CIMA: um centro de investigação médica em Pamplona

Os príncipes das Astúrias, D. Felipe de Borbón e D. Letizia, inauguraram na Universidade de Navarra, obra corporativa do Opus Dei, o CIMA, Centro de Investigação em Medicina Aplicada. Nas quatro áreas do Centro trabalharão 320 cientistas.

O CIMA, um edifício de 15.030 metros quadrados no qual trabalharão 320 investigadores, nasceu para combater um conjunto de doenças para as que ainda não há cura. “Propôs-se a conveniência e a necessidade de desenvolver uma investigação de nível internacional. Esta proposta uniu-se à infra-estrutura que já se tinha na Universidade de Navarra: a Clínica Universitária, as faculdades de Medicina, Farmácia, Ciências...”, explicou na apresentação Francisco Errasti, director-geral do Centro de Investigação Médica Aplicada da Universidade de Navarra.

“O CIMA está pensado para procurar soluções para as doenças e para o sofrimento dos doentes”, afirmou. “Temos nas nossas mãos todo o processo científico: desde a investigação no laboratório até à possibilidade de realizar ensaios clínicos na Clínica Universitária e patentear os resultados”, acrescentou. Neste sentido, assinalou que já existem “algumas patentes concedidas e estamos dispostos a desenvolvê-las e comercializá-las”.

O Reitor da Universidade de Navarra, José Mª Bastero, recordou que tanto o anterior Chanceler da Universidade, D. Álvaro del Portillo como o actual, D. Javier Echevarría, estimularam em todo o momento todas as autoridades académicas para conferirem a prioridade à investigação. Também assinalou que as investigações que se desenvolvem no CIMA se caracterizarão pelo “respeito aos postulados éticos da vida cristã e o espírito de serviço à Clínica Universitária e a outros centros de saúde da Universidade de Navarra e de Espanha”.

O edifício foi inaugurado a 28 de Setembro pelos Príncipes das Astúrias, D. Felipe de Borbón e D. Letizia.

D. Felipe destacou o prestígio internacional da Universidade de Navarra nos distintos âmbitos, e referiu com uma emoção particular a Clínica Universitária, onde “o meu avô, o Conde de Barcelona, passou os seus últimos dias. Pude verificar o tratamento impecável, tanto médico como pessoal, que recebeu durante a sua estadia ali”.

Instinto médico para curar

Os cientistas trabalharão em quatro áreas: Oncologia, Neurologia, Fisio-patologia Cardiovascular e Terapia Genética e Hepatologia. São quatro campos de investigação seleccionados em função da sua importância assistencial, da repercussão social e da própria experiência e tradição investigadora da Universidade de Navarra e da Clínica Universitária. Foram eleitos a pensar que eram as quatro linhas de investigação relevantes durante os próximos 20-25 anos na sociedade moderna, sobretudo na ocidental. Dentro destas quatro áreas, os investigadores centrar-se-ão em 22 projectos de investigação bio-médica.

Outra das novidades do CIMA é o seu modelo de financiamento, pioneiro em Espanha, que permite encaminhar o compromisso social de diversas entidades que apostaram em apoiar a investigação bio-médica. Em 2003 assinou-se um contrato de investigação e transferência de tecnologia com 15 empresas e entidades que constituíram uma ACE. O contrato prevê que, em troca de financiar a investigação, essas empresas sejam depois proprietárias dos resultados obtidos. Entre os assinantes deste acordo – que procurará, ao longo de dez anos, 152 milhões de euros – encontram-se entidades e empresas de biotecnologia filiais de grupos como o BBVA, El Corte Inglés, Pontegadea, Omega Capital, Grupo Masaveu, Corporação Caja Navarra, Caja Rural de Navarra, Unicaja, Ungria Patentes, Grupo Fuertes (El Pozo), Caixa Galicia e Fundação IEISA.

O Dr. Jesús Prieto, director da área de Terapia Genética e Hepatologia, declarou que “este edifício é fruto de um instinto médico para curar e também de um modo de fazer medicina académica”. Em relação à sua área de investigação, indicou que “as doenças crónicas do fígado põem um grande problema não só epidemiológico, mas também terapêutico. É urgente encontrar tratamentos para estes processos. Para aquelas doenças para as que não seja possível um tratamento convencional investigaremos o recurso à terapia genética, um processo que consiste na transferência de genes para o tecido doente”.

Em Neurologia, a investigação centrar-se-á no estudo do Alzeimer e Parkinson: “As doenças neuro-degenerativas causam uma grande alteração na vida dos doentes, têm uma grande incidência e um grande impacto social e pessoal”, explicou o Dr. José Masdeu, director da área, que também falou da necessidade de trabalhar em colaboração com outros centros nacionais e estrangeiros.

Terapia genética, neurociências, cardiopatias e oncologia

Por seu lado, Javier Díez, director da área de Fisiopatologia Cardiovascular, apontou que “a primeira causa de doença e de morte nos países ocidentais são as doenças cardiovasculares e prevê-se que dentro de décadas o sejam em todo o mundo”. A sua equipe investigará em dois âmbitos principais: a arteriosclerose e a hipertensão arterial. “É preciso detectar precocemente a cardiopatia hipertensiva. Neste âmbito interessa-nos desenvolver patentes, e já iniciámos o caminho”, disse o Dr. Díez.

Finalmente, os investigadores da área da Oncologia, dirigida pelo Dr Luis Montuenga, centrar-se-ão no estudo do cancro do pulmão, nas neoplasias hematológicas e no cancro do cólon e do recto.

Ao abençoar as instalações, o arcebispo de Pamplona e bispo de Tudela, D. Fernando Sebastián, assinalou que a identidade cristã do CIMA “constitui uma dignidade e uma honra para a Universidade de Navarra, para a Clínica Universitária, para Pamplona e para a Igreja em Espanha. Além da importância e rendimento que tenha este centro no campo estritamente científico e médico, tem primeiro que tudo um significado religioso e cristão".

Também, animou os trabalhadores do CIMA para que através da ciência glorifiquem a Deus. “O vosso testemunho – disse-lhes – é um grande contributo de seriedade e verdadeiro conhecimento científico”.