25. Que dizia S. Josemaria sobre os actos de represália do franquismo durante a guerra?

Antes de responder a esta questão convém dizer que a informação que Escrivá tinha das depurações e represálias do franquismo, que agora são bem conhecidas, era inexistente ou muito limitada, como sucedia a grande parte da opinião pública, cujas fontes de informação eram a imprensa e a rádio oficiais, que dependiam do governo particularmente numa situação como aquela. Corriam todo o género de boatos que umas vezes eram certos, e outras não.

É preciso dizer também que esses órgãos de informação e de propaganda difundiam as sentenças dos tribunais como actos de justiça em tempo de guerra. As represálias não apareciam nos jornais.

Por outro lado, as opiniões do jovem sacerdote só podiam chegar, naqueles momentos, a um número reduzido de pessoas.

A pesar destas circunstâncias, todas as testemunhas são unânimes em afirmar que a sua atitude não era nada frequente na altura: ante a violência que a guerra ocasionava, falava sempre de perdão e aconselhava a fugir da vingança e a procurar a reconciliação.

Em Abril de 1938 relatou por escrito uma conversa que tinha tido com um jovem oficial com quem se encontrara casualmente durante uma viagem de comboio na Andaluzia: “Um Alferes cuja família e bens tinham sofrido muito por causa das perseguições dos vermelhos, profetizava as suas próximas vinganças. Disse-lhe que me tinha acontecido o mesmo e que a minha família e bens também tinham sofrido muito, mas que desejava que os vermelhos vivessem e se convertessem. As palavras cristãs chocam, na sua alma nobre, com os seus sentimentos de violência e vê-se que reaje”.

- Francesco Angelicchio, um dos primeiros fiéis italianos do Opus Dei, afirma “Sempre o ouvi falar de forma muito clara e condenar severamente os regimes totalitários, tiranos e libertários, tivessem a cor que tivessem”. Cfr. URBANO, P., O Homem de Villa Tevere, (trad. port.), Quadrante, São Paulo 1996, p. 113.