jesus [de levar o Evangelho a todas as pessoas, em qualquer tempo e lugar] é tão claro que não admite erro ou desculpa alguma».
