Evangelho da sexta-feira: A Lei permite curar em dia de sábado?

Evangelho da sexta-feira da 30ª semana do Tempo Comum e comentário ao evangelho

Foto: Filipe Delgado

Evangelho (Lc 14,1-6)

Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Diante de Jesus, havia um hidrópico. Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus:

- A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?

Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o.

Depois lhes disse:

- Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?'

E eles não foram capazes de responder a isso.


Comentário

O Senhor convive com todos os tipos de pessoas. Aceita o convite para o banquete que Zaqueu organizou logo após sua conversão. Também se encontra com um grupo mais restrito de amigos, como Marta, Maria e Lazaro em Betânia. E não deixa de aceitar, inclusive, os convites para a casa de fariseus, como vemos no Evangelho de hoje.

Jesus está na frente de um homem doente e os fariseus observam a cena. Para os fariseus, o doente é apenas uma ocasião para testar Jesus: será que Ele o curará no sábado? Como resolverá esse problema? Eles não parecem se importar muito com a condição daquele pobre homem. Jesus, porém, não entra nessa lógica dos seus adversários. Ele não vê naquele doente uma desculpa para ter uma discussão sobre a lei. Vê, acima de tudo, uma pessoa que precisa da sua ajuda: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” (v. 5) Com esta pergunta, Jesus sugere que os fariseus têm que mudar de perspectiva: o doente não é um caso para fazer uma dissertação teórica, mas alguém diante do qual não se pode ficar indiferente.

Na ação de Cristo vemos como a caridade nos dirige para a pessoa concreta. Dá-nos aquele olhar simples, que não se deixa prender por preconceitos ou ideologias que muitas vezes obscurecem as reais necessidades alheias. A caridade nos faz conectar com as pessoas e entrar em seu mundo interior. Uma vez realizada essa conexão, é muito mais fácil e natural encontrar uma solução para as situações problemáticas pelas que elas podem passar. Por isso São Josemaria dizia: “Mais do que em ‘dar’, a caridade está em ‘compreender’” (Caminho, 463).