Bento XVI reafirma vontade de dialogar com o Judaísmo

Bento XVI reafirmou hoje a sua vontade de dialogar com o Judaísmo, continuando o caminho aberto por João Paulo II rumo “a uma melhoria das relações de amizade com o povo hebraico”.

Bento XVI na sinagoga de Colónia

Bento XVI reafirmou hoje a sua vontade de dialogar com o Judaísmo, continuando o caminho aberto por João Paulo II rumo “a uma melhoria das relações de amizade com o povo hebraico”.

Na histórica visita de um Papa alemão à Sinagoga de Colónia, 60 anos depois do final da II Guerra Mundial, Bento XVI condenou o crime “inaudito” da Shoah. “No século XX, o tempo mais sombrio da história alemã e europeia, uma louca ideologia racista, de concepção neopagã, esteve na origem de uma tentativa, projectada sistematicamente e colocada em prática pelo regime, de exterminar o judaísmo europeu”, declarou.

O Papa classificou o Holocausto como “um crime inaudito e até aí inimaginável”, evocando os milhões de judeus assassinados nas câmaras de gás e queimados em fornos crematórios.

Nesse contexto, Bento XVI denunciou a emergência de “novos sinais de anti-semitismo” e de manifestações de hostilidade generalizada “contra os estrangeiros”, apelando a que todos aprendam as lições da história. “Como não ver em tudo isto motivo de preocupação e de vigilância?”, perguntou.

Em conjunto

Bento XVI assegurou que a Igreja Católica está comprometida “em favor da tolerância, do respeito, da amizade e da paz entre os povos, as culturas e as religiões”, indicando que ainda há muito por fazer.

“Encorajo um diálogo sincero e confiante entre hebreus e cristãos, pois só assim será possível chegar a uma interpretação partilhada de questões históricas ainda discutidas e, sobretudo, dar passos em frente, do ponto de vista teológico, na valorização da relações entre o Judaísmo e o Cristianismo”, apontou.

Em jeito de desafio, o Papa pediu que os fiéis das duas religiões trabalhem em conjunto para que “nunca mais as forças do mal cheguem ao poder”, apelando a que transmitam aos jovens “a chama da esperança que foi dada por Deus” para construir um mundo mais justo e pacífico.

Bento XVI sublinhou o património comum às duas religiões e incitou a um “testemunho conjunto ainda mais unânime” em defesa de valores como os direitos humanos, a sacralidade da vida humana, a família, a justiça social e a paz.

O Rabino Teitelbaum disse ao Papa que a visita de hoje “é um passo rumo à paz entre todos os povos do mundo e um símbolo de que a Igreja Católica mudou a sua atitude nas relações com os judeus, desencorajando qualquer forma de anti-semitismo”.

Após sair da Sinagoga, o Papa regressou à sede da Arquidiocese de Colónia, para um almoço com jovens dos 5 continentes. Presente estará ainda D. Franz-Josef H. Bode, presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral Juvenil dos Bispos alemães.

Agência Ecclesia