A terceira edição de BeDoCare, com 250 participantes de 21 países, será um fórum global de três dias que reunirá agentes de transformação social de todos os continentes, com foco em África e a partir dela. Com o tema “O destino de África”, esta edição coloca Nairobi no centro de conversas globais sobre como viver com propósito, agir com coragem e cuidar com compaixão.
Conversamos com Martha Ogonjo, Diretora de Comunicação Institucional da Universidade de Strathmore e membro do Comité Organizador do BeDoCare 2025, para saber mais sobre a novidade desta edição, a sua relevância e como podemos tomar parte nela.
Martha, em termos simples, o que é BeDoCare?
BeDoCare é um movimento. Uma comunidade viva e dinâmica de pessoas e organizações que acreditam que não podemos ficar de braços cruzados enquanto os problemas do mundo se multiplicam. O nome já diz tudo: Sê quem estás chamado a ser (Be). Faz o que deves fazer (Do). Cuida o suficiente para fazer a diferença (Care).
O que a distingue é a sua intenção. BeDoCare tem como objetivo o bem comum. De Roma a São Paulo, e agora a Nairobi, reuniu empreendedores sociais, académicos, ONGs, líderes empresariais e estudantes que se recusam a ficar de fora e se querem juntar a este movimento para que o bem comum chegue a todas as pessoas.
Qual é o seu papel em BeDoCare Nairobi?
Quando soubemos que o próximo BeDoCare ia ter lugar no continente africano, especificamente em Nairobi, os meus colegas e eu formámos um comité organizador para ajudar a orientar o planeamento desta edição. Na altura, o evento parecia distante. Mas agora, a apenas uma semana do seu início, é incrível ver quanto avançámos. Tem sido uma jornada de trabalho em equipa e coordenação, além de uma profunda reflexão sobre o que significa trazer uma iniciativa tão global para África.
Qual foi a origem de BeDoCare?
As raízes de BeDoCare remontam ao Prelado do Opus Dei, que também é o Magno Chanceler da Universidade de Strathmore. Nos últimos anos, convidou-nos a preparar-nos para o centenário do Opus Dei, que acontecerá de 2028 a 2030, dando corpo a iniciativas que promovam a dignidade humana e o impacto social.
Uma dessas iniciativas é BeDoCare. A ideia tomou forma em Roma, de 28 a 30 de setembro de 2022, durante um encontro organizado em preparação para o centenário. Também coincidiu com o 20.º aniversário de Harambee, iniciativa lançada pela primeira vez por ocasião da canonização de São Josemaria.
Desde o início, BeDoCare foi concebido como plataforma para mostrar e fortalecer iniciativas sociais que combinam paixão com competência profissional, garantindo que as comunidades não sejam apenas inspiradas, mas também erguidas de forma sustentável.
Em que se concentraram as edições anteriores?
Cada edição teve a sua ênfase específica. A conferência inaugural em Roma (2022) refletiu sobre a sustentabilidade e o futuro das iniciativas sociais, enfatizando que os projetos inspirados por São Josemaria devem sempre ter a pessoa no centro, unindo o coração ao profissionalismo para conseguir um impacto duradouro.
A segunda edição, em São Paulo (2024), desenvolveu essa reflexão considerando o legado para as gerações futuras. Destacou como iniciativas sociais na América Latina estavam a empoderar jovens, combatendo a desigualdade e encontrando maneiras inovadoras de criar trabalho digno.
Agora na sua terceira edição em Nairobi (2025), o foco é “O destino de África”. É um desafio e uma oportunidade. Como podemos, como africanos, assumir a responsabilidade pelo nosso futuro e garantir que educação, trabalho digno e empoderamento social não sejam sonhos adiados, mas realidades alcançadas? Como podemos tornar o debate sobre o destino de África mais holístico, para que, por meio de iniciativas de impacto social, inovação e colaboração inclusiva, criemos sistemas que elevem as comunidades, abram portas à próxima geração e deem a cada pessoa a oportunidade de prosperar?
