Foi o meu pai quem me alentou a estudar música desde pequena e, apesar dos nossos meios económicos serem escassíssimos, empenhou-se em comprar um bom piano e em escolher a professora mais prestigiada da cidade onde nasci, La Plata (Buenos Aires), para ter aulas com ela.
Conheci a Obra quando tinha dezoito anos graças à amiga de uma amiga da minha mãe que me indicou a Residência quando procurava aproximar-me do sacramento da Confissão.
Nessa altura estudava Música e Filosofia (ramo de ensino); foi aí que conheci o meu marido, o Daniel. Pouco antes de me casar, pedi a admissão à Obra. Quisemos viver em Rauch, uma localidade rural da planura das pampas onde ele nasceu, com o entusiasmo de formarmos uma família numerosa.
Na igreja paroquial desta pequena povoação há um lindo órgão de tubos. Uns meses antes do meu casamento tinham finalizado os trabalhos de restauração que permitiram que pudesse continuar nele os meus estudos musicais.
Enchemos a nossa casa de música, de bons livros e do gosto pela arte. Foram chegando os nossos cinco filhos. Como tinha aprendido na Obra que a minha família estava em primeiro lugar, tranquilizava-me muito saber que “não perdia o tempo” ao dedicar-me a atendê-los, a ir formando as suas cabecitas e os seus corações com entusiasmo.
Simultaneamente, ao considerar a música como outra parte da minha vocação, também me sentia muito tranquila quando dedicava alguns tempos em cada dia a sentar-me ao piano ou ao órgão a aprofundar nas grandes obras de Bach. O próprio Johann Sebastian Bach foi para mim um magnífico modelo de pai carinhoso de uma numerosa família à qual dedicava os melhores momentos da sua laboriosa vida sem detrimento da sua genial tarefa de compositor. Algumas das suas mais formosas obras foram criadas para a educação musical da sua família. À medida que os meus filhos foram crescendo foram-se incorporando também na vida musical.
Actualmente, os meus filhos são já todos adolescentes, a mais velha estuda canto, a segunda pediu a admissão à Obra como numerária e está ainda na escola assim como os dois rapazes que se lhe seguem e a mais nova tem 12 anos. Fazem parte, juntamente com o meu marido, de um coro que canta na igreja todos os Domingos. Gostam da natureza, da cultura e da arte. E todos gostam muito da Obra: para eles, é parte da sua família.
Ultimamente pude dar alguns concertos de órgão dedicados integralmente àquelas grandes obras de Bach que tenho vindo a estudar há alguns anos entre o alvoroço dos filhos, os afazeres do lar, o convívio com Deus e com os amigos.