A ‘Caritas in veritate’ vista por cristãos, judeus e muçulmanos

Analistas e estudiosos das três religiões monoteístas – islâmicos, judeus e cristãos – participaram numa jornada sobre a 'Caritas in veritate', de Bento XVI. O evento teve lugar em Roma.

Alguns dos conferencistas na Jornada de reflexão sobre a 'Caritas in veritate'.

A mesa redonda foi convocada pela Fundação Promoção Social da Cultura e pela UniversidadePontifícia da Santa Cruz, uma iniciativa do Opus Dei que disponibiliza estudos de Teologia, Filosofia, Direito Canónico e Comunicação Social, em Roma.

Stefano Zamagni , professor de Economia Política na Universidade de Bolonha, disse que “a encíclica “Caritas in veritate” recompõe tudo o que foi separado nos últimos séculos”, voltando a recuperar, por exemplo, “o conceito global de criação e distribuição da riqueza”. No mundo actual, acrescentou Zamagni, substituiu-se o “bem comum” pelo “bem global”, que é a soma dos bens individuais.

Youssef El- Khalil, libanês, presidente da Associação de Ajuda ao Desenvolvimento Rural (ADR) e director financeiro do Banco Central do Líbano explicou que o conceito de “justiça” é chave no Islão. Dela derivam o princípio fundamental da justiça social, que assegura uma redistribuição da riqueza para cobrir as necessidades sociais fundamentais”.

Esclareceu também, que “a caridade no Islão está muito unida ao conceito de misericórdia”, e ao respeito dos outros. El-Khalil convidou os presentes a substituir o conceito de “solidariedade” pelo de “fraternidade”, tal como a encíclica propõe.

Por seu lado, o diplomata hebreu, primeiro embaixador junto da Santa Sé, Samuel Hadas assinalou que a “Caritas in veritatis” é “um convite às religiões para criar um diálogo activo e sincero para contribuir para melhorar as relações entre os povos”.