Porque é significativo que a BeDoCare chegue a Nairobi este ano?
África encontra-se numa encruzilhada. Temos a população mais jovem do mundo, com uma idade média de 19 anos, imensos recursos naturais e culturas vibrantes. Mas também enfrentamos desafios como desemprego, desigualdade, pressões climáticas e, em alguns lugares, governos frágeis.
A chegada de BeDoCare a Nairobi significa que África já não é apenas participante dessas conversas globais; é o seu próprio palco. O tema, “O destino de África”, desafia-nos a moldar o futuro que queremos, não aquele que os outros preveem para nós. É um reconhecimento de que as soluções para África devem vir de África, e a Universidade de Strathmore tem orgulho de sediar este diálogo corajoso.
Poderia adiantar-nos que conteúdos e propostas encontrarão os participantes durante os três dias do evento?
Claro que sim. O primeiro dia dá o tom com “África dentro de 50 Anos: Desafios e Oportunidades”. Queremos que os participantes pensem a longo prazo. Que tipo de África os nossos netos herdarão e como podemos agir com sabedoria hoje? Os workshops explorarão como as universidades se podem tornar motores de transformação social e como tornar a educação de qualidade verdadeiramente acessível.
O segundo dia concentra-se na juventude e no futuro do trabalho. Isso é crucial porque o potencial da população jovem africana pode tornar-se a nossa maior força ou o nosso maior desafio. Haverá debates sobre formação profissional, inovação digital e empreendedorismo, com o objetivo de equipar os jovens com as capacidades necessárias para prosperar.
O terceiro dia amplia a perspetiva para resgatar a narrativa africana: mulheres empreendedoras, tecnologias verdes, artes, cultura e comunicação. O tema é como nos vemos e como o mundo nos vê. Cada dia foi planeado para ser interativo, esperançoso e, acima de tudo, prático.
Que vozes ouviremos no BeDoCare 2025?
Temos o privilégio de contar com um grupo incrível. O Dr. Vincent Ogutu, nosso Reitor, abrirá o debate com ideias sobre como a educação pode despertar o propósito em toda a África. A Professora Enase Okonedo explorará como as instituições de ensino em África se estão a adaptar à crescente procura de habilitações empreendedoras e de liderança no mercado de trabalho em constante transformação.
Estamos muito contentes por contar com o Pe. Javier del Castillo, vigário geral do Opus Dei, que vem de Roma e nos vai falar sobre São Josemaria e a cultura do dom.
Também ouviremos a Dra. Julie Gichuru, líder em meios de comunicação e afro-otimista, que inspirará um diálogo sobre liderança. Da Commonwealth, o Professor Luis Gabriel Franceschi abordará temas como governo e democracia, enquanto a Professora África Ariño falará sobre empreendedorismo e coesão social. Cada voz trará sabedoria, diversidade de experiências e um profundo amor por África.
Por último, o tema é “O Destino de África”. Que significa isso para si pessoalmente?
Para mim, é sobre pertença. Durante demasiado tempo, a nossa história foi-nos contada. BeDoCare lembra-nos que o destino não é algo que esperamos; é algo que criamos. Está nas mãos de jovens inovadores que ousam sonhar, de mulheres empreendedoras que constroem comunidades resilientes, de educadores que libertam potencial e de líderes que escolhem a integridade em vez das conveniências.
Pessoalmente, isso desafia-me a viver com um propósito mais profundo, a continuar a perguntar-me: “Estou a ser? Estou a fazer? Estou a cuidar?”.
BeDoCare é um convite para viver de forma diferente. A ser mais consciente. A atuar com mais coragem. A cuidar com mais profundidade. E essas três palavras – Be, Do, Care – podem mudar a nossa vida e a vida das pessoas à nossa volta.
Karibuni Nairobi, Karibuni Strathmore! (Bem-vindo a Nairobi, bem-vindo a Strathmore!)
Acompanhe o evento e saiba mais aqui.

